Introdução ao Estudo dos Credos e Confissões – Patrimônio Responsabilizador – Parte 2

Há tão grande inclinação no coração dos homens para cair na superstição que, num instante, abandonando a verdade, eles se distraem totalmente com o sinal, a não ser que sejam repelidos em alto e bom som. Pelo que se vê quanto cuidado devemos ter com dois erros. Um é que, extraindo coisas demais dos sinais, separemo-los dos mistérios aos quais de alguma forma estão unidos, e, em consequência, se rebaixa a sua eficácia. O outro é que, engrandecendo-os exageradamente, obscureçamos o seu poder interior − João Calvino.[1]  

 

1. Os Símbolos de Fé

1.1. Origem da Palavra Símbolo

O termo “Símbolo” é proveniente do grego Su/mbolon (“sinal para reconhecer-se”)[2], derivado de Sumba/llein, (su/n = “junto com” & ba/llw = “atirar”, “lançar”, “semear”[3]) que significa “comparar” e “lançar junto” e “confrontar”, “pôr junto com”, “fazer coincidir”.

O substantivo Sumbolh/ significa “encontro”, “juntura”, “ajustamento”. “Symbolé pode significar concretamente a articulação do cotovelo ou do joelho: dois ossos diferentes se unem ou se ajustam um ao outro; não se poderia, contudo, conceber concretamente um sem o outro”, interpreta Girard.[4]

Na Antiguidade, quando era formalizado um contrato, um objeto era partido e dividido entre as partes contratantes. Cada parte do objeto dividido era um “símbolo” de identidade para a junção com o outro pedaço, “um fragmento que exigia ser completado por outra parte para formar uma realidade completa e funcional”, comenta Sartore.[5]

Desse modo, as partes reunidas provavam as relações de hospitalidade ou fraternidade já existentes. Posteriormente a palavra passou a significar qualquer sinal ou senha (contrassenha) que transmitisse determinada mensagem.[6] Notemos, portanto, que a ideia embutida no conceito de símbolo, é de “dualismo”, separação e junção: as duas partes são separadas para serem “re-unidas”. Este estigma de separação o acompanha ainda que apontando para a sua totalidade: a sua perfeita junção.[7] O símbolo só tem valor como tal, porque aponta para a realidade simbolizada e, a realidade simbolizada carece daquele sinal que a referencia.

O substantivo não é empregado no Novo Testamento, no entanto, o verbo sumba/llw, ocorre seis vezes – somente nos escritos de Lucas –, com o sentido de “calcular”, “considerar”, “consultar”, “contender”, “auxiliar”, “receber” (* Lc 2.19; 14.31; At 4.15; 17.18; 18.27; 20.14)[8].[9]

 

1.2. Definição de Símbolo

O símbolo está relacionado com algo que ultrapassa o seu valor intrínseco, tendo como caráter intencional apontar para além de si mesmo. Ele tem como marca de sua essência o caráter de sua superação, na qual encontra o seu verdadeiro significado.[10] Jung (1875-1961), diz o seguinte: “Uma palavra ou imagem é simbólica quando implica alguma coisa além do seu significado manifesto e imediato.[11]

O símbolo é um veículo de comunicação que contribui para romper as barreiras linguísticas,[12] permitindo a identificação sem o uso necessário de palavras, as quais por sua vez também são símbolos. A linguagem é sempre um elemento simbólico; a língua é uma espécie daquele gênero.

O símbolo não pode ser confundido com o elemento simbolizado e, num primeiro instante, ainda que não seja isso ideal, ele pode não ter nenhuma relação intrínseca com o que representa;[13] em muitos casos, a relação estabelecida é apenas no plano de ideia, não do ser em si.[14]

O valor e limite do símbolo está no fato de que ele representa algo, não o substitui; aponta para o simbolizado, não toma o seu lugar. Substituir o símbolo pelo simbolizado significa destruir o símbolo justamente por eliminar o seu valor instrumental e, pior: esvazia o simbolizado, cuja realidade sempre é mais ampla do que o símbolo.[15] Os símbolos são “imagens de cousas ausentes”.[16] Por isso é que o “signum” (signo) é contrastado com a “res” (coisa) que é considerada em si e por si mesma.[17] Portanto, a presença do simbolizado, torna desnecessário o símbolo. No entanto, aquilo para o que o símbolo apontava, quando plenificado, pode se constituir em um novo símbolo que aponta para o futuro ou, se transforma num símbolo do que antes era o símbolo, mas que agora é simbolizado.

Cito um exemplo que talvez possa elucidar a minha observação: Conheço um homem que todos os sábados viajava 100 quilômetros para construir a sua casa em outra cidade. Este empreendimento durou vários anos. Todo este esforço, que envolvia obviamente a participação da família, inclusive no sentido de se conformar com a sua ausência, tinha como meta, a concretização de um sonho em processo de realização. Estive posteriormente na casa desse meu amigo. Conversei a respeito disso. Na realidade, a sua bela casa (e essa qualidade pouco importa quanto ao símbolo) é a presença do que fora ausente e, ao mesmo tempo, serve como símbolo de um esforço contínuo e perseverante de uma família. Num futuro esta mesma casa, pode apontar para uma realidade vivida e para um futuro almejado: o simbolizado, agora, torna-se símbolo de um esforço, perseverança e de uma esperança.

