Tentando pensar e viver como um Reformado: Reflexões de um estrangeiro residente – Parte 54

1. O Sentido de Cultura

 

“Por favor, por favor!”

disse um peixe do mar a um outro peixe:

“Você que deve ter mais experiência,

talvez possa ajudar-me… Então me diga:

Onde posso encontrar a coisa imensa

que chamam de Oceano? Em toda a parte

eu o venho buscando sem sucesso.

 Mas é precisamente no Oceano

que você está nadando”, disse o outro.

“Oh… isto? Mas é pura e simplesmente água!”

disse o peixe mais jovem, “eu procuro

é o grande Oceano!” E lá se foi nadando,

muito desapontado, a buscar noutra parte. ‒ Anthony de Mello (1931-1987). [1]

 

Pensar não é tarefa somente para grandes filósofos. Nós estamos todos envolvidos.

Precisamos pensar profundamente no que significa o cristianismo e sua relação com as questões culturais. – H. R. Rookmaaker.[2]

A nossa palavra “cultura” é derivada do latim colere, que tem o sentido de “arte de cultivar”, “praticar”, “cuidar, “honrar” ou mesmo, “o resultado da cultivação”, envolvendo, portanto, a ideia de labor, perseverança (o processo pode ser lento) e desenvolvimento.

Nesse sentido, a palavra é usada tanto para referir-se a um certo refinamento intelectual e estético,[3] como para o cultivo de alguma planta, abelhas, etc. Esse vocábulo é da mesma raiz da palavra “culto” que, por sua vez pode indicar um homem de “cultura” (referindo-se a algum refinamento) ou à reunião dos fiéis para cultuar a Deus, prestar-lhe um “culto”.

O fato é que toda cultura reflete um determinado culto. O cultivo de determinados valores que se expressam no pensar e no fazer, sabendo que o “pensar é para o espírito o que agir é para o corpo”, conforme Degérando (1772-1842).[4]

A cultura é a linguagem exteriorizada do ser, acumulada, aperfeiçoada e transformada ao longo dos séculos.

A cultura nos fornece de modo quase absoluto determinadas perspectivas que se configuram como objetivas e, portanto, finais. Volto a citar a figura e os comentários de Mohler:

A última criatura a quem você deveria perguntar como é se sentir molhado é a um peixe, porque ele não faz ideia de que esteja molhado. Uma vez que nunca esteve seco, ele não tem um ponto de referência. Assim somos nós, quando se trata de cultura. Somos como peixes no sentido de que não temos sequer a capacidade de reconhecer onde a nossa cultura nos influencia. Desde a época em que estávamos no berço, a cultura tem formado nossas esperanças, perspectivas, sistemas de significado e interpretação, e até mesmo nossos instrumentos intelectuais.[5]

Historicamente, no entanto, a palavra apresentou dois significados fundamentais: a) Cultura no sentido de progresso do ser humano, seu melhoramento e refinamento (seria a “Paidéia” grega); b) Cultura no sentido de os efeitos de um modo de vida culto; a civilização propriamente dita.[6]

 

Cultura e responsabilidade

A cultura é um dom de Deus. Ele a realiza por nosso intermédio.[7] O homem como ser cultural, é ao mesmo tempo herdeiro e agente ativo do cultivo, aperfeiçoamento e transformação de sua cultura.

Cada povo, no exercício consciente ou não do mandato cultural divino, tem a responsabilidade pela sua cultura. O fato é que não existe povo sem cultura.

