Casamento, viuvez e novo casamento – um drama cultural evangélico contemporâneo

Se todos os nossos cálculos, planos e ambições são determinados pelo que acontece nesta vida terrena, então, somos filhos deste século. − John Murray (1898-1975).[1]

Mundanismo é tudo aquilo que faz o pecado parecer normal e a justiça parecer estranha. − P. Andrew Sandlin.[2]  

A fé cristã não tira os homens do mundo  – pelo contrário coloca-os ainda mais em seu meio – mas liberta-os de sua afeição pelo mundo. A lei do mundo e o caminho do mundo não podem mais ser deles depois que passam a pertencer a Deus. A rendição a Deus é simultaneamente uma quebra com os antigos caminhos do mundo. (…) O homem cristão deve agora adotar o estilo arquitetural de Deus e livrar-se do estilo do mundo. Isso requererá ainda trabalho duro até que esta reconstrução seja completada em cada um de seus detalhes! − Emil Brunner (1889-1966).[3]

Satanás trabalha para transformar o mundo de Deus à sua imagem. − P. Andrew Sandlin.[4]

Os crentes devem ter sempre seus olhos fixos nela [ressurreição], para que não se sintam exaustos em prosseguir em seu curso certo; porque, a menos que dependamos inteiramente dela, seremos continuamente arrebatados pelas ilusões do mundo. −  João Calvino (1509-1564).[5]  

Creio que em muitos casos, já é tempo de buscarmos o divórcio. Em outros, ainda que não tenhamos percebido, talvez devido à consciência costumeiramente dolorosa da viuvez, estamos em processo de novas núpcias. Em ambas as situações, o casamento é mais ou menos iminente.

A questão contudo, é que jamais o nosso coração estará completamente solteiro, ainda que mantenha a pretensa e enganosa sensação de plena liberdade.  Sem emitir juízo de valor, o fato é que estaremos sempre casados cultural, social e intelectualmente.

Por sua vez, o divórcio em muitos casos é necessário. Mas, com quem estamos pensando ou por causa de quem estamos nos divorciando para as novas núpcias? Nunca haverá neutralidade (“solteirice”) total. O não ser é sempre uma questão de ser. Essa é a questão.

 

A Cultura como herança e construção

Segundo nos parece, a palavra “cultura” tem em si o sentido de desenvolvimento pleno. Dentro desta perspectiva, podemos entender que o homem culto é aquele que procura se desenvolver em todas as áreas de sua existência a fim de realizar o propósito de Deus para a sua vida, buscando sempre o fim último da criação, que é a glória de Deus (1Co 10.31).[6]

“Cultura, assim − escreve Van Til (1906-1961) −, é todo e qualquer esforço e trabalho humano feito no cosmos, para descobrir suas riquezas e fazê-las assistirem ao homem para o enriquecimento da existência humana, para a glória de Deus”.[7]

Para nós cristãos, há um interesse especial pela cultura, não simplesmente pelo seu valor em si. Há para nós um aspecto pragmático, conforme escreve Mohler: “Temos interesse na cultura porque é onde encontramos os pecadores. O nosso interesse não é fundamentalmente a cultura em si. Tudo o que vemos ao nosso redor é passageiro, inclusive a cultura”.[8] No entanto, deve ser dito, que é na cultura que desempenhamos nossa vocação de formação e transformação.

O nosso chamado se concretiza em nossa cotidianidade nas pequenas ou grandes tarefas que o Senhor nos conferiu a realizar. A importância delas não é conferida por nós. O que de fato importa é se somos ou não fieis a Deus no que Ele nos chamou e capacitou a realizar onde estamos agora.

Boda interpreta corretamente ao tratar da escolha de Davi como rei de Israel: “A figura real divinamente aprovada não terá, como acontece em outras nações, a estatura imponente de um rei guerreiro, mas um coração sintonizado com as prioridades de Deus”.[9]

 Em 1911, Warfield (1851-1921), o professor mais extensivamente influente do Seminário de Princeton nos séculos XIX e XX,[10] convidado a falar aos alunos de Princeton,  de forma simples é direta lhes diz:

O melhor serviço que podemos oferecer a Deus é justamente cumprirmos nossos deveres – nosso modesto, caseiro dever, qualquer que seja ele. As pessoas, na Idade Média, não pensaram assim; eles abriram uma fenda entre a vida religiosa e a secular, e aconselhavam aquele que desejava ser religioso a dar as costas ao que eles chamavam “mundo”, isto é (…) ao trabalho comum do mundo, o gênero de ocupação que constitui a tarefa diária de homens e mulheres, que representa os deveres de cada um e de seus companheiros. O protestantismo pôs um fim nisso tudo.[11]

Todo homem que aspira ser espiritual tem que começar por fazer o seu dever, seu dever óbvio, sua tarefa diária, o trabalho específico que se encontra à sua frente, a ser feito neste tempo e lugar específico.[12]

O chamado de Deus não é por eliminação, antes, é soberana graça capacitante[13] que não nos torna perfeitos, sacralizando o nosso pensar e agir, mas, conferindo-nos o senso de privilégio e responsabilidade, faz-nos  buscar cumprir com santo temor o nosso chamado com total integridade e dependência do Senhor.

O Cristianismo não é mero sentimento ou emoção, antes, nos fala de um encontro qualitativo com o Deus infinito-pessoal, gerando a transformação mais radical pela qual poderemos passar nessa vida, nos oferecendo uma nova estrutura de pensamento que deve ser considerada por sua organicidade e coerência.

A fé cristã é Cristocêntrica e Cristoreferente-teleológica. Jesus Cristo é o Senhor verdadeiro de toda a realidade, e por isso mesmo, de nossa existência, quer aqui quer na eternidade.[14] Deste modo, Cristo deve ser o padrão absoluto de nossa vida e de nossos projetos pessoais e tudo o que isso significa.

Todavia, deve ser também dito que Deus nos colocou nessa cultura a fim de sermos sal da terra e luz do mundo. A influência preservadora do sal é percebida não no saleiro e, o poder iluminador da luz se destaca de forma mais intensa nas trevas e num lugar adequado, não debaixo da mesa.[15] É necessário que tomemos cuidado para não transformarmos a igreja em uma “tribo religiosa” separatista que congrega unicamente a nossa comunidade presunçosamente elitista onde a luz serve apenas para projetar a nossa imagem nos espelhos e o sal para condimentar a nossa crítica ao mundo.

dois perigos iminentes: identificar-nos com o mundo, pouco ou nada diferindo dele. Neste caso, como povo missionário de Deus, para nada serviríamos. Ou, nos alhearmos do mundo, cultivando a nossa “santidade” exclusivamente intramuros. Em ambos os casos perderíamos a dimensão de povo de Deus no mundo. Tchividjian resume: “Devemos ser moral e espiritualmente distintos sem estarmos culturalmente segregados”.[16]

A oração de Jesus Cristo permanece como realidade para todos os seus discípulos: É por eles que eu rogo” (Jo 17.9). “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17.15/Jo 17.20).

Dentro desta perspectiva, o cristão deve participar ativamente, dentro de sua esfera de ação, na formação, aperfeiçoamento e transformação da cultura, sabendo, de antemão, que neste estado de existência não existe cultura perfeita. E mais, que esta tarefa gerará inevitavelmente conflitos, contudo eles fazem parte, e podem fazê-lo de forma criativa dentro de nosso processo de amadurecimento e ação no meio onde vivemos. Na fé cristã, sempre existirá o desafio da inculturação ativa[17] por meio da expressão de sua fé na relatividade da cultura e em fidelidade ao Verbo Encarnado.

Neste processo, perigoso e necessário, não temos como escapar. Se de fato levamos a sério a nossa fé, haverá sempre o risco de sermos contaminados pela “idolatria da cultura ao redor”. Perigoso porque podemos também assumir uma postura arrogante, belicosa ou ditatorial.

O nosso desafio é aplicar o evangelho fielmente à nossa cultura, não cedendo, muitas vezes sem perceber, às “concessões infiéis” do paganismo reinante e que de alguma forma nos fascina.[18]

 

Recontextualização do Evangelho

A história do Ocidente tem sido regida pela presença cristã, ora em suas acomodações pecaminosas, ora, positivamente em seu testemunho profético contextualizado.[19]

Este testemunho será sempre uma recontextualização da mensagem. Isto porque a nossa apreensão do Evangelho já foi contextualizada, não nos chegou puro. É preciso que não tenhamos a pretensão de uma autossuficiência no que se refere ao monopólio de um evangelho puro que vamos agora, de forma concessiva contextualizar aos nossos ouvintes.