 

Memorial em Gilgal

De certa forma podemos dizer que Gilgal nas Escrituras adquiriu uma condição de símbolo da bênção e direção de Deus. Recapitulemos um pouco: Um dos fatos memoráveis registrados nas Escrituras é a travessia do rio Jordão pelo povo de Israel, quando então, adentra à Terra Prometida. Ali Deus ordena que os sacerdotes retirem doze pedras do rio, porque elas “serão para sempre por memorial (}OrfKiz) (zikârôn)[18] (LXX: mnhmo/sunon) aos filhos de Israel” (Js 4.7).[19]

As doze pedras, que tiraram do Jordão, levantou-as Josué em coluna em Gilgal. E disse aos filhos de Israel: Quando no futuro vossos filhos perguntarem a seus pais, dizendo: Que significam estas pedras? Fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel passou em seco este Jordão. Porque o Senhor vosso Deus fez secar as águas do Jordão diante de vós, até que passásseis, como o Senhor vosso Deus fez ao Mar Vermelho, ao qual secou perante nós, até que passamos. Para que todos os povos da terra conheçam que a mão do Senhor é forte: a fim de que temais ao Senhor vosso Deus todos os dias. (Js 4.20-24).

            Cerca de 700 anos depois (c. 725 a.C.), Deus fala ao Reino Norte por intermédio do profeta Miquéias:

Povo meu que te tenho feito? e com que te enfadei? Responde-me. Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servidão te remi; e enviei adiante de ti Moisés, Arão e Miriã. Povo meu lembra-te (rfk:z)(zekhâr)(LXX: mimnh/skw) agora do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balaão, filho de Beor, e do que aconteceu desde Sitim até Gilgal;[20] para que conheças os atos de justiça do Senhor. (Mq 6.3-5).

            Notemos, portanto, que ao mesmo tempo em que Gilgal tornou-se o símbolo de uma vitória já alcançada (Terra Prometida) servia como símbolo do cuidado abençoador e poderoso de Deus, que preserva o seu povo conduzindo-o à vitória.

Os símbolos têm normalmente um duplo significado: objetivo e, obviamente, diversos sentidos subjetivos;[21] eles revelam e encobrem.[22] O uso dos símbolos envolve normalmente um “público-alvo” a quem me dirijo, tentando ser compreendido por ele. Por outro lado, de forma explícita ou velada, uso deste recurso para ocultar a minha mensagem, despistar os “estranhos”, não iniciados. É claro que nem sempre isso é feito conscientemente, no entanto, quando nos damos conta disso, tendemos naturalmente a usar desse recurso.

 

O homem como ser representacional

O homem é um “animal simbólico”;[23] a capacidade de criar e responder a símbolos é própria do ser humano;[24] por isso ele se vale deste veículo para se comunicar. Dito de outro modo, o homem é um ser representacional.

Os símbolos são puramente funcionais. Quando esta sua utilidade desaparece, quer por seu desgaste, quer por convenções diferentes em lugares outros, aqueles se tornam desnecessários – já que não funcionam – dentro de seu propósito primeiro.

O símbolo também pode ser usado como elemento de convergência de um povo ou de um grupo: reunimos pessoas em torno de um gesto que simboliza os nossos ideais e valores;[25] o desenho e as cores de nossa bandeira que nos falam de “pátria” e “nação”; os hinos que nos emocionam conduzindo-nos a uma postura de luta em prol de uma causa que eles tão bem sintetizam em nosso imaginário, ainda que circunstancialmente.[26]

 

Mudança de símbolos

Assim, mudar um símbolo é mais do que mudar uma simples “marca”, é modificar uma concepção, uma perspectiva do mundo e da realidade. Este ato envolve a memória e a imaginação, visto que mexe nas estruturas da lembrança de um fato ou no conjunto de fatos que deram origem àquele símbolo e também, no imaginário coletivo que o símbolo concentra e ao mesmo tempo germina: um símbolo tem uma conotação de memória e de esperança; ele marca no tempo o nosso compromisso com o passado – quer de acordo, quer de oposição –, e a nossa responsabilidade para com o futuro que temos de construir sob aquela “marca” que nos distingue e identifica.

Mudar um símbolo assemelha-se a mudar as leis ou a Constituição. Maquiavel (1469-1527) percebeu bem isso, ao dizer: “Nunca coisa nenhuma deu tanta honra a um governante novo como as novas leis e regulamentos que elaborasse. Quando estes são bem fundados e encerram grandeza, fazem com que ele seja reverenciado e admirado”.[27]

Não é à toa que há, com frequência entre os governantes, o desejo de fazer uma nova Constituição. Quando não se consegue, muda-se a “marca”, para que depois, quem sabe, as leis possam ser mudadas.

Portanto, não é de estranhar o fato de que quando Constantino (280-337) se declarou convertido ao Cristianismo,[28] alegando ter uma visão antes da Batalha da Ponte Mílvia (28/10/312),[29]contra Maxêncio (Magêncio),[30] ordenasse que fosse pintado na bandeira, no seu capacete e no escudo de seus soldados um símbolo monogramático , que representava o nome de Cristo.[31] Dizendo que agora, conforme vira em sonho, este sinal estava acompanhado da inscrição: “Por este sinal vencerás” (“in hoc signo vinces”). Eusébio relata que Constantino empregou este “símbolo de salvação” contra todas as adversidades e inimigos:[32] Aqui, conforme queria Constantino, estava um novo sinal que apontava para a origem de suas vitórias: “Por este sinal vencerás!”.

Vejamos algumas das principais distinções estabelecidas aos símbolos.