Contudo, a cultura como conhecemos é a cultura pós-queda. O estigma do pecado estará sempre presente em maior ou menor grau em toda cultura.[8]

Mondolfo (1877-1976) pontua:

A cultura, em seu sentido mais amplo, é uma característica peculiar da humanidade; em qualquer tempo e lugar aonde há agrupamentos humanos, há um grau, ainda que mínimo e rudimentar de cultura (…). Toda a sociedade tem o mérito e a responsabilidade de seu desenvolvimento, de seu avanço ou de seu estancamento, de seus progressos ou regressos.[9]

 

Religião e cultura

O homem é um ser religioso. Rousseau (1712-1778), em seu Contrato Social, afirma que “nenhum povo já perdurou ou perdurará sem religião; se não tiver recebido uma crença religiosa, teria que criá-la para não ser destruído em pouco tempo”.[10] De fato, a Religião é um fenômeno universal. A Antropologia, a Sociologia, a Filosofia, a Arqueologia e a História, entre outras ciências, têm demonstrado de forma convincente que a religião está presente em todas as culturas antigas e modernas. Por isso, podemos falar do homem como sendo um ser religioso.[11]

A religião nunca permanece apenas no plano metafísico.[12] O fenômeno religioso é uma expressão de nosso coração que traz consigo o desejo pelo transcendente já que fomos feitos à imagem de Deus (Gn 1.26-27; Ec 3.11). A cultura é a expressão de um povo no processo de concretização de sua vocação no tempo e no espaço.[13]  Somente o homem forma e transforma a sua cultura.[14]

A religião se expressão em nossa visão e, consequentemente em nossas construções intelectuais e materiais. Alguns sistemas teológicos são mais ativos nesse processo; contudo, a religião sempre se materializará em nossas mãos.

A Teologia Reformada é enfática nesse ponto, destacando a responsabilidade que temos de vivenciar ativamente a nossa fé.[15]A força do pensamento reformado, humanamente falando, esteve sempre em sua fidelidade às Escrituras e em uma busca por uma fé coerente e consistente.[16]

Como cristãos, o nosso desafio é viver a nossa fé – sem a pretensão de criar conscientemente ou não uma subcultura cristã – na cultura que aí está; que nos cerca e dela fazemos parte em nossa cotidianidade. Não há Cristianismo acultural.[17] A cultura então, é o que Deus faz por nosso intermédio.[18] A cultura é uma construção social.[19]

Uma definição de cultura muito usada, é a de Geertz (1926-2006)

O  conceito de cultura ao qual eu me atenho (…) denota um padrão de significados transmitido historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de concepções herdadas expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação à vida.[20]

Valendo-nos das palavras de Jaeger (1888-1961), podemos considerar de forma resumida a cultura como “a totalidade das manifestações e formas de vida que caracterizam um povo”.[21]

 

2. Cultura, vida, ética e testemunho

Segundo nos parece, a palavra “cultura”, aplicada ao ser humano individual, tem em si o sentido de desenvolvimento pleno. Dentro dessa perspectiva, podemos tomar a conceituação recorrente de Herrigde (1857-1929), que combatendo o conceito equivocado de exclusão entre piedade e cultura, escreveu:   “O homem culto é aquele que é completamente maduro em todas e cada uma das áreas de sua vida, e deste modo, é  capaz de cumprir o propósito de sua criação.”[22] Acrescentaríamos: buscando sempre o fim último da criação, que é a glória de Deus (1Co 10.31).[23]

“Cultura, assim − escreve Van Til (1906-1961) −, é todo e qualquer esforço e trabalho humano feito no cosmos, para descobrir suas riquezas e fazê-las assistirem ao homem para o enriquecimento da existência humana, para a glória de Deus”.[24]

Para nós cristãos, há um interesse especial pela cultura, não simplesmente pelo seu valor em si. Há para nós um aspecto pragmático, conforme escreve Mohler: “Temos interesse na cultura porque é onde encontramos os pecadores. O nosso interesse não é fundamentalmente a cultura em si. Tudo o que vemos ao nosso redor é passageiro, inclusive a cultura”.[25] No entanto, devemos enfatizar que é na cultura que desempenhamos nossa vocação  aqui e agora como agentes de formação e transformação.

O nosso chamado se concretiza em nossa cotidianidade nas pequenas e ou grandes tarefas que o Senhor nos conferiu a realizar. A importância delas não é conferida por nós. O que de fato importa é se somos ou não fieis a Deus no que Ele nos chamou e capacitou a realizar onde estamos agora.

