O que é Escolasticismo Reformado?
por Willem J. Van Asselt e Pieter L. Rouwendal
Por que Escolasticismo Reformado?
Este livro é uma introdução ao método teológico conhecido, geralmente, como Escolasticismo Reformado. Esta reflexão e exposição sobre as doutrinas da Igreja cristã é considerada forçada na maioria das vezes, fazendo vir à mente imagens de teólogos rígidos do século XVII que, após Calvino, colocaram a mensagem cristã em formas aristotélicas, de modo que nada da mensagem pura e original que os reformadores tivessem lhes passado ainda existisse. Os estudantes da Divindade foram enviados às igrejas com um sistema morto e inflexível usado para punir a congregação a partir do púlpito a cada domingo. O resultado foi uma fé fatiada e seca, desprovida de uma vida e de uma teologia, direcionadas para um caminho de morte ou, ainda pior, presas nas garras do racionalismo. Os escritores deste livro acreditam que essa imagem se baseia em uma gama de desentendimentos históricos e sistemáticos. Em primeiro lugar, o escolasticismo não era algo praticado somente por teólogos reformados “rígidos”; autores luteranos e católicos também se usaram amplamente desse método depois da Reforma. Desse modo, o escolasticismo era uma atividade ecumênica. Em segundo lugar, o escolasticismo não era utilizado somente no século XVII. Toda a Igreja ocidental havia criado uma teologia escolástica desde o século XI. Uma aproximação escolástica também era aplicada em outras disciplinas acadêmicas. O termo “escolasticismo”, portanto, não deveria estar tão associado assim com o conteúdo, mas sim com o método, uma forma acadêmica de argumentação e disputa.
Tudo isso, de forma alguma, significa a única visão sobre o escolasticismo. A nossa perspectiva positiva é combatida por aqueles que argumentam que afirmações de fé não devem tolerar qualquer tipo de método escolástico de pensamento, ou de que o escolasticismo envolve uma distorção racionalista do testemunho bíblico. Outros ponderam sobre como o escolasticismo se relaciona aos reformadores. Será que eles não tinham rompido com o escolasticismo? E quanto aos seus seguidores que, uma vez mais, bebiam dos escritores medievais? Será que isso não era simplesmente um retorno às “trevas” da Idade Média? Outros questionam o valor do escolasticismo para o presente. Será que não estaríamos lidando apenas com uma relíquia do passado, ou será que poderia ajudar a se navegar pelo emaranhado de diversos impasses teológicos e ecumênicos? Essas são questões que serão tratadas neste livro. Esta introdução, assim, se resume às questões de continuidade e descontinuidade. Será que houve um rompimento radical entre a mensagem dos reformadores e a teologia da Idade Média? E será que a teologia da ortodoxia protestante teria sido, então, uma traição da mensagem original da Reforma?
Ao se cuidar desses assuntos, este livro abre caminho para os dois lados do debate. Sem saltar para as conclusões do nosso estudo, queremos tocar no motivo de consideramos o estudo do escolasticismo reformado ser muito importante: primeiramente, a universalidade do escolasticismo reformado; em segundo lugar, o seu sentido histórico-teológico e, finalmente, a sua relevância teológica- sistemática. Pela universalidade do escolasticismo reformado, nós queremos dizer que aqueles que o praticaram buscaram, de forma explícita, permanecer dentro da tradição de toda a Igreja. Eles não tinham pretensão alguma de promover uma originalidade ou de desenvolverem uma “verdadeira doutrina”. Como estudantes dos reformadores, eles queriam desenvolver uma teologia na qual houvesse uma vasta reflexão sobre o âmago do Evangelho, com todas as suas implicações. Eles se colocaram em linha com a teologia de todos os tempos, e se engajaram em uma reflexão teológica “juntos com todos os santos”. Eles não olharam somente para o passado, mas também para o futuro. Os escolásticos reformados pretenderam contribuir para a existência contínua da Igreja no futuro. É necessário prestar atenção ao escolasticismo reformado a partir de uma perspectiva histórica-teológica, conforme o interesse tem apenas recentemente sido mostrado na história da teologia reformada de depois da época da Reforma. Diferentes abordagens podem ser tomadas, tanto históricas, como sistemáticas. A tarefa do historiador é a de mergulhar em autores e em seus respectivos escritos em termos do relacionamento que eles tiveram com eventos anteriores, contemporâneos ou posteriores. A análise e a avaliação do conteúdo e da intenção, como também da coerência de vários pontos de doutrina, são mais sistemáticos em sua natureza.
