Tentando pensar e viver como um Reformado: Reflexões de um estrangeiro residente – Parte 5

3. O Deus que se dá a conhecer[1]

 

Introdução

A Bíblia parte do pressuposto da existência de Deus  por um motivo simples: Foi Ele quem nos deu a Bíblia. Deus é um ser necessário. Dele tudo se origina. Fora dele nada há: Nem o existir, nem o conhecer, nem o ignorar.

Antes do que um conceito e mais do que uma teoria ou abstração, as Escrituras nos põem em contato com o Deus vivo e pessoal, que vem ao nosso encontro; que age e fala.[2]

“Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”, escreveu Moisés (Sl 90.2). Demonstrando a nossa limitação, as Escrituras falam com categorias que apenas margeiam o nosso limite e a o ultrapassam, indicando que lá não é nosso território; não temos instrumental de compreensão nem de contestação, se não houvesse a revelação.

 

Consciência da ignorância é graça

A consciência de nossa ignorância é graça que vem antecedida pela graça do conhecimento. Moisés por revelação direta de Deus, registra de forma inspirada (2Pe 1.20-21), narrando os atos criadores de Deus, sem se preocupar em falar com mais detalhes a respeito daquele, que mediante a sua Palavra, faz com que do nada surja a vida, criando o universo, estabelecendo suas leis próprias e, avaliando a sua criação como boa.

Moisés apresenta o Deus Todo-Poderoso exercitando o seu poder de forma criadora, segundo o seu eterno propósito. Deus existe. Este é o fato pressuposto em toda a narrativa da Criação. Deus cria segundo a sua Palavra e isto nos enche de admiração e reverente temor: a Palavra de Deus é o verbo criador que manifesta a determinação e o poder de Deus (Gn 1.1,26, 27; Sl 33.6,9; Jo 1.1-3; Hb 11.3),[3] que criou as coisas com sabedoria (Pv 3.19).[4]

Nas páginas das Escrituras Deus é apresentado como o Senhor grandioso e incomparável. Seus pensamentos são inatingíveis e insondáveis.[5] Ele é o Rei da glória.[6] Em Cristo a sua glória manifesta foi “ouvida” e partilhada (2Pe 1.16-18).

Um dos fundamentos da doutrina cristã é a certeza de que cremos em um Deus Soberano[7] e Todo-Poderoso[8] que ama o seu povo e se dá a conhecer pessoalmente a nós.

Sem a revelação de Deus seria impossível crer ou falar de Deus.[9] No entanto, nós podemos conhecê-lo genuína e pessoalmente: Conhecido  (yada’)[10] é Deus em Judá; grande  (gadol) (= supremo),[11] o seu nome em Israel” (Sl 76.1).

O Senhor em sua Palavra, além de nos revelar facetas sublimes de sua natureza, nos dá a conhecer aspectos de seu propósito eterno, que envolve o seu amor que antecede à nossa criação, o seu cuidado para conosco nos instruindo como devemos viver, a correção quando nos desviamos, e a garantia final de nossa salvação futura já assegurada.

Aqui vemos uma diferença bastante significativa entre a narrativa/concepção bíblica e toda filosofia antiga. A diferença ontológica está no fato de que Deus se distingue da matéria criada. Ele, somente Ele,  é necessário, essencial, eterno e absoluto; de nada precisa. Toda a criação não é necessária nem se sustenta; é contingente.

A concepção judaico-cristã da criação encontra a sua base e fundamento na Palavra de Deus, por isso, é essencial à nossa consideração, o que o Espírito Santo fez registrar no Livro de Hebreus: “Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem” (Hb 11.3).

 

A. Deus como Autor de todo conhecimento

A existência de Deus não é uma ameaça ao nosso conhecimento, mas é pré-condição necessária e fonte dele. (…) As criaturas podem alcançar conhecimento finito (verdade dependente) porque Deus possui conhecimento infinito (verdade absoluta). – Michael Horton.[12]

As Escrituras começam com uma proposição ontológica-revelacional-histórica. “No princípio Deus”. Há um Deus que existe, antecede à Criação e, no espaço-temporal cria todas as coisas se dando livre e graciosamente a conhecer.[13] Deus não necessita do tempo para criar. No entanto concomitantemente cria o tempo-espaço-matéria de forma revelacional e histórica. Assim, Ele historifica os seus atos que serão narrados, possibilitando-nos conhecê-lo em atos e palavra.