 

1.3. Tipos de Símbolos

A classificação dos símbolos pode obedecer a diversos critérios, sem contar as diferenças de conceitos que alguns fazem entre símbolo e sinal. [33] Todavia, para o nosso estudo, no qual este assunto é apenas secundário, não adentrarei à tais questões,[34] seguindo uma classificação quase que “convencional”. Ei-la: Convencional, Acidental e Universal.

 

1.3.1. Símbolo Convencional

É aquele em que a relação entre o símbolo e o objeto simbolizado é convencionada, não havendo necessariamente nenhuma relação essencial entre eles. Por exemplo: o som da palavra “cadeira” está relacionado com aquilo que estou sentado neste instante. Qual a relação essencial entre as letras C-A-D-E-I-R-A e o objeto “cadeira”? Nenhuma. Nós estabelecemos esta relação mental porque aprendemos assim e, desta forma, a relação foi convencionada.

A linguagem é um conjunto de símbolos (= sinais) convencionais que visam à comunicação;[35] o mesmo ocorre com as cores do semáforo, a sinalização rodoviária, etc.

A relação entre o símbolo e a realidade simbolizada muitas vezes tem uma ligação bastante tênue, dependendo de uma explicação que – mesmo não esgotando o assunto –, faculta a percepção da relação possível, ainda que outras também o sejam.

Na convencionalidade do símbolo, há a priorização de determinada característica, elevando-a ao conceito de ponto dominante ou de univocidade, estabelecendo assim uma relação em nosso imaginário entre o ponto priorizado ou exclusivizado e a coisa simbolizada. Portanto, o símbolo é sempre parcial. Ele não esgota a realidade simbolizada nem exaure por completo o sentido do instrumento simbolizante. Como exemplo cito o fato de que mesmo a cruz sendo um símbolo do Cristianismo, sabemos que a cruz não diz tudo a respeito da fé cristã e, por sua vez, a cruz não se aplica apenas a este fim.

Encontramos um resumo do que estamos dizendo nas palavras de Schlette:

No exemplo do símbolo cristão da cruz podemos perceber que também a analogia (do ser) entre o objeto simbólico e aquilo que é simbolizado não é absolutamente necessária (embora conveniente) para que surja o símbolo (pelo menos o símbolo cristão) no fato de que uma cruz, antigo instrumento de suplício, possa se tornar o símbolo da fé cristã na salvação, não podemos ver senão um paradoxo e uma prova da superioridade da analogia fidei sobre a analogia entis.[36]

            A cruz que nos fala de sofrimento, dor e aparente derrota, para o cristão significa também a justiça de Deus, Seu amor, santidade e o prenúncio da ressurreição: vitória sobre o pecado, a morte e o diabo. A cruz é o fundamento da ressurreição, ascensão e regresso glorioso de Cristo. “A cruz tanto domina como permeia toda a verdadeira teologia cristã, com seu fio tecido através de sua estrutura”, interpreta McGrath.[37]

Calvino (1509-1564) comentando as Epístolas de Paulo, evidencia parcialmente isso: “Paulo mostra quão estúpido é desprezar em Cristo a humilhação da cruz, visto que esta se acha associada à incomparável glória de sua ressurreição”.[38] Em outro lugar: “Para concluir com poucas palavras, afirmo que a cruz de Cristo triunfa definitivamente no coração dos crentes contra o Diabo, a carne, o pecado, a morte e os ímpios quando voltam seu olhar para contemplar o poder da sua ressurreição”.[39]

Ilustrando aspectos que desenvolvemos no parágrafo anterior, perguntamos: Qual a explicação para as cores de nossa bandeira? Por que a sarça ardente se constituiu durante tantos anos no símbolo da Igreja Presbiteriana do Brasil? E o atual? Ou, tomando os exemplos de Girard:

Por que a folha vermelha do ácer se tornou o emblema do Canadá?[40] Por que o azul-branco-vermelho simboliza a França,[41] e o sol vermelho sobre fundo branco, o Japão?[42] A flora canadense está longe de restringir-se a uma só espécie vegetal, mais típica, aliás, do Leste que do Oeste do país; e a cor verde da folha de ácer pode ser observada por muito mais tempo do que sua efêmera cor de outono! A cada uma das faixas verticais da bandeira tricolor francesa é ligada mais ou menos artificialmente uma significação (cor, respectivamente, da cidade capital, da realeza, da revolução); mas, pode-se perguntar, por que o azul está à esquerda, ao passo que na bandeira holandesa, marcada pelas mesmas três cores (de interpretação diferente), o azul está na faixa horizontal inferior?[43]… Enfim, ninguém pretenderá que o sol se levante só no Japão, não obstante no país do sol levante.[44]

            Outro ponto que gostaria de realçar, é que os símbolos convencionais, conforme vimos, também são usados para ocultar uma mensagem daqueles que não sabem a relação estabelecida entre o símbolo e a sua mensagem. Na literatura apocalíptica judaica os símbolos foram amplamente usados; o seu objetivo era levar uma mensagem de conforto para os judeus – que no caso, tinham condições de discernir e interpretar os símbolos –, e ocultá-la dos opressores estrangeiros.[45]

A Igreja Primitiva, por exemplo, usou o símbolo do peixe para expressar a sua fé e, ao mesmo tempo para ocultá-la aos seus perseguidores.[46] Peixe em grego, se escreve i)xJu/j; todavia, os cristãos primitivos tomaram a palavra e a escreveram em forma de acróstico: I)hsou=j Xristo/j Qeo/j ui(o/j Swth/r.