Na realidade, nós já o recebemos dentro de um contexto ativo onde nos apropriamos, de certa forma, de determinadas categorias que se tornam especiais para nós pelo fato de sua importância e, também, de nossa especificidade. Portanto, toda contextualização é uma recontextualização.

Newbigin (1909-1998) parece-me correto neste ponto, ao afirmar:

Toda comunicação do evangelho já está culturalmente condicionada. (…) Toda interpretação do evangelho está encorporada a alguma forma cultural. O missionário não vai com o evangelho puro e depois o adapta à cultura a qual serve: ele vai com um evangelho que já está incorporado à cultura pela qual foi formado. E isso é assim desde o início.[20]

A cultura é a expressão, a forma de ser de uma dada sociedade. Assim, deve ser dito, que o problema primário não é a cultura, mas, o pecado. A cultura apenas leva consigo as “marcas” do pecado e da condição desintegrada do homem distante de Deus. A cultura não pode estar acima do homem que a constrói e solidifica. Como cristãos, o nosso desafio é levar Deus à cultura e trazer a cultura a Deus.

Por isso, toda recontextualização só fará sentido se confrontarmos os assuntos hodiernos de forma bíblica.[21]

Como o evangelho não é produzido, nem é domínio de nenhuma cultura,[22] cremos que a Palavra de Deus apresenta mandamentos que são supraculturais.[23] Eles devem ser observados em qualquer época ou cultura, constituindo-se em imperativos categóricos para todo o cristão em toda e quaisquer circunstâncias.[24]

 

O amor como princípio orientador

Como princípio orientador que deve permear todas as nossas ações, temos o amor. “O amor é o único candidato para exercer a função de absoluto moral que não é contraproducente, ou seja, que não se anula a si mesmo em sua ação”, enfatiza Geisler (1932-2019).[25] O homem é livre para servir a Deus e ao seu próximo, realizando-se na execução deste propósito. Neste sentido, podem-se compreender as palavras de Agostinho (354-430): “Conserva, pois, a caridade e fica tranquilo (…). Ama, e assim não poderás fazer senão o bem”.[26] A ética do amor reclama o nosso compromisso intelectual e vivencial.

Sabemos quão difícil é amar o nosso próximo e, ao mesmo tempo, ainda que o nosso próximo não nos acompanhe neste raciocínio, é tão fácil amar a nós mesmos.

O respeitado teólogo holandês Bavinck (1854-1921), coloca a questão nestes termos: “O amor ao próximo frequentemente encontra pouco suporte no próximo. As pessoas geralmente não são tão amáveis a ponto de nós podermos, naturalmente, sem esforço e luta, apreciá-las e amá-las como amamos a nós mesmos”.[27]

O amor exigido por Cristo encontra o seu modelo no amor do Pai por ele[28] e por meio dele, por todo o seu povo. A santidade absoluta de Deus se revela na cruz onde o seu amor e a sua justiça se evidenciam de forma eloquente e perfeita.[29] A cruz enfatiza o Deus santo e majestoso, zeloso por sua glória. A cruz não fez Deus nos amar, antes, o seu amor por nós a produziu e se revelou ali.[30]

 

Amor e absolutos

Desse modo, não nos iludamos. O amor pressupõe absolutos que envolvem misericórdia, bondade e justiça. Amar é comprometer-se com absolutos. Em nome de um sentimento genérico chamado de amor, não posso, simplesmente, me tornar cativo de toda sorte de paixões, interesses e flertes culturais.

A ética cristã é um desafio constante à sua aplicação às novas situações que o homem se encontra. É uma tentativa humana de entender e aplicar os princípios divinos à cotidianidade humana. Não existe ética sem absolutos. Não existe ética sem antíteses. Não amamos a antítese pela antítese, apenas a apresentamos para buscar um conceito mais claro do fundamento de nossa compreensão. A ética cristã exigirá sempre de nós discernimento, amor, humildade e submissão a Deus.[31]

Schaeffer (1912-1984), é contundente:

Nunca se pode ter moral verdadeira sem absolutos. Nós podemos chamá-la de moral, mas sempre termina com “eu gosto”, ou contrato social, nenhum dos quais é a moral. (…) E não tendo nenhum absoluto, o homem moderno não tem categorias. Não se podem ter respostas verdadeiras sem categorias, e estes homens não podem ter outras categorias, além das pragmáticas e tecnológicas.[32]