Os autores desta introdução creem que uma combinação dessas duas abordagens é algo desejável, e, diversas vezes, até mesmo necessário. Esse período na história do protestantismo reformado conecta a teologia reformada do presente com a da Reforma e com a teologia de todos os tempos. Finalmente, estamos convencidos de que a teologia sistemática atual é aprimorada por um conhecimento profundo da teologia desse período. Nós mencionamos três importantes fatores: primeiro, a tentativa de unir a teologia sistematicamente com a prática de fé, por ser o mais importante de tudo como, por exemplo, na reforma posterior holandesa (Nadere Reformatie). Segundo, nós apontamos a qualidade argumentativa da teologia reformada. Como veremos, os teólogos orientados de modo sistemático colocavam ênfase grande na argumentação sistemática e ordenada, e tinham como alvo uma definição clara dos termos que utilizavam. Com grande cuidado, eles explicavam em suas teses os termos que eles usavam e percebiam os diversos significados que um único termo poderia ter.
Os escolásticos reformados não se limitavam à apenas um aspecto da teologia, mas viam cada parte em relação ao todo. Respostas para uma única questão não poderiam conflitar com as de outra. O que era argumentado em conexão com a doutrina de Deus não poderia conflitar com o que já havia sido exposto para a doutrina da Providência. Terceiro, a teologia escolástica era praticada em conexão íntima com outras disciplinas, tais como filologia, exegese, filosofia e assim por diante. As posições tomadas neste contexto eram exaustivamente defendidas. Não bastava simplesmente que se reproduzisse a visão de uma outra pessoa. Era dado espaço para contra-argumentações e objeções. Isso era um reconhecimento explícito ou implícito de que diferentes métodos poderiam ser seguidos para se explicar diferentes pontos teológicos de doutrina. A teologia escolástica não era nem uma roupagem rígida de doutrina, tampouco uma caça às bruxas de heresias, mas sim apontando para a análise da posição de alguém, assim como para as de outros e clarificando as consequências de um determinado ponto de vista. Esses três fatores – prática de fé, qualidade argumentativa e relacionamento com outras disciplinas – podem, da mesma maneira, serem proveitosas para a prática da teologia sistemática nos dias atuais.
1.2 Propósito e Estrutura
Brevemente afirmado acima, o nosso objetivo para este livro é elaborar um mapa com o qual o leitor estará habilitado para se orientar no plano do escolasticismo reformado. Para nós, uma mera descrição do tema parece ser insuficiente, e, assim, decidimos que uma direção para uma pesquisa independente também seria necessária. Ambos os elementos podem ser encontrados nesse livro. Embora a maior parte desta introdução seja descritiva em sua natureza, ao final, incluímos um guia de leitura que ilustra como um texto escolástico pode ser abordado. Contudo, ainda há uma condição para um trabalho de sucesso no campo do escolasticismo reformado e que essa introdução não pode prover: um conhecimento vivo do latim. Por séculos, a língua latina foi a língua por excelência da academia, do mesmo modo que o inglês ocupa essa posição atualmente. Os pensadores escolásticos reformados usavam essa língua também. Eles pensavam, falavam e escreviam em latim. Qualquer pessoa que quisesse adentrar neste campo teria de ter um conhecimento vivo dessa língua. No presente livro, todavia, os termos latinos mais importantes foram traduzidos e explanados para o benefício do leitor.
Este livro é introdutório em sua natureza. Por essa razão, uma tentativa cônscia foi feita para apresentar o material de tal maneira que um leigo interessado pudesse acompanhar. Isso significa que, em certos casos, a nossa exposição não irá satisfazer todos os rigores de uma publicação acadêmica. Por esse motivo, o leitor irá encontrar bem poucas notas de rodapé, por exemplo. Outra característica é a divisão do texto em seções que utilizam uma fonte maior e outras que utilizam uma menor. A fonte maior contém as principais linhas de argumentação, enquanto que as seções de fonte menor apoiam e elucidam essas linhas de modo mais completo. Finalmente, uma ferramenta útil é a seção bibliográfica encerrando cada capítulo, contendo referências para literatura de importância que podem ser usadas para maiores estudos.