 

I – I)hsou=j (JESUS)

X – Xristo/j (CRISTO)

TH – Qeo/j (DEUS)

U – ui(o/j (FILHO)

S – Swth/r (SALVADOR)

 

Assim temos:

 

“JESUS CRISTO, FILHO DE DEUS, SALVADOR”

 

 

Os cristãos primitivos também chamavam a Jesus de Peixe, visto entenderem na palavra uma confissão de fé. Além disso, Tertuliano (c. 160-220), escrevendo por volta do ano 200 contra uma seita obscura, denominada “cainitas” – que, entre outras heresias, tentava reabilitar a figura de Caim e de Judas,[47] combatendo também o batismo cristão –, emprega a sugestiva figura referindo-se ao batismo: “Mas, nós, os peixinhos, segundo nosso ‘Ichthys’ Jesus Cristo, no qual nascemos, só somos salvos permanecendo na água”.[48]

Há também uma catacumba do terceiro ou quarto século, encontrada na França, em 1839, que traz um registro referindo-se a Jesus desta forma.[49] E este não foi um caso isolado.[50]

Agostinho (354-430), explicando o emprego desse símbolo, interpreta: “Esse nome místico simboliza Cristo, porque apenas Ele foi capaz de viver vivo, quer dizer, sem pecado, no abismo de nossa mortalidade, semelhante às profundezas do mar”.[51]

Todavia, o uso tão popular e significativo desse símbolo logo desapareceu. No princípio do quinto século já não mais o encontramos na arte religiosa.[52]

 

1.3.2. Símbolo Acidental

O símbolo acidental é praticamente exclusividade de cada um, diferindo de pessoa para pessoa, sendo por isso, difícil de ser transmitido.

Ele representa de forma subjetiva, aquilo que ocorre conosco. Exemplifiquemos: Suponhamos que você tenha experimentado uma boa experiência de vida numa determinada cidade, bairro ou rua onde vive. Posteriormente você se muda para outra cidade ou bairro e, aquele antigo local de sua residência, transmite a você aquelas lembranças agradáveis, aqueles sentimentos que permearam a sua existência ali, passando a ser o símbolo de uma agradável saudade.

Particularmente, Campinas e Belo Horizonte me trazem sentimentos análogos, pois, foi respectivamente onde passei quatro dos melhores anos de minha vida de estudante e, onde comecei o meu ministério pastoral e docente. Ambas as cidades são para mim o símbolo de alegria e aprendizado, embora não possa transferir essas experiências e, consequentemente, esses símbolos.

Se, por outro lado, alguém tiver passado maus momentos nessas mesmas cidades, ambas terão em sua lembrança um simbolismo bem diferente, daí a impossibilidade de se comunicar o símbolo acidental. A outra pessoa poderá até entender o que estamos dizendo, todavia, isto não faz parte da sua experiência e, dificilmente poderá ser interiorizado como tal.[53]

 

1.3.3. Símbolo Universal

O símbolo universal é aquele em que há uma relação intrínseca ou, pelo, menos associada de forma natural, entre o símbolo e aquilo que ele representa, podendo por isso, ser compartilhado com todos. Desta forma, temos: O choro = tristeza; sorriso = alegria; fumaça = fogo; nuvem escura = chuva iminente; sol = vida; água = pureza, etc.

É claro que alguns destes símbolos podem, eventualmente, representar uma imagem diversa: alguém chora de alegria; ri de nervosismo e tristeza; as águas sujas, indicando a poluição dos rios, etc., todavia, estas exceções não invalidam a universalidade destes símbolos, apenas a confirmam.

1.4. A Igreja e os Símbolos

A Bíblia está repleta de símbolos: cores, números, animais, nomes de lugares e de pessoas, metais, pedras preciosas, etc. Como já vimos, a Igreja pós-apostólica sentiu-se à vontade para empregar figuras que expressassem a sua fé em Deus: O acróstico da palavra “peixe” (“Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”); as duas letras iniciais do nome “Cristo”, colocadas uma sobre a outra (X (Chi) e R (Rho))  = (“Cristo”); um círculo (= “vida eterna”); e o triângulo com três lados iguais (= Trindade), são apenas alguns dos muitos símbolos usados pela Igreja.[54]

Todavia, a palavra símbolo foi usada pela primeira vez no sentido teológico, por Cipriano († 258)[55] em 250 nas suas Epístolas (76 ou 69), referindo-se ao cismático Novaciano (200-258).[56]

O Credo Apostólico (2º século) – que fora atribuído tradicionalmente aos apóstolos – recebeu o designativo de símbolo, ao que parece no Sínodo de Milão (390), numa carta subscrita por Ambrósio (c. 334-397), sendo designado de “symbolum apostolorum”.[57]

Lutero (1483-1546) e Melanchthon (1497-1560) foram os primeiros a usarem a palavra “símbolo” para os credos protestantes,[58] passando desde então, a designar os Catecismos e Confissões adotados pelas Igrejas Luteranas e Reformadas como elementos distintivos da sua compreensão teológica.

 

 

São Paulo, 29 de março de 2023.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

 

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[1] João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, IV.12, p. 12.

[2]Cf. Emblema: In: J. Corominas; J. A. Pascual, Diccionario Crítico Etimológico Castellano e Hispánico, Madrid: Editorial Gredos, 1980, v. 2, p. 562.