“Ética cristã é a ciência da conduta humana determinada pela conduta divina”, sintetiza Brunner (1889-1966).[33] Ética cristã, portanto, é um desafio à conformação de nossa prática àquilo que cremos. “A ética cristã é baseada no amor, e amor implica relacionamentos. Embora seja mais fácil amar se nunca tenhamos que lidar de fato com uma pessoa, o amor bíblico é aquele tipo complicado que significa se envolver com pessoas reais”, comenta Veith.[34]

“A dimensão ética começa quando entra em cena o outro”, interpreta Eco (1932-2016).[35] A ética cristã parte de princípios eternos que tem a ver com a nossa relação com Deus, conosco e com o nosso próximo. Jesus Cristo é o nosso modelo. Ele é o cânon da cultura e de toda ética. A única cultura que permanecerá é aquela fundamentada nele tendo a sua ética como norma de pensar e agir.

A observação de Veith é pertinente:

A centralidade da Bíblia para os cristãos significa que eles nunca devem menosprezar a cultura. Por meio de preceitos, de exemplos, da sua história e por sua própria natureza, a Bíblia nos abre o mundo inteiro da verdade. Porém, a busca desta verdade num mundo pecador e descrente não deixa de ter seus problemas. As possibilidades e os perigos desse empreendimento talvez possam ser mais bem ilustrados se estudarmos em detalhes um exemplo histórico específico da Bíblia: a educação de Daniel.[36]

 

As núpcias com os interesses e a viuvez de princípios

Contudo, uma tentação para todos nós é sacrificar princípios que consideramos absolutos, relativizando-os a fim de sermos aceitos pelos nossos pares, ou, nos considerar atualizados, estando desse modo, professando o que é considerado “politicamente correto”. Essa é uma tentação forte. A segregação de ideias imposta pode ser muito dolorosa. Nem sempre estamos preparados para, devido a nossa lealdade ao Senhor, sermos submetidos à solidão de ideias.

Quando os interesses estão acima de princípios, podemos justificar todas as coisas ao nosso alvitre. Quando os fins justificam os meios, significa que os fins foram sacralizados e, por isso mesmo, os meios já estão santificados ou, digamos, perfeitamente racionalizados e legitimados.

Os viúvos intelectuais de hoje, foram, em geral, casados com a moda tortuosa e efêmera de ontem. É extremamente fácil e perigoso nos deixarmos seduzir pelos nossos próprios pensamentos a respeito do pensamento vigente e aparentemente definitivo.

O nosso amanhã poderá refletir tragicamente o nosso consórcio intelectual e moral de hoje.[37] O nosso desafio é ser cristãos em todos os desafios que se apresentam em nossa cultura. Logo, não estamos propondo uma alienação da cultura, nem, simplesmente, uma identificação cultural irresponsável, imaginando que a força da igreja esteja em sua semelhança e, não, na sua diferença genética e, naturalmente, sobrenatural. Fomos gerados de novo para uma nova vida caracterizada por uma nova esperança, fundamentada na historicidade da ressurreição de Cristo, que perpassa e confere sentido à nossa existência hoje (1Pe 1.3,13,21; 3.15/1Tm 4.10).[38]

Barth (1886-1968) escreveu com propriedade:

Não se pode despedir-se da vida e da sociedade. Elas nos cercam por todos os lados; elas nos impõem questões; elas nos confrontam com decisões. Nós devemos sustentar nossa base. O fato de que hoje nossos olhos estão mais amplamente abertos às realidades da própria vida se dá porque desejamos algo mais. Nós gostaríamos de estar fora desta sociedade, e em outra. Mas isto é apenas um desejo; nós ainda estamos dolorosamente cônscios de que, a despeito de tudo, as mudanças sociais e as revoluções, tudo é como era antigamente. Se fora desta situação nós

perguntamos: “Vigia, o que há na noite?”, a única resposta que carrega alguma promessa é, “O cristão”.[39]

Insisto: o equilíbrio aqui é necessário. Estamos no mundo, mas, não somos deste mundo. Somos peregrinos, estrangeiros e hóspedes.[40] Valendo-me de uma expressão de Tchividjian, diria que somos “estrangeiros residentes”.[41] É natural que haja uma tensão em nós. Somos imperfeitos, limitados, temos nossos anseios que, por vezes, tendem a ser maximizados em meio a aspectos da nossa cultura tão convidativos e, em certo sentido, confortáveis.