O conteúdo deste livro pode ser dividido em duas partes principais. A primeira é uma introdução para o desenvolvimento e para os conteúdos do método escolástico, conforme utilizados na teologia reformada depois da Reforma. A segunda parte fornece descrições dessas visões, figuras e correntes da teologia escolástica reformada depois da Reforma. Antes do desenvolvimento do método escolástico ser descrito, o capítulo 2 inicia com um resumo da história na academia no tocante ao escolasticismo reformado. O capítulo 3 considera uma figura da antiguidade clássica que foi de grande importância para o desenvolvimento da teologia escolástica, o filósofo Aristóteles. Os escolásticos usavam muito termos e conceitos criados por Aristóteles. A fim de se compreender o escolasticismo reformado, é vital estar habituado com os termos técnicos que vieram da filosofia de Aristóteles. O conteúdo da teologia, contudo, não foi determinado por esse filósofo, mas foi influenciado, acima de tudo, pelo pensamento de Agostinho. Isso será tratado no capítulo 4.
O capítulo 5 cuida do desenvolvimento do método escolástico na Idade Média. Depois dessa introdução acerca da “proto-história” do escolasticismo reformado, o capítulo 6 considera como os métodos humanistas e escolásticos se relacionam um com o outro no período da Reforma. O capítulo 7 trata dos contornos de como os escolásticos reformados trabalhavam com o material dogmático. A parte 2 deste livro prossegue para três importantes períodos que podem ser distinguidos dentro da história do escolasticismo reformado. Esses três períodos são descritos nos capítulos 8, 9 e 10, respectivamente. Cada descrição segue um padrão determinado. Primeiramente, é dada atenção ao contexto histórico do próprio período. Em seguida, as polêmicas do período são introduzidas, acompanhadas de uma breve descrição dos mais importantes centros da teologia escolástica reformada daquele tempo. Por fim, um teólogo em particular é destacado como representante daquele período específico. O capítulo final desse livro lida com diversas questões históricas para o estudo da teologia escolástica hoje, assim como da questão sistemática sobre a sua relevância atual. Por meio de uma disputa de Voetius, dois apêndices ilustram, passo-a-passo, como um texto filosófico teológico do século XVII poderia ser abordado para estudos.
1.3 Definição
Antes de adentrarmos nos tópicos citados acima, devemos, com a boa escolástica, definir primeiro alguns dos termos frequentemente usados neste livro: “ortodoxia” e “escolasticismo”, assim como “escolasticismo reformado”, que é uma descrição mais estreita do tema desse livro.
1.3.1 Ortodoxia
O termo “ortodoxia” é utilizado, é utilizado, em primeira instância, para se referir a um certo período da história do protestantismo após a Reforma, e é atinente ao desenrolar dos movimentos reformado e luterano. Esse período se estende entre os séculos XVII e XVIII. À luz do significado original dessa palavra, podemos dizer que ela possui diferentes nuances. Como as partes “doutrina correta” e “visão” apontam (no grego, orthos = correto e doxa = visão), a palavra se destina àquele conteúdo específico que deve ser defendido, ao invés de visões errôneas. Como resultado, a palavra ortodoxia também possui um sentido normativo no qual uma forte conexão se estabelece com o ensino da Igreja ao longo das eras. O termo ortodoxia também pode estabelecer uma forte conexão entre a teologia sistemática e os documentos confessionais da Igreja. O termo ortodoxia se difere de escolasticismo, pois o primeiro pertence ao campo do conteúdo correto, enquanto que o último se destina ao método acadêmico. Os significados desses termos não são coincidentes.
Nesse livro, usaremos o termo ortodoxia como a descrição de um período na história da teologia que vai do século XVI até o século XVIII. Quando falamos da ortodoxia reformada, nos referimos àquela corrente dentro da ortodoxia ligada às confissões reformadas. Ao usar esse termo, não estamos afirmando se um teólogo particular realmente se conforma ou não às confissões reformadas. Apenas desejamos indicar que o teólogo em si estava convencido de que as suas visões estavam de acordo com as confissões reformadas.
