Louis Berkhof
Por J.D. Bratt
Teólogo reformado que nasceu na província holandesa de Drenthe. Os pais de Louis Berkhof pertenceram ao partido separatista pietista-ortodoxo (1834) da Igreja Reformada. (A teologia de Berkhof baseia-se mais em Herman Bavinck, do que compartilha deste grupo regional e religioso). A família emigrou para os Estados Unidos da América em 1882, estabelecendo-se em Grand Rapids, Michigan, onde Louis dedicou o restou de sua vida. Em 1900, ele graduou na Escola de Teologia da Igreja Cristã Reformada, em Grand Rapids, e entre os dois pastorados nesta denominação, fez em dois anos (1902-1904) um trabalho de pós-graduação em teologia no Seminário Teológico de Princeton. Em 1906, foi indicado para o Seminário Grand Rapids (posteriormente Seminário Teológico Calvino), onde serviu o restante de sua carreira como professor de teologia bíblica (1906-1914), de Novo Testamento (1914-1926) e teologia sistemática (1926-1944). De 1931 a 1944 ele serviu como presidente daquela instituição.[1]
Em seus anos iniciais no Seminário Calvino, Berkhof seguiu a linha do primeiro ministro holandês e teólogo reformado Abraham Kuyper, em sua veemente crítica do “individualismo revolucionário” e na afirmação da necessidade de se cumprir o mandato cultural. Berkhof publicou vários livros aplicando princípios calvinistas às questões sociais como o industrialismo e o impacto da redenção na sociedade e na cultura, ele também argumentou que isso precisava ser feito em separado, nas organizações distintamente cristãs.
Por volta de 1920, Berkhof ajudou a purificar a Igreja Cristã Reformada [CRC – Christian Reformed Church] da influência recebida do Dispensacionalismo fundamentalista e da alta crítica modernista. Este último combateu-o como sendo um erro mais grave. Conseqüentemente a segunda metade de sua carreira, ele devotou para articular um consenso na teologia reformada, e foi marcado por uma consistente agenda anti-modernista. Berkhof produziu a sua monumental obra no início dos anos 1930: Reformed Dogmatics[2] (1932; e posteriores edições com o nome de Systematic Theology[3]), e a sua versão popular simplificada com o nome de Manual of Reformed Doctrine[4] (1933). Estas obras refletem a influência do seu mentor de Princeton, Gerhardus Vos, e de Bavink e de sua Gereformeerde Dogmatiek[5] (1906-1911), Berkhof seguiu-a em formato, substância e muitos outros detalhes. Em todas as suas obras apresenta a sua extensa tradição teocêntrica. Toda a iniciativa, virtude e certeza residem em Deus; tudo o que é oposto, procede da humanidade. De acordo com isto, a tarefa da vida é obedecer à autoridade divina, que é apresentada ao ser humano, de modo apropriado na Escritura. Para a teologia, em particular, Berkhof insistiu que a Escritura é a única fonte e norma. A razão humana, a experiência ou a tradição da igreja não poderiam suplementá-la, nem afetar a sua leitura. Berkhof erigiu sobre este baluarte a sua teologia sistemática, inclinando-se para uma linha moderada sobre temas da controvérsia calvinista e, reprovando as propostas modernistas.
Berkhof rejeitou um rigoroso racionalismo sobre a Bíblia e a ortodoxia, mas apresentou uma estrutura racionalista da própria mente. Somente a fé poderia apropriar-se da verdade salvadora da revelação, mas a razão tem o trabalho de arranjar estas verdades numa unidade sistemática que é vital. Idéias ditam ação, e a verdadeira experiência cristã segue formulações doutrinárias. Assim, após 1920, Berkhof em grande parte desistiu de seu talento anterior de comentários sócio-culturais e, concentrou-se de vez na criação de uma fortaleza teológica voltada para o grupo que enfrentou em tempos conturbados. O alcance e rigor de sua obra, bem como o seu apelo vão além de sua audiência original (particularmente entre os evangélicos de uma persuasão geralmente reformada), apresenta a força de sua tradição e o talento com o qual ele a defendeu.
NOTAS:
[1] Isto significa que Louis Berkhof faleceu aos 83 anos. Pastoreou 2 igrejas locais, e posteriormente exerceu a docência durante 38 anos, chegando a escrever 22 livros.
[2] Publicada originalmente em 2 volumes: o primeiro tomo era um manual de história da doutrina, e o segundo um manual de doutrina, que, posteriormente foi ampliado e publicado como volume autônomo com o nome de Teologia Sistemática. O volume de história da doutrina foi publicado, em 1992, pela Editora PES com o nome de A História das Doutrinas Cristãs, seguindo o modelo de edições inglesas anteriores.
[3] Publicada inicialmente pela LPC em 1990, e atualmente pela Editora Cultura Cristã com o título de Teologia Sistemática.
[4] Originalmente o CEIBEL publicou este livro com o nome de Manual de Doutrina Cristã, apelidado de “Berkhofinho”, que atualmente é publicado pela Editora Cultura Cristã.
[5] Dogmática Reformada.
Extraído de D.G. Hart & Mark A. Noll, eds., Dictionary of the Presbyterian & Reformed – Tradition in America (Phillipsburg, P&R Publishing, 2005), págs. 32-33
Tradução e notas por Ewerton B. Tokashiki
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