 

Mundanismo intelectual

É necessário discernimento para que não caiamos no mundanismo intelectual e vivencial, o que inviabilizaria totalmente a nossa possibilidade de influência em nosso meio. Não podemos permitir que a nossa mente e o nosso comportamento sejam regidos pela forma mundana e pagã de pensar e agir apenas os “santificando” por meio de uma linguagem religiosa, porém, vazia. Ingressaríamos assim, num ateísmo prático ou funcional, que se caracterizaria pela direção de nossa vida como se Deus não existisse.[42]

O nosso problema, por vezes, é que enquanto os padrões de Deus se parecem abstratos e distantes, estamos perfeitamente aculturados aos padrões de nossa cultura que nos assediam continuamente e, portanto, se tornam tão familiares como o personagem de uma novela que se torna símbolo de algum tipo de comportamento. “Para muitos de nós, os padrões deste mundo decaído se tornaram por demais familiares, ao mesmo tempo em que os caminhos de Deus parecem distantes e estranhos”, sugere Tchividjian.[43]

Veith usa um exemplo pertinente:

O desejo de ser intelectualmente respeitável pode produzir híbridos de secularismo e Cristianismo, como visto na teologia liberal, ou levar à total incredulidade. O desejo de ser socialmente respeitável pode corroer a severidade da moralidade bíblica para uma tolerância livre e fácil que pode chegar a justificar, tanto em outros como em si mesmo, a imoralidade mais chocante. O desejo de ser popular pode se tornar um pretexto para atenuar ou abandonar verdades bíblicas em favor de crenças que estejam mais em voga.[44]

Deus opera ordinariamente em nossa vida por meio da Palavra. E é esta operação do Espírito em nossos corações que nos transforma concedendo-nos uma visão diferente da realidade e, também, um modo de agir condizente com a nossa nova natureza. Neste sentido, é que Jesus Cristo disse que o mundo odiou os seus discípulos e, acrescentou: “Eles não são do mundo” (Jo 17.14). “A primeira coisa que verdadeiramente caracteriza o cristão é que ele não é deste mundo, e não lhe pertence”, escreve Lloyd-Jones (1899-1981).[45]

 

Ódio não desejado mas, suportado

O ódio da parte do mundo, como resultado de nossa lealdade a Deus, é evidência do discipulado: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia” (Jo 15.18-19).

O ódio ao Filho se estende ao Pai: “Quem me odeia também a meu Pai” (Jo 15.23). Jesus diz que seus discípulos, como escolhidos de Deus, foram eficazmente chamados do mundo. O que caracteriza a diferença é o chamamento de Cristo. Cristo nos chama e nos transforma pela sua Palavra. A Palavra de Deus é transformadora. Ela opera de tal forma que nem mais conseguimos entender como podíamos viver do modo antigo e, ao mesmo tempo, como antes não enxergávamos a realidade, importância e beleza da vida cristã.

O que fazia com que o mundo odiasse os discípulos de Cristo era o fato de eles terem agora, após um confronto com a Palavra de Deus, uma vida diferente. Eles assumiram valores que expressavam a ética do Reino. O Reino não é a igreja, contudo “o Reino se revela na Igreja”, assevera Ridderbos (1909-2007).[46]

A Igreja é vocacionada a ser o que é: uma amostragem claramente evidente do poder amoroso de Deus; um monumento vivo, histórico e visível da graça de Deus concreta, histórica e visível do que Deus tem proposto à humanidade.

O Reino tem valores, praxes e agendas diferentes do mundo, daí o inevitável conflito. No entanto, o conflito primeiro do mundo é com Cristo, o Deus encarnado que foi rejeitado (Jo 1.11), mas, pela graça de Deus, recebido por nós (Jo 1.12). Ele mesmo disse a respeito de seus discípulos: “Eles não são do mundo, como também eu não sou” (Jo 17.14).

Devemos, portanto, aprender de Cristo. Paulo, olhando para Cristo, para as suas necessidades e as necessidades dos irmãos da jovem e confusa igreja de Corinto, os instrui: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1Co 11.1). Aos colossenses, mostra-lhes um nobre ideal condizente com a sua nova natureza: “Buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1-2).