Externamente pode ser que não vejamos a diferença na qualidade do trabalho de dois bons profissionais sendo um cristão e outro não. Porém, o ponto básico está em sua motivação e propósito. O cristão deve realizar o seu trabalho com a melhor qualidadepossível, visando glorificar a Deus.[26]

Boda interpreta corretamente ao tratar da escolha de Davi como rei de Israel: “A figura real divinamente aprovada não terá, como acontece em outras nações, a estatura imponente de um rei guerreiro, mas um coração sintonizado com as prioridades de Deus”.[27]

 Conforme já mencionei, em 1911, Warfield (1851-1921), o professor mais extensivamente influente do Seminário de Princeton nos séculos XIX e XX,[28] convidado a falar aos alunos de Princeton,  de forma simples e direta lhes diz:

O melhor serviço que podemos oferecer a Deus é justamente cumprirmos nossos deveres – nosso modesto, caseiro dever, qualquer que seja ele. As pessoas, na Idade Média, não pensaram assim; eles abriram uma fenda entre a vida religiosa e a secular, e aconselhavam aquele que desejava ser religioso a dar as costas ao que eles chamavam “mundo”, isto é (…) ao trabalho comum do mundo, o gênero de ocupação que constitui a tarefa diária de homens e mulheres, que representa os deveres de cada um e de seus companheiros. O protestantismo pôs um fim nisso tudo.[29]

Todo homem que aspira ser espiritual tem que começar por fazer o seu dever, seu dever óbvio, sua tarefa diária, o trabalho específico que se encontra à sua frente, a ser feito neste tempo e lugar específico.[30]

O chamado de Deus não é por eliminação, antes, é soberana graça capacitante[31] que não nos torna perfeitos, sacralizando o nosso pensar e agir, mas, conferindo-nos o senso de privilégio e responsabilidade, faz-nos  buscar cumprir com santo temor o nosso chamado com total integridade e dependência do Senhor.

O Cristianismo não é mero sentimento ou emoção, antes, nos fala de um encontro qualitativo com o Deus infinito-pessoal, gerando a transformação mais radical pela qual poderemos passar nessa vida, nos oferecendo uma nova estrutura de pensamento – um novo coração −, que deve ser considerada por sua organicidade e coerência.

A fé cristã é Cristocêntrica e Cristoreferente-teleológica. Jesus Cristo é o Senhor verdadeiro de toda a realidade, e por isso mesmo, de nossa existência, quer aqui quer na eternidade.[32] Desse modo, Cristo deve ser o padrão absoluto de nossa vida e de nossos projetos pessoais e de tudo o que isso significa. Jesus Cristo é o cânon de toda cultura.[33]

Todavia, deve ser também dito que Deus nos colocou nessa cultura a fim de sermos sal da terra e luz do mundo. A influência preservadora do sal é percebida não no saleiro, Do mesmo modo, o poder iluminador da luz se destaca de forma mais intensa nas trevas e num lugar adequado, não debaixo da mesa.[34]

Portanto, é necessário que tomemos cuidado para não transformarmos a igreja em uma “tribo religiosa” separatista que congrega unicamente a nossa comunidade presunçosamente elitista onde a luz serve apenas para projetar a nossa imagem nos espelhos e o sal para condimentar a nossa crítica ao mundo.

Deparamo-nos com dois perigos iminentes: identificar-nos prazerosamente  com os valores do mundo, pouco ou nada diferindo dele (mundanismo). Nesse caso, como povo missionário de Deus, para nada serviríamos. Ou, nos alhearmos do mundo, cultivando a nossa “santidade” exclusivamente intramuros (elitismo asséptico religioso).

Em ambos os casos perderíamos a dimensão de povo de Deus no mundo. Tchividjian resume: “Devemos ser moral e espiritualmente distintos sem estarmos culturalmente segregados”.[35]

A oração de Jesus Cristo permanece como realidade para todos os seus discípulos: É por eles que eu rogo” (Jo 17.9). “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17.15/Jo 17.20).