1.3.2 Escolasticismo
O termo “escolasticismo” é derivado da palavra grega scholè, a qual originalmente significava “tempo livre”, pois a instrução na filosofia era originalmente seguida no tempo livre de uma pessoa. A partir disso, scholè passou a ser usada para tudo aquilo atinente à educação. A palavra latina schola recebeu o mesmo significado. Na cultura romana, scholasticus se referia a uma pessoa dedicada à ciência (no sentido lato do termo), a quem, hoje em dia, chamamos de acadêmico. No início da Idade Média, o termo scholasticus se referia a “uma pessoa conhecedora” ou “alguém que recebeu instrução em uma escola”. De maneira geral, o líder de uma escola era tratado com a mesma palavra. No período do Renascimento e da Reforma, o termo scholasticus era utilizado de diferentes formas. Por exemplo, os alunos na academia (schola publica), instituída por Calvino em Genebra, eram chamados de scholastici. Ainda assim, Calvino também utilizou o termo scholastici de uma maneira completamente diferente, negativamente, dando um valor ao termo quanto ao conteúdo. Essa ambivalência no termo “escolástico” também pode ser encontrada nos escritos dos representantes da ortodoxia. Embora em suas obras dogmáticas os escritores desse período tenham, por diversas vezes, nas mesmas obras e até mesmo no mesmo capítulo se oposto contra a teologia escolástica, é possível encontrar uma defesa do escolasticismo. No primeiro caso, o termo escolástico cuida do conteúdo do período (tardio) da teologia medieval; no último caso, a referência se dá para a teologia conforme praticada nas academias e universidades reformadas.
Quando a ortodoxia perdeu o seu antigo lugar de proeminência ao fim do século XVIII, a palavra “escolástico” era usada quase que exclusivamente em um sentido negativo, como uma referência ao conteúdo. Esse sentido negativo persistiu até o presente. Contudo, tem sido questionado se o termo “escolástico” pode ser corretamente definido quanto ao conteúdo. Lambertus M. De Rijk, em sua obra Middeleeuwse wijsbegeerte: Traditie en verniewing, demonstrou de forma convincente que é impossível definir o escolasticismo exclusivamente em termos de conteúdo. Ele propôs que o escolasticismo seja utilizado, em verdade, como um termo coletivo para a pesquisa e a instrução acadêmicas feitas segundo um método particular. Com essa proposta, De Rijk, consequentemente, visitou novamente o sentido original e medieval da palavra. No curso da história, foram feitas tentativas para definir o escolasticismo, tanto histórica como sistematicamente. O escolasticismo era frequentemente identificado com a teologia medieval, sem que se tomasse em conta o fato de que o método escolástico era usado também em épocas posteriores e, ainda, que nem toda a teologia medieval era escolástica.
Outras definições identificaram o escolasticismo com algum tipo de conteúdo, tal como a filosofia de Aristóteles e, simultaneamente, como julgamento de valor. De Rijk se opôs a todas essas definições e enfatizou o caráter didático e metodológico do escolasticismo. Primariamente, ele considerou o escolasticismo, como “um método que é caracterizado tanto no nível da pesquisa, como no de ensino, através de um uso permanente e recorrente de um sistema de conceitos, distinções, definições, análises proposicionais, técnicas argumentativas e métodos de disputa.” (Middeleeuwse wijsbegeerte: Traditie en verniewing, 11). A attitude crítica de De Rijk contra definições existentes do escolasticismo também era compartilhada por Ulrich G. Leinsle. Todavia, ele também era um crítico de De Rijk. Leinsle considerava inoportuno em termos históricos utilizar a expressão “escolasticismo” como significando um termo coletivo para o método acadêmico medieval. Segundo Leinsle, tal definição somente é útil quando o método pode ser cuidadosamente definido; mas os teólogos medievais raramente tratavam do seu próprio método. Somente a partir do século XVI em diante é possível encontrar tratamentos sistemáticos do método (de methodo). Leinsle prosseguiu e afirmou que o “método” na Idade Média era um conceito bastante complexo, dependendo-se inteiramente na mudança constante do conceito de academia durante o período medieval. A tese mais importante que defenderemos nessa obra é a de que o termo “escolástico” se refere, acima de tudo, ao método, sem implicações diretas quanto ao conteúdo. Pertence aos métodos de disputa e raciocínio que caracterizam o escolasticismo, em contraste com outras formas de se criar teologia. O que se segue tornará claro o nosso entendimento sobre o escolasticismo, que está em linha com a definição de De Rijk.