Na República, Platão (427-347 a.C.) referindo-se àqueles que adquiriram o conhecimento verdadeiro, demonstra como os demais saberes tornaram-se secundários: “Os que ascenderam àquele ponto não querem tratar dos assuntos dos homens, antes se esforçam sempre por manter a sua alma nas alturas”.[47]

Percebem então o conflito? O ódio do mundo é devido ao contraste existente entre os filhos de Deus e os filhos do mundo. O mundo aborrece os discípulos de Cristo pelo fato destes terem uma forma diferente de avaliação da vida. Eles olham a realidade partindo de uma perspectiva diferente.

Bonhoeffer (1906-1945) resume: “A Igreja de Cristo, a Igreja dos discípulos, foi arrebatada ao domínio do mundo. Vive no mundo, é verdade. Mas foi feita um corpo, é um domínio independente, um espaço para si. É a Santa Igreja (Ef 5.27), a Comunhão dos Santos (1Co 14.33)”.[48]

A Igreja é chamada a ser instrumento de transformação, não de acomodação. Esta transformação será operada dentro de nós e, partir daí, de forma natural em nossa visão do mundo e, consequentemente, em nossa atuação. O modo acomodatício é o mais natural, no entanto, o desafio de Deus para nós é para transformar o mundo tendo como padrão avaliativo e de comportamento a mente de Cristo. Paulo após falar da majestade de Deus, de sua sabedoria e glória, desafia a igreja a não entrar nos moldes deste mundo, antes, transformá-lo: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

Packer (1926-2020) e Nystrom pontuam bem, ao dizer: “Para seguir fielmente a Cristo, os cristãos devem nadar contra a corrente cultural de todas as maneiras. Quando fazemos isso, enfrentamos ameaças ao nosso bem-estar que, se não fôssemos servos de Cristo, teríamos evitado”.[49]

A missão da Igreja no mundo inspira-se na missão conferida pelo Pai ao Filho. A oração de Cristo em favor da igreja é para que ela, no cumprimento de sua tarefa, seja um instrumento divino para que o mundo creia:

 18 Assim como tu me enviaste (a)poste/llw)[50] ao mundo, também eu os enviei (a)poste/llw) ao mundo. 19 E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. 20 Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; 21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia (pisteu/w) que tu me enviaste (a)poste/llw). (Jo 17.18-21).

Após a ressurreição, Jesus Cristo estabelece a conexão entre a sua vinda e a missão de seus discípulos que lhes seria outorgada: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou (a)poste/llw), eu também vos envio” (Jo 20.21).

 

A santidade da Igreja e sua função mundanizante

A comunidade cristã só tem direito de se chamar assim se de fato assumir a sua função “mundanizante”, agir no mundo ao seu redor, influenciando com os valores do Reino que dominam a sua fé e a sua práxis.

Concluo este texto com as palavras inspiradas, ditas por intermédio do rei Salomão no livro de Provérbios: “Filho meu, guarda as minhas palavras e conserva dentro de ti os meus mandamentos. 2 Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos. 3 Ata-os aos dedos, escreve-os na tábua do teu coração” (Pv 7.1-3).

Que Deus nos abençoe e ilumine. Amém!

 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

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[1] John Murray, Romanos, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2003, (Rm 12.1-2), p. 478.

[2] P. Andrew Sandlin, Deus decide o que é normal, Brasília, DF.: Editora Monergismo, 2021, p. 11.  (Edição do Kindle).

[3] Emil Brunner, Romanos, São Paulo: Fonte, 2007, (Rm 12.1-2), p. 169.

[4] P. Andrew Sandlin, Deus decide o que é normal, Brasília, DF.: Editora Monergismo, 2021, p. 9.  (Edição do Kindle).

[5]João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998 (Tt 2.13), p. 338.

[6]“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Veja-se: Henry H. Meeter, La Iglesia y el Estado, 3. ed. Grand Rapids, Michigan: TELL., (s.d.), p. 76-77.

[7]Henry H. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 32.

[8]  R. Albert Mohler Jr., Pregar com a cultura em mente: In: Mark Dever, ed. A Pregação da Cruz, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 65.

[9]Mark J. Boda, Ungido por Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2018,  p. 39.

[10] Warfield teve uma longa e extensa influência na formação teológica em Princeton, tendo passado por sua sala de aula 2.750 estudantes.  (Veja-se: David B. Calhoun,  Princeton Seminary: The Majestic Testimony – 1869-1929, Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1996, v. 2, p. 327; Mark A. Noll, editor and compiler, The Princeton Theology: 1812-1921, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1983, p. 19).