Essa perspectiva assinala de forma decorrente, que o cristão deve participar ativamente, dentro de sua esfera de ação, na formação, aperfeiçoamento e transformação da cultura, sabendo, de antemão, que neste estado de existência não existe cultura perfeita.

Essa tarefa gerará inevitavelmente conflitos, contudo eles fazem parte, e podem fazê-lo de forma criativa dentro de nosso processo de amadurecimento e ação no meio onde vivemos. Na fé cristã, sempre existirá o desafio da inculturação ativa[36] por meio da expressão de sua fé na relatividade da cultura e em fidelidade ao Verbo Encarnado.

Nesse processo, perigoso e necessário, não temos como escapar. Necessário, porque se de fato levamos a sério a nossa fé, ela estará sempre ativa em nossa cotidianidade. É justamente nessa vivência que experimentaremos o risco de sermos contaminados pela “idolatria da cultura ao redor”. Perigoso, porque podemos também assumir uma postura arrogante, belicosa ou ditatorial. Jamais devemos nos esquecer que somos também pecadores. A diferença, é que fomos alcançados pela graça essencial do evangelho que agora anunciamos para que outros também o sejam.

O nosso desafio é aplicar o evangelho fielmente à nossa cultura por meio de nossa vida e testemunho, não cedendo, muitas vezes sem perceber, às “concessões infiéis” do paganismo reinante e que de alguma forma nos fascina visto que ainda somos pecadores.[37]

A história do Ocidente tem sido regida pela presença cristã, ora em suas acomodações pecaminosas, ora, positivamente em seu testemunho profético contextualizado.[38]

Em síntese: A interação entre a fé cristã e a cultura ao nosso redor sempre foi um tema de profunda reflexão e debate. Desde os tempos antigos, os seguidores de Cristo são chamados a viver no mundo sem se conformar com ele, a ser uma presença transformadora que reflete os valores do Reino de Deus. Este desafio é, sem dúvida, árduo e repleto de nuances, exigindo de cada cristão discernimento, coragem e uma fé inabalável.

Na contemporaneidade, a complexidade desse desafio se intensifica com as rápidas mudanças culturais e o secularismo crescente. Contudo, a oração de Jesus Cristo permanece como realidade para todos os seus discípulos: “É por eles que eu rogo” (Jo 17.9). “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17.15/Jo 17.20).

Ser discípulo de Cristo no mundo contemporâneo exige uma postura de constante vigilância e humildade, reconhecendo nossas próprias fraquezas e a necessidade contínua da graça divina. É por meio desse equilíbrio delicado entre engajamento cultural e fidelidade espiritual que podemos verdadeiramente cumprir nosso papel como luz e sal na sociedade, refletindo a glória de Deus em todas as áreas de nossa vida.

Continuarei o assunto no próximo post.

 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

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[1]Anthony de Mello, O canto do pássaro: Contemplar a Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2003, p. 22.

[2]H.R. Rookmaaker, A Arte não Precisa de Justificativa, Viçosa, MG.: Ultimato, 2010, p. 32.

[3] Cf.  Henry H. Meeter, La Iglesia y el Estado, 3. ed. Grand Rapids, Michigan: TELL., [s.d.], p. 75-76.

[4]Marie-Joseph Degérando, Dos Signos e da Arte de Pensar, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 27), 1973, p. 338.

[5]R. Albert Mohler Jr., Pregar com a cultura em mente: In: Mark Dever, ed. A Pregação da Cruz, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 66. “O fato triste é que a menos que as famílias tenham um alicerce moral tremendamente firme, elas não percebem os perigos da cultura popular; ou se os percebem, não têm a força para se opor a eles” (Donald D. Carson, O Deus amordaçado: o Cristianismo confronta o pluralismo, São Paulo: Shedd Publicações, 2013, p. 46).