[3]Vejam-se: Mt 3.10; 13.48; Mc 4.26; 15.24; Ap 14.19. Na voz média, tem o sentido de “deitar em cima de si, pôr sobre si” (Ba/llw: In: Isidro Pereira, Dicionário Grego-Português e Português-Grego, 7. ed. Braga: Livraria Apostolado da Imprensa, (1990), p. 101a). Daí, por analogia: “pensar consigo mesmo”, “ponderar”, “deliberar” (Cf. ba/llw: In: Lindell; Scott, Greek-English Lexicon, Oxford: Humphrey Milford, 1935, p. 126a).

[4] Marc Girard, Os Símbolos na Bíblia, 2. ed. São Paulo: Paulus, 2005, p. 26.

[5] D. Sartore, Sinal/Símbolo: In: Domenico Sartore: Achille M. Triacca, orgs. Dicionario de Liturgia, São Paulo: Paulinas; Paulistas, 1992, p. 1143b.

[6]Ambrósio de Milão (c. 334-397), por exemplo, explica: “Símbolo é o termo grego que significa ‘contribuição’. Principalmente os comerciantes se acostumam a falar de contribuição quando ajuntam seu dinheiro e a soma assim reunida pela contribuição de cada um é conservada inteira e inviolável, se bem que ninguém ouse cometer fraude em relação à contribuição. Esse é o costume entre os próprios comerciantes para que, se alguém cometer fraude, seja rejeitado como fraudulento” (Ambrósio, Explicação do Símbolo, São Paulo: Paulus, 1996, 2. p. 23). Vejam-se: F.D. Danker, Simbolismo, Simbología: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, Michigan: T.E.L.L., 1985, p. 500; Fernando B. de Ávila, Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, (Rio de Janeiro), MEC., 1967, p. 457; Símbolo: In: A. Lalande, Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia, São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 1015; K.S. Latourette, Historia del Cristianismo, 4. ed. Buenos Aires: Casa Bautista de Publicaciones, 1978, v. 1, p. 180-181. Para uma discussão concernente à interpretação da palavra entre os escritores cristãos primitivos, Veja-se: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, Salamanca: Secretariado Trinitario, 1980, p. 71ss.

[7] Vejam-se: Marc Girard, Os Símbolos na Bíblia, 2. ed. São Paulo: Paulus, 2005, p. 26; Gerd Heinz-Mohr, Dicionário dos Símbolos: imagens e sinais da arte cristã, São Paulo: Paulus, 1994, p. viii-ix.

[8]“Maria, porém, guardava (sumba/llw) todas estas palavras, meditando-as (sumba/llw) no coração” (Lc 2.19). “Ou qual é o rei que, indo para combater (sumba/llw) outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?” (Lc 14.31). “E, mandando-os sair do Sinédrio, consultavam (sumba/llw) entre si” (At 4.15). “E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com (sumba/llw) ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição” (At 17.18). “Querendo ele percorrer a Acaia, animaram-no os irmãos e escreveram aos discípulos para o receberem. Tendo chegado, auxiliou (sumba/llw) muito aqueles que, mediante a graça, haviam crido” (At 18.27). “Quando se reuniu (sumba/llw) conosco em Assôs, recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene” (At 20.14).

[9] Isidro Pereira indica que “sumba/llw”, na voz média no intransitivo, tem o sentido, entre outros, de “coligir”, “deduzir”, “julgar”, “compreender”, “considerar”. (Isidro Pereira, Dicionário Grego-Português e Português-Grego, 7. ed. Braga: Livraria Apostolado da Imprensa, (1990), “sumba/llw”, p. 539b). Talvez indicando a ideia de “cotejar” os fatos.

[10] Veja-se: Agostinho, A Doutrina Cristã, São Paulo: Paulinas, 1991, I.2.2. p. 52-53.

[11] Carl G. Jung, org. O Homem e Seus Símbolos, 9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, [s.d.], p. 20. Agostinho já dissera: “O sinal é, portanto, toda coisa que, além da impressão que produz em nossos sentidos, faz com que nos venha ao pensamento outra ideia distinta” (Agostinho, A Doutrina Cristã, II.1.1. p. 93). (Veja-se também, Agostinho, De Magistro, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 6), 1973, p. 319-356).

[12]Ernest Cassirer (1874-1945), escreveu: “…. Nenhum processo mental chega a captar a realidade em si, já que, para poder representá-la, para poder, de algum        modo, retê-la tem de socorrer-se do signo, do símbolo. E todo  o simbolismo esconde em si o estigma da mediatez, o que o obriga a encobrir quanto pretende manifestar. Assim, os sons da linguagem esforçam-se por ‘expressar’ o acontecer subjetivo e objetivo, o mundo ‘interno’ e ‘externo’; porém, o que captam não é a vida e a plenitude individual da própria existência, mas apenas abreviatura morta. Toda essa ‘denotação’, que as palavras ditas pretendem dar, não vai, realmente, mais longe que a simples ‘alusão’; alusão que parecerá mesquinha e vazia, frente à concreta multiplicidade e totalidade da experiência real” (Ernest Cassirer, Linguagem, Mito e Religião, Porto: Rés-Editora, [s.d.], p. 11-12).

[13] É aqui que alguns divergem, aplicando esta conceituação ao “sinal”, entendendo que o “símbolo” tem uma conexão necessária com o simbolizado.

[14]Veja-se: Hermisten M.P. Costa, A Literatura Apocalíptico-Judaica, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, p. 40ss.

[15] Veja-se: F.E. Gaebelein, Simbolismo/Símbolo: In: Merrill C. Tenney, org. ger. Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 5, p. 630.

[16] João Calvino, As Institutas, IV.17.21.