[11]B.B. Warfield, A Vida Religiosa dos Estudantes de Teologia, São Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 12-13.

[12]B.B. Warfield, A Vida Religiosa dos Estudantes de Teologia, p. 14.

[13] “Ora, Deus geralmente supre aqueles a quem imputa a dignidade de possuir esta honra a eles conferida com os dons indispensáveis para o exercício de seu ofício, a fim de que não sejam como ídolos sem vida”  (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 4.3), p, 96). “Sempre que os homens são chamados por Deus, os dons são necessariamente conectados com os ofícios. Pois Deus não veste homens com máscara ao designá-los apóstolos ou pastores, e, sim, os supre com dons, sem os quais não têm eles como desincumbir-se adequadamente de seu ofício” (João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 4.11), p. 119). Vejam-se também: João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, (1Tm 6.12), p. 173; João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 4, (IV.17). p. 225; João Calvino,  A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo: Novo Século, 2000,  p. 77; J. Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996,  (1Co 9.16), p. 276-277.

[14]Veja-se: R.C. Sproul, A Santidade de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 225.

[15] Vejam-se algumas aplicações sugestivas em: W. G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 85 e 93.

[16] W. G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, p. 89.

[17] O que chamo de inculturação ativa é a influência que o Evangelho deve ter na sociedade por meio da Igreja em sua proclamação e testemunho.

[18] Veja-se: Michael W. Goheen; Craig G. Bartholomew, Introdução à Cosmovisão cristã, São Paulo: Vida Nova, 2016, p. 122.

[19]A obra de Stark sem sustentar esta tese, a ilustra: Rodney Stark, A vitória da razão: como o cristianismo gerou a liberdade, os direitos do homem, o capitalismo e o milagre econômico do Ocidente, Lisboa: Tribuna da História, 2007.

[20] Lesslie Newbigin, O Evangelho em uma sociedade pluralista, Viçosa, MG.: Ultimato, 2016, p. 187, 189-190.

[21] Veja-se: Francis A. Schaeffer, O Grande Desastre Evangélico. In: Francis A. Schaeffer, A Igreja no Século 21, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 312.

[22]Cf. Paul G. Hiebert, O Evangelho e a Diversidade de Culturas: um guia de antropologia missionária, São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 29-30.

[23] “…. Mesmo em face da diversidade cultural, os cristãos devem expressar a autoridade transcultural da Bíblia, porque eles são os únicos no planeta com uma mensagem que é destinada a pessoas de todas as culturas. Além disso, nós temos a única mensagem que não precisa ser transformada e redefinida em cada circunstância cultural, porque estamos falando sobre condições permanentes como o pecado, o caráter de Deus e a cruz do Senhor Jesus Cristo” (R. Albert Mohler Jr., Pregar com a cultura em mente: In: Mark Dever, ed. A Pregação da Cruz, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 65).

[24]“A moralidade foi retirada do reino da verdade. A ética não tem nada a ver com a comunidade humana maior, com a solidariedade de todos os seres humanos, nem com uma lei moral que transcende as pessoas e as culturas porque é fundamentada no caráter de Deus” (Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 107).

[25] Norman L. Geisler, La Etica Cristiana Del Amor, Miami: Editorial Caribe, 1977, p. 120.

[26] Agostinho, Comentário da Primeira Epístola de São João, São Paulo: Paulinas, 1989, (1Jo 5.3), p. 208.

[27]Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 23.

[28]Aquele que foi oferecido por nós, inimigos de Deus, foi o Seu próprio Filho, que é descrito por Paulo como o “Amado” (Ef 1.6). De fato, antes da criação de todas as coisas, antes da existência dos anjos ou de qualquer outra criatura, Jesus Cristo era e sempre será o “Amado”. “O amor do Pai para o Filho é, portanto, o arquétipo de todo o amor” (W. Gunther; H.-G. Link, Amor: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 1, p. 200).

[29] “A cruz e a coroa revelam não apenas as virtudes do Filho, mas também do Pai. Todos os atributos divinos alcançam plena expressão aqui. Dentre todas elas, uma sobressai: a justiça do Pai. Se Ele não tivesse sido justo, certamente não teria entregue Seu Filho Unigênito. E também, se não fosse justo, Ele não teria recompensado o Filho por Seu sofrimento. Mais, por meio dos louvores da multidão salva, o Pai (bem como o Filho) é glorificado” (William Hendriksen, O evangelho de João, São Paulo: Cultura Cristã, 2004 (Jo 17.1), p. 754). “A cruz se levanta como testemunho da infinita dignidade de Deus e o infinito ultraje do pecado” (John Piper, A Supremacia de Deus na Pregação, São Paulo: Shedd Publicações, 2003, p. 31).