O salmista, como produto dessa revelação e, sob a direção de Deus, exulta: “Quão grandes (gadal), SENHOR, são as tuas obras! Os teus pensamentos  (machashabah) (desígnios,[14] intentos)  que profundos!” (Sl 92.5).[15]

Os seus desígnios, por serem verdadeiros e provenientes do Deus santo, justo e soberano, são inumeráveis e eternos: “O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios  (machashabah) do seu coração, por todas as gerações” (Sl 33.11).

Aqui já nos deparamos com algo grandioso demais para nós. Pensamos sempre em termos de causa e efeito e, dentro das categorias tempo e espaço repletos de circunstâncias temporais, geográficas, culturais, sociais e pessoais.

Antes de prosseguir, assentemos um ponto que desenvolverei mais à frente:  Qualquer concepção fora dessas dimensões (causa-efeito e tempo-espaço) seria impossível ao homem por si só, a menos que o Deus transcendente e pessoal se revele, apresentando uma dimensão do além e depois nos capacitando a percebê-la por graça. Desse modo, sem essa compreensão não seria possível falar de qualquer aspecto metafísico ou imaterial.

 

Deus cria o tempo, matéria e espaço

Portanto, foi dentro dessas categorias tão importantes para nós, que Deus se revelou. Ele criou o tempo, a matéria  e o espaço dentro de uma coligação temporal e multidependente. No entanto, todos preservados pelo seu poder.

A fim de se comunicar conosco, Deus age e fala dentro do tempo e do espaço.  Ele se dá a conhecer também nos eventos da história onde desenvolve o seu propósito  glorioso. As Escrituras se constituem em grande parte em uma narrativa inspirada dos efeitos decorrentes da obediência e desobediência do povo Deus. A história vivencia a doutrina, a ilustrando em suas narrativas.

Na história vemos a demonstração prática dos ensinamentos de Deus, revelando os acertos e fracassos de suas criaturas em serem fiéis ao seu Senhor, e, ao mesmo tempo, a demonstração de sua misericórdia incompreensível que atinge o seu ápice na encarnação do Verbo.

A ontologia, a metafísica e a epistemologia são temas que se imbricam. Para falar da essência da coisa temos que pelo menos admitir que existe um mundo real, independentemente de nosso conhecimento; no entanto, que podemos conhecer. Senão, tudo seria uma mera conversa fiada sem fundamento e, por isso, sem sentido.

Para o cristão, há um só Deus Todo-Poderoso, transcendente e pessoal que se revela possibilitando o nosso relacionamento com Ele e com toda a realidade.[16]

Para o Cristianismo  o conhecimento não parte de baixo, mas de cima. O saber não é uma babel humana planejada pelo homem e totalmente frustrante em seus desejos. A possibilidade e a legitimidade do conhecimento partem de Deus.

Portanto, a plataforma de lançamento do homem para ascender às alturas já começa equivocada pela sua simples idealização, quer seja “descobrindo o divino dentro de si”, quer pela ascensão mística, quer pelo pensamento, reafirmando a sua existência como pretendeu Descartes (1596-1650).[17]

Migliore escreveu com precisão:

A lógica da fé cristã difere radicalmente dessa lógica cartesiana em pelo menos dois aspectos. Primeiro, o ponto de partida da inquirição para o cristão não é a autoconsciência, mas a consciência da realidade de Deus, que é o criador e redentor de todas as coisas. Não “Penso logo existo”, mas “Deus é, logo, nós somos” (Sl 8.1,3-4). (…) Segundo, para a fé e teologia cristãs, a inquirição é deduzida pela fé em Deus em vez de ser uma tentativa de chegar à certeza à parte de Deus.[18]

 

Deus como Arquétipo de toda realidade e conhecimento

Deus como fonte de todo conhecimento tem, naturalmente, a consciência total da perfeição e amplitude do seu conhecimento. Ele se conhece perfeitamente, tendo ciência de toda a sua perfeição: “Em si mesmo Ele é sujeito e objeto de todo conhecimento”, resume Hoeksema (1886-1965).[19]