[6]Veja-se o esclarecedor verbete “Cultura”, In: Nicola Abbagnano, Dicionário de Filosofia, 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982, p. 209-213. Do mesmo modo: Henry R. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 27.

[7]Cf. John M.  Frame, A Doutrina da Vida Cristã,  São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 813-814.

[8] “O pecado tornou duplamente difícil a tarefa cultural” (Henry H. Meeter, La Iglesia y el Estado, 3. ed. Grand Rapids, Michigan: TELL., [s.d.], p. 83.

[9]Rodolfo Mondolfo, Universidad: Pasado y Presente, Buenos Aires: EUDEBA Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1966, p. 57. Veja-se: T.S. Eliot, A Ideia de uma sociedade cristã: e outros escritos,  São Paulo: É Realizações, 2016, p. 179-180.

[10]J.J. Rousseau, Sobre o Contrato Social (primeira versão): In: Rousseau e as Relações Internacionais, São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003, III.1, p. 167. Esta versão esboçada, Manuscrito de Genebra, é de 1761. Na versão definitiva, publicada em 1762, a questão da religião civil é tratada no capítulo IV. Veja-se: J.J. Rousseau, O Contrato Social e outros escritos, São Paulo: Cultrix, 1975, IV.8, p. 126-134.

[11]Trato mais detalhadamente desse assunto em outro livro: Hermisten M.P. Costa, O Pensamento Grego e a Igreja Cristã, Goiânia, GO.: Edtora Cruz, 2022, p. 65-69.

[12] “A religião nunca é apenas metafísica. Em todos os povos as formas, os veículos e os objetos de culto são rodeados por uma aura de profunda seriedade moral. Em todo lugar, o sagrado contém em si mesmo um sentido de obrigação intrínseca: ele não apenas encoraja a devoção como a exige; não apenas induz a aceitação intelectual como reforça o compromisso emocional.” (Clifford Geertz, A Interpretação das Culturas, 13. reimpressão, Rio de Janeiro: LTC., 2008, p. 93).

[13]Veja-se: Henry H. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 187.

[14] “O que acima de tudo distingue o homem até mesmo dos animais mais avançados é a possessão e a transmissão de cultura, incluindo linguagem” (Edwin M. Yamauchi, Cultura: In: Carl Henry, org. Dicionário de Ética Cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2007, [p. 153-155], p. 154).

 

[15] Tawney (1880-1962) interpreta corretamente: “Para o Calvinista, o mundo está ordenado para manifestar a majestade de Deus, e o dever do cristão é viver para tal fim” (R.H. Tawney, A Religião e o Surgimento do Capitalismo, São Paulo: Editora Perspectiva, 1971, p. 115). (Voltaremos a esse assunto).

[16] Veja-se:  Charles Miller, The Spread of Calvinism in Switzerland, Germany, and France. In: John H. Bratt, ed. The Rise and Development of Calvinism,  Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 1959, p. 27.

[17]Veja-se: https://www.seminariojmc.br/index.php/2018/03/06/a-cultura-numa-perspectiva-crista-reformada/ (Consultado em 22.02.2025).

[18] Veja-se: John M.  Frame, A Doutrina da Vida Cristã.  São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 813-814.

[19] “É necessário observar que a cultura é um empreendimento social que não é realizado em isolamento, mas por meio da interação e cooperação dos homens em comunhão” (Henry H. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 35).

[20] Clifford Geertz, A Interpretação das Culturas, 13. reimpressão, Rio de Janeiro: LTC., 2008, p. 66. Uma definição clássica é a  dos antropólogos  Kroeber (1876-1960) e Kluckhohn (1905-1960): “A cultura consiste em padrões, explícitos e implícitos, de comportamento adquirido e transmitido por símbolos, constituindo a realização distintiva de grupos humanos, inclusive a sua expressão em artefatos; o núcleo essencial da cultura consiste em ideias tradicionais (i.é., derivadas e selecionadas ao longo da história), e especialmente nos valores a elas associados; sistemas culturais podem ser considerados, de um lado, produtos da ação, de outro, elementos condicionantes de ação posterior” (A.L. Kroeber; C. Kluckhohn, Culture: A Critical Review of Concepts and Definitions, Cambridge, Massachusetts: Harvard University Printing Office, 1952, p. 181).