[17]Veja-se: Signum: In: Richard A. Muller, Dictionary of Latin and Greek Theological Terms, 4. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1993, p. 282.

[18] O nome Zacarias é proveniente desta palavra hebraica (hfy:rak:z)(Zekaryâ), significando: Zacarias (“O Senhor se lembrou”) .

[19] Vejam-se também: Ex 12.14; 13.9. Nestes textos, a LXX usa a mesma palavra grega.

[20] “Gilgal se tornou a base de operações de Israel, depois da travessia do rio Jordão (Js 4.19), e foi foco de uma série de acontecimentos durante a conquista: doze pedras comemorativas foram estabelecidas quando Israel armou acampamento ali (Js 4.20); a nova geração cresceu no deserto e só em Gilgal foi circuncidada; a primeira Páscoa celebrada em Canaã foi efetuada ali (Js 5.9,10). De Gilgal, Josué liderou as forças israelitas contra Jericó (Js 6.11,14ss.). (…) Gilgal tornou-se ao mesmo tempo um lembrete sobre a libertação outorgada por Deus no passado, um sinal de vitória presente, debaixo de sua orientação, e viu a promessa da herança que ainda seria apossada” (K. A. Kitchen, Gilgal: In: J.D. Douglas, ed. ger. O Novo Dicionário da Bíblia, São Paulo: Junta Editorial Cristã, 1966, v. 2, p. 671).

[21]“O símbolo assemelha-se ao cristal, que reflete a mesma luz de maneira muito diversa” (Gerd Heinz-Mohr, Dicionário dos Símbolos, p. xiii).

[22] Analisando a questão pela perspectiva do intérprete, Naud comenta: “Quando um símbolo é familiar a alguém, sua compreensão consiste em seguir o movimento da imagem que espontaneamente conduz àquilo que esta sugere. Mas quando alguém é introduzido num conjunto simbólico que comporta uma distância no tempo e no espaço cultural, é necessário que efetue um longo desvio na interpretação; socorrendo-se de diversos métodos de leitura, pode atingir o que é sugerido pelo texto, isto é, o tipo de mundo que lhe é proposto pelo próprio texto” (Julien Naud, Simbolismo: In: René Latourelle; Rino Fisichella, dirs. Dicionário de Teologia Fundamental, Petrópolis, RJ.; Aparecida, SP.: Vozes; Santuário, 1994, p. 897b). Na mesma linha, escreveu Heinz-Mohr na introdução de seu Dicionário dos Símbolos: “Símbolos, na verdade, velam e revelam a um só tempo. Por isso, permanece e sempre permanecerá certa margem de divergências em sua interpretação, sem que se venha a questionar a constatação e a importância do todo” (Gerd Heinz-Mohr, Dicionário dos Símbolos, p. vi). À frente: “A linguagem simbólica é a linguagem da religião com respeito à realidade que supera a compreensão humana. É a um só tempo mistério e revelação. Vela as verdades santas ao olhar profano, mas também as desvela a quantos sabem lê-la” (Gerd Heinz-Mohr, Dicionário dos Símbolos, p. ix).

[23]Ernst Cassirer, Antropologia Filosófica, 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977, p. 51.

[24] Veja-se: F.E. Gaebelein, Simbolismo/Símbolo: In: Merrill C. Tenney, org. ger. Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 5, p. 626.

[25] Os gestos como “moedinhas de circulação indispensável e diária” são ricos em manifestação de pensamentos e sentimentos. A sua interpretação não é unívoca, variando de acordo com os interesses de quem os interpreta ou conforme as convenções múltiplas entre os povos. “Não havendo a obrigatoriedade do ensino mas sua indispensabilidade no ajustamento da conduta social, todo nós aprendemos o gesto desde a infância e não abandonamos seu uso pela existência inteira” (Luís da Câmara Cascudo, História dos Nossos Gestos, Belo Horizonte, MG.; São Paulo, SP.: Itatiaia; EDUSP., 1987, p. 11,19).

[26] Eusébio diz que quando Constantino entrou vitorioso em Roma cantou hinos ao Senhor (Ver Eusébio de Cesarea, Historia Eclesiastica, Madrid: La Editorial Catolica, (Biblioteca de Autores Cristianos, v. 349-350), 1973, IX.9.8-9).

[27] N. Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, v. 9), 1973, Cap. XXVI, p. 114.

[28] Vejam-se: Eusébio de Cesarea, Historia Eclesiastica, IX.9.1ss. Idem, The Life of Constantine The Great, I.26-40. In: P. Schaff; H. Wace, eds.  Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church. (Second Series), 2. ed. Peabody, Massachusetts, Hendrickson, Publishers, 1995, v. 1, p. 489-493.

[29] “Numa perspectiva mais ampla, a vitória de Constantino na Ponte de Mílvia foi muito mais importante para a história do Cristianismo do que para a história de Roma” (Mark A. Noll, Momentos Decisivos na História do Cristianismo, São Paulo: Cultura Cristã, 2000, p. 54) (Há uma bela pintura feita em 1613 por Pieter Lastman (1583-1633), um dos mestres de Rembrandt (1606-1669), A mesma pode ser vista em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Milvbruck.jpg#file). (Acessado em 29/03/2023).

[30]Constantino era casado com Fausta, irmã de Maxêncio (c. 278-312 AD). Maxêncio foi derrotado nesta batalha, morrendo afogado enquanto fugia.

[31]Eusebius, The Life of Constantine The Great, I.30-31. In: Philip Schaff; Henry Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of Christian Church, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, (reprinted), (Second Series), 1978,  v. 1, p. 490-491.