Somente o Deus Trino –  como Arquétipo de toda a realidade, em sua unidade e multiplicidade –, possui um conhecimento perfeito, arquetípico de si mesmo. Qualquer tipo de conhecimento parte de Deus, que é a sua fonte-matriz inesgotável. Portanto, podemos concluir daí algumas coisas:

1) Deus é o princípium essendi de todo conhecimento, inclusive o científico. Logo,

2) Toda verdade é proveniente de Deus, porque “todas as coisas procedem de Deus”.[20] Portanto, não pode haver contradição entre os diversos ramos do conhecimento legítimo, pois não há contradição em Deus.

3) A ciência e a fé não se contradizem: o mesmo doador da fé (Ef 2.8) é o criador da verdade e de todo conhecimento verdadeiro, inclusive, científico. Logo, quando ambas parecem contraditórias, é porque, ou há uma compreensão errada da fé, ou a considerada ciência, em sua provisoriedade,[21] está laborando em erro.

 

Humildade necessária do teólogo

Por isso é preciso que haja humildade de ambas as partes: do teólogo na interpretação da Palavra de Deus, sempre em submissão ao Espírito de Deus,[22] sem cair num dogmatismo ingênuo nem em um relativismo dogmático que corre sempre atrás dos modismos científicos e filosóficos para adaptar a Teologia.[23]

Podemos cair na armadilha de interpretar as Escrituras conforme teorias científicas atuais elegendo determinada moda acadêmica,[24] a ciência –  ou o que se chama agora de ciência -, de elemento convalidador da Palavra, negando assim, a autoridade das Escrituras e constituindo a ciência em algo acima dela.

Como cristãos, devemos caminhar conscientes de que apesar de nossas limitações, todas as coisas são conciliadas em Cristo (Cl 1.20).

Aliás, devemos nos lembrar de que as interpretações bíblicas feitas a partir de concepções científicas ou filosóficas em voga, se mostrarão vulneráveis conforme tais compreensões se revelarem equivocadas.

É preciso que, nós teólogos, entendamos que trabalhar com a teologia não significa dizer sempre coisas novas, embora reconheçamos “as situações novas que ameaçam a salvação dos homens”,[25] para as quais devemos buscar na Palavra a resposta.

Por outro lado, precisamos entender, que a Palavra de Deus é mais completa e abundante do que qualquer dogma; portanto, o nosso sistema doutrinário, por melhor que seja – e eu estou convencido de que é – não pode ser mais rico do que a Palavra de Deus, como bem observou Berkouwer (1903-1996): “Porventura a Escritura não é mais rica do que qualquer pronunciamento eclesiástico, por mais excelente e atento ao Verbo divino que este possa ser?”.[26] Por isso, o critério último de análise, será sempre “O Espírito Santo falando na Escritura”.[27]

 

Humildade necessário do cientista

O cientista por sua vez, precisa controlar as suas paixões para que não se precipite em suas conclusões, sabendo que na ciência quase nada é definitivo, exceto, talvez, a sua transitoriedade. O vislumbre do horizonte científico pode ser percebido, mas nunca será alcançado. Como bem disse Graça Aranha (1868-1931): “A marcha da ciência é como a nossa na planície do deserto: o horizonte foge sempre”.[28]

Deste modo, parece-me fundamental para o cientista o reexame constante da “ciência”, contudo, tendo como referencial paradigmático, a convicção de que existem conhecimentos absolutos, mas, que nem por isso devem estar acima de nosso exame.

Resumindo, podemos dizer que todas as vezes que houver aparente contradição entre a Ciência e a Teologia, há, na realidade, uma falta de compreensão de uma, ou de ambas as partes. Enquanto o que é perfeito não se concretizar (1Co 13.10), essa tensão sempre existirá em nossas mentes finitas.