[30]Veja-se: D. M. Lloyd-Jones, Deus o Pai, Deus o Filho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997 (Grandes Doutrinas Bíblicas, v. 1), p. 426.

[31]“Seja em virtude da ignorância das Escrituras, seja em virtude de uma distorção das Escrituras para que estas se adaptem aos nossos desejos, perdemos nossas convicções antitéticas acerca do mundo ímpio ao nosso redor”  (Joel Beeke; Mark Jones, Teologia Puritana: Doutrina para a vida, São Paulo: Vida Nova, 2016, p. 1196).

[32]Francis A. Schaeffer, Poluição e a Morte do Homem, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, p. 24.

[33]Emil Brunner, The Divine Imperative: A study in Christian ethics, 6. imp. London: Lutterworth Press, 1958, p. 86.

[34] Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 95.

[35]Umberto Eco, In: Umberto Eco; Carlo Maria Martini, Em que creem os que não creem?, Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 83.

[36]Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 24. “A cultura e as instituições humanas são valiosas. Elas são dádivas de Deus aos seres humanos que, criados à imagem de Deus, têm poderes e responsabilidades incríveis e são capazes de realizações notáveis. O próprio Deus trabalha por intermédio das instituições e vocações humanas para conter o mal e prover o pão de cada dia e as outras necessidades físicas dos seres humanos que Ele criou e com quem Ele se preocupa” (Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, p. 62).

[37] Vejam-se: Alister E. McGrath, Paixão pela Verdade: a coerência intelectual do Evangelicalismo, São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 59; W. G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 31.

[38]“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1.13). Que, por meio dele (Jesus Cristo), tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus(1Pe 1.21). Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós(1Pe 3.15). Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis(1Tm 4.10).

[39]Karl Barth, A Palavra de Deus e a Palavra do homem, São Paulo: Novo Século, 2004, p. 207-208.

[40]Vejam-se:  D.M. Lloyd-Jones, O Supremo Propósito de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 367; John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1996 (reprinted), v. 22, (1Pe 2.11), p. 78; João Calvino, Exposição de Hebreus, São Paulo: Edições Paracletos, 1997, (Hb 13.14), p. 391-392.

[41] W. G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 93.

[42] “Uma grande porcentagem das pessoas de hoje diria que crê em Deus, mas raramente lhe dedica um pensamento e rotineiramente tomam suas decisões como se Ele não existisse” (John M. Frame, A Doutrina de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 23).

[43] W. G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, p. 39.

[44]Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, p. 88.

[45]D. M. Lloyd-Jones, Seguros Mesmo no Mundo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 2), p. 25. À frente, continua: “Ser do mundo pode ser assim resumido – é vida, imaginada e vivida, separadamente de Deus. Noutras palavras, o que decide definitiva e especificamente se eu e vocês somos do mundo ou não, não é tanto o que podemos fazer em particular como a nossa atitude fundamental. É uma atitude para com todas as coisas, para com Deus, para com nós mesmos, e para com a vida neste mundo; em última análise, ser do mundo é ver todas estas coisas separadamente de Deus […]

“Ser do mundo – e isso é repetido pelos apóstolos – significa que somos governados pela mente, pela perspectiva e pelos procedimentos deste mundo no qual vivemos” (D. Martyn Lloyd-Jones, Seguros mesmo no Mundo, p. 28-29).

[46]Herman Ridderbos, La Venida del Reino, Buenos Aires: La Aurora, 1988, v. 2, p. 66.

[47]Platão, A República, 7. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, (1993), 517c-d.

[48]D. Bonhoeffer, Discipulado, 2. ed. São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1984, p. 169.

[49]J.I. Packer; Carolyn Nystrom, O Deus que nos guia e guarda: direcionamento divino para as decisões da vida, São Paulo: Vida Nova, 2014,  p. 33.

[50]Primariamente, no grego secular, a palavra tinha o sentido de enviar um navio de carga ou uma frota. Somente mais tarde é que a palavra passou a indicar uma pessoa enviada, um emissário. Ver: E. von Eicken, et. al. Apóstolo: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 1981-1983, v. 1, p. 234-239.

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