[32]Eusebius, The Life of Constantine The Great, I.31. In: Philip Schaff; Henry Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of Christian Church, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, (reprinted), (Second Series), 1978, v. 1, p. 491.

[33] A palavra sinal (shmei=on) indica uma marca ou sinal indicativo pelo qual alguma coisa é identificada; aponta para outra coisa cujo significado parece obscuro.

[34] Para uma análise comparativa entre símbolo e sinal, ver, entre outros: Paul Tillich, Dinâmica da Fé, São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1974, p. 30ss.; Idem. Teologia Sistemática, São Paulo, SP.; São Leopoldo, RS.: Paulinas; Sinodal, 1984, p. 201ss. e 252; Battista Mondin, O Homem, quem é Ele?, São Paulo: Paulinas, 1980, p. 136-138; Marc Girard, Os Símbolos na Bíblia, 2. ed. São Paulo: Paulus, 2005, p. 46-47; Ernst Cassirer, Antropologia Filosófica, 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977, p. 59ss.; F.E. Gaebelein, Simbolismo/Símbolo: In: Merrill C. Tenney, org. ger. Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 5, p. 626; Adam Schaff, Introdução à semântica, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.

[35] O Homem é um ser comunicativo! O Homem, “é a única criatura na terra capaz de colocar a comunicação em forma de símbolos sem nenhuma relação com seus referentes, além daquela que a mente humana lhe atribui. Além disso, transcendendo o tempo e o espaço, ele consegue passar informações a outros em lugares remotos ou àqueles que ainda vão nascer” (David J. Hesselgrave, A Comunicação Transcultural do Evangelho, São Paulo: Vida Nova, 1994, v. 1, p. 23). Portanto, “Comunicar é uma maneira de compreensão mútua” (Rollo May, Poder e Inocência, Rio de Janeiro: Artenova, 1974, p. 57-58), sendo a comunicação fundamental para o desenvolvimento psíquico e social do ser humano. Comunicar, etimologicamente, significa, “tornar comum”. Neste ato de comunicar, formamos uma comunidade, constituída por aqueles que sabem, que partilham do mesmo conhecimento; assim, a comunicação é uma quebra de isolamento individual, para que haja uma comunhão (Veja-se: José Marques de Melo, Comunicação Pessoal: Teoria e Pesquisa, 6. ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1978, p. 14). “A ‘comunhão’ encontra-se em códigos partilhados mutuamente” (David J. Hesselgrave, A Comunicação Transcultural do Evangelho, p. 39), porque somente assim poderá o “código” ser “decodificado”, estabelecendo-se deste modo a comunicação.

Todo homem é uma ilha, até que resolva fazer parte do continente; isto ele faz por intermédio da comunicação. O filósofo G.W. Leibniz (1646-1716), colocou a questão nos seguintes termos:

“Tendo criado o homem para ser uma criatura sociável, Deus não só lhe inspirou o desejo e o colocou na necessidade de viver com os de sua espécie, mas outorgou-lhe igualmente a faculdade de falar, faculdade que deveria constituir o grande instrumento e o laço comum desta sociedade. É daí que provêm as palavras, as quais servem para representar, e até para explicar as ideias” (G.W. Leibniz, Novos Ensaios, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 19), 1974, III.1.1).

[36] H.R. Schlette, Símbolo: In: Heinrich Fries, org. Dicionário de Teologia: conceitos fundamentais da Teologia atual, 2. ed. São Paulo: Loyola, 1987, v. 5, p. 234-235.

[37]Alister E. McGrath, Paixão pela Verdade: a coerência intelectual do Evangelicalismo, São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 36.

[38]João Calvino, Exposição de 2 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1995, (2Co 13.4), p. 262.

[39]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 4, (17.38), p. 218. Outros exemplos: “A cruz de Cristo triunfa sobre o diabo, a carne, o pecado e a maldade nos corações dos crentes, somente quando estes elevam seus olhos para contemplar o poder de sua ressurreição” (João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo: Novo Século, 2000, p. 68). “A morte do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário não foi um acidente; foi obra de Deus. Foi Deus quem o ‘manifestou’ ali” (David M. Lloyd-Jones, A Cruz: A Justificação de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1980, p. 3). “Se lhes fosse solicitado responder onde a Bíblia ensina a santidade de Deus mais poderosamente teriam de ir ao Calvário. Deus é tão santo, tão plenamente santo, que nada senão aquela morte terrível poderia tornar possível que Ele nos perdoasse. A cruz é a suprema e a mais sublime declaração e revelação da santidade de Deus” (D. M. Lloyd-Jones, Deus o Pai, Deus o Filho, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997, p. 97). “A cruz é o centro da história e a reconciliação de todas as antíteses” (Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara D’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 48). “Na cruz está contida a totalidade da redenção e todas as suas partes, mas a ressurreição de Cristo não nos afasta da cruz” (João Calvino, Gálatas, São Paulo: Paracletos, 1998, (Gl 6.14), p. 188). “Na cruz, a misericórdia e a justiça divina foram igualmente expressas e eternamente reconciliadas. O santo amor de Deus foi ‘satisfeito’.” (John R.W. Stott, A Cruz de Cristo, Florida: Editora Vida, 1991, p. 79). “Quando (…) tivermos um vislumbre da deslumbrante glória da santidade divina, e formos convencidos de nosso pecado pelo Espírito Santo de tal modo que tremamos no presença de Deus e reconheçamos o que somos, a saber, pecadores que merecem ir para o inferno, então, e somente então a necessidade da cruz ficará tão óbvia que nos espantaremos de jamais tê-la visto antes. O pano de fundo essencial da cruz, portanto, é uma compreensão equilibrada da gravidade do pecado e da majestade de Deus. Se diminuirmos uma delas, diminuímos a cruz” (John R.W. Stott, A Cruz de Cristo, p. 99).

