Pastores

Por Fôlton Nogueira

 

Quando Jesus ordenou a João que escrevesse às sete igrejas, endereçou cada carta do mesmo modo: “Ao anjo da igreja em …”. Quem é esse anjo?

A primeira hipótese é de que se trate de um ser celestial, pois no livro há pelos menos 73 menções deles. A segunda hipótese é a personalização dos defeitos e qualidades de cada igreja, como se dissesse “Ao espírito da igreja tal”. E a terceira hipótese é de que se trate dos pastores daquelas igrejas.

Contra a primeira hipótese há muitos argumentos fortíssimos. Mas, por enquanto, basta um: se fosse um ser celestial, jamais o Senhor teria sequer algo contra ele como explicitamente tem contra o anjo das Igrejas de Éfeso, Pérgamo e Tiatira. Bastaria o que disse ao anjo de Sardes: “Não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus” e isso faria dele um demônio.

Contra a segunda hipótese também há diversos argumentos, mas também destaco um: como se haveria de admoestar, repreender ou elogiar uma tendência ou qualidade? Alguns dizem que Jesus está admoestando a igreja! Então por que dirigiu sua carta ao anjo dela?

Jesus está se dirigindo aos pastores (ou como se diz hoje: líderes). E aqui há o que temer e tremer.

  1. Pastores podem ser zelosos de seus deveres e perseverantes nos mesmos como o foi o pastor da igreja de Éfeso. Modestos como o de Esmirna. Fiéis diante de lutas como o de Pérgamo. Perseverantes como o de Tiatira. Suficientes como o de Sardes. Eficientes como o de Filadélfia. Porém, tristemente tortos, ao ponto de provocar ânsias de vômito no Senhor Jesus, como o pastor de Laodiceia.

Cada um – com exceção do pastor de Laodiceia – tem uma qualidade destacada pelo Senhor. Em alguns de forma tão sutil, como o de Sardes, que é até difícil de ver. Noutros ela brilha com tal força que a própria modéstia, como a do pastor de Esmirna, não é capaz de cobrir. É o Senhor, com olhos como fogo que perscruta e julga. Ao de Sardes sentencia: “tens o nome de que vives e estás morto”.

  1. Pastores podem ser a pior desgraça de um rebanho. Eles podem ser tolerantes. Isso soa terrível para nossos dias, mas é um dos pecados dos pastores listados aqui.

O pastor da igreja de Pérgamo tolerava os seguidores de Balaão e os nicolaítas. Já o pastor da igreja de Tiatira tolerava que uma mulher “que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos” (Ap 2.20).

O pastor da igreja de Laodiceia se julgava rico e abastado, mas era pobre, cego e nu. Também morno, provocava ânsias de vômito no Senhor. Pior: deixava Jesus do lado de fora da Igreja: excomungado.

Mas, talvez o comportamento mais triste tenha sido o do pastor de Éfeso em quem a única qualidade que sobrou foi o ódio ao erro, já que tinha esquecido de seu primeiro amor.

Deus abençoa sua igreja mediante muitas coisas e uma delas é o pastor que coloca para servi-la. Não é a toa que o apóstolo ordena: “Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hb 13.17 ERC).

 

Revisado por Ewerton B. Tokashiki

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