1.3.3 Escolasticismo Reformado
Depois de definidos a ortodoxia e o escolasticismo, nós ainda precisamos especificar de perto sobre qual é o tema deste estudo, nomeadamente, escolasticismo reformado. A palavra “reformado” ao invés de “calvinista” foi escolhida de modo deliberado. A corrente reformada dentro do protestantismo não encontra a sua origem unicamente na obra de Calvino, mas também nas de outras de seus contemporâneos, tais como Bullinger, Bucer, Vermigli e Zanchius. Se alguém pretende destacar o caráter amplo de todo o movimento, então não seria correto sugerir que somente uma pessoa esteve por trás dessa tradição. É por essa razão que não falamos “escolasticismo calvinista”, mas sim “escolasticismo reformado”. Outrossim, o adjetivo “reformado” não deve ser entendido como uma sugestão de que os reformados desenvolveram o seu próprio método escolástico, distinto das outras formas de escolasticismo. A diferença entre o escolasticismo católico romano, luterano e reformado não reside no método, mas sim no conteúdo. A partir do que foi dito, o leitor pode perceber que os termos “escolasticismo”, “ortodoxia” e “reformado” não podem ser identificados um com o outro. O escolasticismo se refere a um método, e não deve ser confundido com algum conteúdo específico. Em contraste, “ortodoxia” se refere a um período particular da história, ligado a um conteúdo específico, além de não ter qualquer coisa a dizer sobre o método. Contudo, a ortodoxia não deve ser tida como sinônimo do termo “reformado”, uma vez que se pode estar falando de ortodoxia judaica, luterana ou católica romana. “Reformado” se refere ao conteúdo atinente às confissões reformadas. Além disso, a “teologia reformada” não pode ser igualada com a “teologia escolástica”. O fato de que os teólogos reformados e acadêmicos tenham utilizado o método escolástico não importa em que esse seja o único método que eles empregaram; tampouco que somente os teólogos do período da ortodoxia que usaram o método escolástico sejam considerados como teólogos reformados. Acima de tudo, o método escolástico era utilizado para se adentrar a teologia em um nível acadêmico. Em outras obras de autores reformados, raramente, se é que existe, se encontrarão elementos do método escolástico como distinções aristotélicas ou medievais. É evidente que isso também é verdadeiro quanto às obras não acadêmicas, tais como as de piedade ou para a instrução de catequese, sendo também verdadeiro para obras de natureza exegética ou filológica.
Em resumo: o escolasticismo reformado (1) se refere à teologia acadêmica das escolas (2), conforme praticadas no período da ortodoxia (3), usando-se o método escolástico na exposição da doutrina e (4), quanto ao conteúdo, ligado às confissões reformadas.
BIBLIOGRAFIA
- Dekker, Eef. Rijker dan Midas: Vrijheid, genade en predestinatie in de theologie van Jacobus Arminius (1559–1609). Zoetermeer: Boekencentrum, 1993. Pp. 8–12.
- De Rijk, Lambertus M. Middeleeuwse wijsbegeerte: Traditie en verniewing. 2nd rev. ed. Assen: Van Gorcum, 1981.
- Leinsle, Ulrich G. Einführung in die scholastische Theologie. Paderborn: F. Schön ingh, 1995. pp. 1–9.
- Muller, Richard A. Christ and the Decree: Christology and Predestination in Reformed Theology from Calvin to Perkins. Grand Rapids: Baker, 1986. Pp. 1–13.
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- Van Asselt, Willem J. and Eef Dekker, eds. De scholastieke Voetius: Een luisteroefeningaan de hand van Voetius’ Disputationes Selectae. Zoetermeer: Boekencentrum, 1995. Pp. 10–25.
- Wallace, William A. The Elements of Philosophy: A Compendium for Philosophers and Theologians. New York: St. Paul’s, 1977.
VAN ASSELT, Willem J.. Introduction to Reformed Scholasticism. Grand Rapids: Reformation Heritage Books, 2011.
Traduzido por Daniel Victalino
Revisão por Rev. Ewerton B. Tokashiki
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