[40]

[41]  As três faixas do mesmo tamanho (azul, branca e vermelha) simbolizam a Revolução Francesa (1789), sendo que o azul representa o poder legislativo, branco o poder executivo e o vermelho o povo, os três dividindo igualmente o poder. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_da_ Fran%C3%A7a

[42]

[43]  As cores de forma ascendente são: azul, branca e vermelha.

[44]Marc Girard, Os Símbolos na Bíblia, p. 27-28.

[45] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, A Literatura Apocalíptica Judaica, p. 43-44.

[46] Ver: Peixe: In: Gerd Heinz-Mohr, Dicionário dos Símbolos: imagens e sinais da arte cristã, São Paulo: Paulus, 1994, p. 283. O autor também apresenta outros empregos deste símbolo por parte dos cristãos primitivos e na arte cristã posterior (p. 283-285).

[47] Irineu (c.120-202) que escreveu a respeito dos cainitas, retrata a posição deste grupo gnóstico: “Dizem que Judas, o traidor, sabia exatamente todas estas coisas (a respeito da importância de Caim, Esaú, Coré) e por ser o único dos discípulos que conhecia a verdade, cumpriu o mistério da traição e que por meio dele foram destruídas todas as coisas celestes e terrestres. E apresentam, à confirmação, um escrito produzido por eles, que intitulam Evangelho de Judas” (Irineu, Irineu de Lião, São Paulo: Paulus, 1995, I.31.1. p. 122).

[48]Tertuliano, O Sacramento do Batismo: teologia pastoral do batismo segundo Tertuliano, Petrópolis, RJ.: Vozes, 1981 (Col. Os Padres da Igreja/3) Cap. I, p.15.  Eliade (1907-1986) analisa o uso bastante generalizado na antiguidade do “simbolismo aquático” (Ver: Mircea Eliade, Imagens e Símbolos, São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 151ss.).

[49] Vejam-se os dizeres da catacumba, In: Henry Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, São Paulo: ASTE., 1967, p. 127.

[50] Cf. Justo L. Gonzalez, A Era dos Mártires, São Paulo: Vida Nova, 1980, p. 159.

[51] Agostinho, A Cidade de Deus, 2. ed. Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes; Federação Agostiniana Brasileira, 1990, v. 2, XVIII.23; p. 336-337.

[52] Ampla documentação ilustrando a popularidade desse símbolo nos primeiros séculos da Igreja Cristã, temos na obra de Withrow (1839-1908): W.H. Withrow, Catacombs of Rome, and their Testimony Relative to Primitive Christianity,  3. ed. London: Hodder & Stoughton, Paternoster Row, 1877, p. 252-257.  Veja-se também:  M. Carletti, Símbolos-Simbolismo: In: Ângelo Di Bernardino, org. Dicionário Patrístico e de Antiguidades cristãs, Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes; Paulus, 2002, p. 1291a.

[53] Ainda que não usando do mesmo tipo que emprego, Gaebelein (1889-1983) apresenta algumas analogias enriquecedoras do que estamos falando. Ver: F.E. Gaebelein, Simbolismo/Símbolo: In: Merrill C. Tenney, org. ger. Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 5, p. 627.

[54] Cf. Benjamin Scott, As Catacumbas de Roma, 4. ed. Rio de Janeiro: CPAD., 1982, p. 95ss.; F.R. Worth, Simbolism: In: Vergilius Ferm, ed. An Encyclopaedia of Religion, New York: The Philosophical Library, 1945, p. 754; Símbolos, Histórico-Cristãos: In: Russel N. Champlin; João Marques Bentes, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, São Paulo: Candeia, 1991, v. 6, p. 276-277.

[55] Vejam-se os textos das Epístolas In: A. Roberts; J. Donaldson, eds. The Ante-Nicene Fathers, New York: The Christian Literature Publishing Company, 1885, v. 5, (Epístola 76), p. 402-404; (Epístola 69), p. 375-377.   

[56] Cf. Philip Schaff, The Creeds of Christendom, 6. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, (Revised and Enlarged), 1977, v. 1, p. 3 e Philip Schaff, ed. Religious Encyclopaedia: or Dictionary of Biblical, Historical, Doctrinal, and Practical Theology, Chicago: Funk; Wagnalls, Publishers, (revised edition), (1891) v. 4, p. 2276. (Na edição de 1889 desta obra, embora a paginação seja a mesma, o volume referido é o de número 3).

[57]Ambrósio, Ep. 42,5. (Vejam-se: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 15; F.D. Danker, Simbolismo, Simbología: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, p. 500; G.W. Bromiley, Credo, Credos: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, v. 1, p. 366). Cipriano, Agostinho e Rufino encontram-se entre aqueles que utilizaram o nome “Símbolo” para referirem-se ao “Credo Apostólico” (Cf. Charles A. Briggs, Theological Symbolics, New York: Charles Scribners’s Sons, 1914, p. 3,4).

[58] Cf. Philip Schaff, ed. Religious Encyclopaedia: or Dictionary of Biblical, Historical, Doctrinal, and Practical Theology, v. 4, p. 2276; P. Schaff, The Creeds of Christendom, v. 1, p. 3-4 (nota).

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