[21]Werner Jaeger, Paidéia: A Formação do Homem Grego, 2. ed. São Paulo; Brasília, DF.: Martins Fontes; Editora Universidade de Brasília, 1989, p. 6.

[22] William T. Herridge, Christianity and Culture: In: The Presbyterian Review,  New York: Charles Scribner’s Sons, v.  9, nº 35 – July, 1888, [p. 388-406]  p. 389.

[23]“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Veja-se: Henry H. Meeter, La Iglesia y el Estado, 3. ed. Grand Rapids, Michigan: TELL., [s.d.], p. 76-77.

[24]Henry H. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 32.

[25]  R. Albert Mohler Jr., Pregar com a cultura em mente: In: Mark Dever, ed. A Pregação da Cruz, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 65.

[26] Cf. John M.  Frame, A Doutrina da Vida Cristã.  São Paulo: Cultura Cristã, 2013, p. 833.

[27]Mark J. Boda, Ungido por Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2018,  p. 39.

[28] Warfield teve uma longa e extensa influência na formação teológica em Princeton, tendo passado por sua sala de aula 2.750 estudantes.  (Veja-se: David B. Calhoun,  Princeton Seminary: The Majestic Testimony – 1869-1929, Carlisle, Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1996, v. 2, p. 327; Mark A. Noll, editor and compiler, The Princeton Theology: 1812-1921, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1983, p. 19).

[29]B.B. Warfield, A Vida Religiosa dos Estudantes de Teologia, São Paulo: Editora os Puritanos, 1999, p. 12-13.

[30]B.B. Warfield, A Vida Religiosa dos Estudantes de Teologia, p. 14.

[31] “Ora, Deus geralmente supre aqueles a quem imputa a dignidade de possuir esta honra a eles conferida com os dons indispensáveis para o exercício de seu ofício, a fim de que não sejam como ídolos sem vida”  (João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 1, (Sl 4.3), p. 96). “Sempre que os homens são chamados por Deus, os dons são necessariamente conectados com os ofícios. Pois Deus não veste homens com máscara ao designá-los apóstolos ou pastores, e, sim, os supre com dons, sem os quais não têm eles como desincumbir-se adequadamente de seu ofício” (João Calvino, Efésios, São Paulo: Paracletos, 1998, (Ef 4.11), p. 119). Vejam-se também: João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, (1Tm 6.12), p. 173; João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 4, (IV.17). p. 225; João Calvino,  A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo: Novo Século, 2000,  p. 77; J. Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996,  (1Co 9.16), p. 276-277.

[32]Veja-se: R.C. Sproul, A Santidade de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 1997, p. 225.

[33] Cf. Henry H. Van Til, O Conceito Calvinista de Cultura, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 258.

[34] Vejam-se algumas aplicações sugestivas em: W. G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 85 e 93.

[35] W. G. Tullian Tchividjian, Fora de Moda, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 89.

[36] O que chamo de inculturação ativa é a influência que o Evangelho deve ter na sociedade por meio da Igreja em sua proclamação e testemunho.

[37]O pecado residual continuará em nós e, por vezes, se manifestará com grande força, evidenciando o quão incrustrado está em nós e, para tristeza nossa, por vezes, como o apreciamos com satisfação. Veja-se: Michael W. Goheen; Craig G. Bartholomew, Introdução à Cosmovisão cristã, São Paulo: Vida Nova, 2016, p. 122.

[38]A obra de Stark sem sustentar esta tese, a ilustra: Rodney Stark, A vitória da razão: como o cristianismo gerou a liberdade, os direitos do homem, o capitalismo e o milagre econômico do Ocidente, Lisboa: Tribuna da História, 2007.