Posteriormente li uma posição semelhante em um autor contemporâneo, Bishop:

Como o Espírito Santo é o autor final dos dois livros, o que eles revelam sobre a criação não pode entrar em conflito. Pelo contrário, os conflitos surgem do nosso manuseio dos dois livros. Para o livro da natureza, os cientistas observam e interpretam a criação usando abordagens sistemáticas que levam a teorias bem confirmadas. A cada passo do caminho, existe a possibilidade de má compreensão e erro. Para o livro das Escrituras, trabalhamos com traduções, nos engajamos na exegese e geramos doutrinas e teologias. Novamente, a cada passo do caminho, existe a possibilidade de má compreensão e erros.[29]

O mundo do conhecimento pertence a Deus. Ele é o seu autor e revelador. Logo, todo e qualquer conhecimento quer empírico, quer filosófico, quer científico, quer teológico[30] que o homem tenha ou possa ter, é parte do conhecimento de Deus expresso na sua Criação. Desta forma, podemos dizer que não existe conhecimento fora de Deus.  No entanto, o problema para o homem natural é que ele baniu   arrogantemente de sua possibilidade de conhecimento e relevância, a Deus e consequentemente a Cristo e as Escrituras. O trágico dessa postura, é que quando isso ocorre, o homem se torna um órfão epistemológico.[31]

Mohler Jr., no prefácio à preciosa obra de Frame, caracterizou bem isso:

A rejeição da autoridade bíblica invariavelmente leva à secularização da sociedade. Secular, em termos de conversação sociológica e intelectual contemporânea, refere-se à ausência de qualquer autoridade ou crença teísta vinculativa. É uma ideologia e um resultado. Secularização não é uma ideologia; é uma teoria e um processo sociológico pelo qual as sociedades se tornam menos teístas à medida que se tornam mais modernas. À medida que as sociedades entram em condições de modernidade mais profunda e progressiva, elas saem de situações nas quais existe uma força vinculativa de crença religiosa, e crença teísta em particular. Essas sociedades se mudam para condições nas quais há cada vez menos crença e autoridade teístas, até que quase não há lembrança de que alguma autoridade vinculativa tenha existido. A cultura ocidental secularizou além da autoridade do Deus da Bíblia e quase além da memória de tal autoridade.[32]

Esse homem delimitou-se dentro de uma camisa de força que o venderam como se fosse uma indumentária cognitiva que o permitiria dar o grande salto libertador, mas, sem perceber, ele ficou limitado à razão[33] que, também não funciona bem já que um dos axiomas da razão é que há muito por conhecer além de sua capacidade cognitiva. Além disso, ela operando bem, pode e deve ser uma boa companheira epistemológica, mas não, senhora única e absoluta. [34]

Satanás não sossega. Ele atua também dessa forma, talvez com mais habilidade. para não ferir as suscetibilidade de uma fé frágil causada pela sua ingenuidade ou pelo gradualmente sufocamento provocado pela nossa vaidade. Afinal, Gostamos de erguer bustos com a nossa efígie na praça de nosso coração em constante repaginação arquitetada pelo nosso ego.

Van Til (1895-1987), escreveu com propriedade:

Uma das maiores e, certamente, a primeira vitória do inimigo é a vitória de quebrar a moral do crente. Se ele pode fazer um cristão acreditar que nenhuma revelação redentora sobrenatural é necessária para o homem, porque sua mente é normal e precisa apenas da verificação mútua do companheiro para guiá-la em seu voo, então, Satanás conseguiu muito. O liberalismo atual é um excelente exemplo dessa vitória. O fato de que um naturalismo puro, como o liberalismo, ainda deva ter um lugar dentro de uma igreja cristã mostra que os cristãos dormiram no posto.[35]

A realidade pertence a Deus, quem a criou, e lhe confere sentido. Quando, então nos referimos ao conhecimento que podemos ter do próprio Deus, do seu caráter e majestade, temos de reafirmar a verdade bíblica de que esse conhecimento provém do próprio Deus.

Portanto, Deus só pode ser conhecido por Ele mesmo. Por isso a necessidade de revelação para que possamos conhecê-lo, e nos relacionarmos com Ele.  Deus em sua integridade se revela verdadeiramente  como é em sua natureza essencial,  ainda que não conheçamos a essência de Deus.[36] Porém, nenhuma de suas perfeições esgota a totalidade de seu ser. Este conhecimento resultante da graça é único, singular e pessoal.[37]

Como mais um ingrediente de cautela, devemos entender que o nosso conhecimento de Deus por meio de sua revelação é um “conhecimento-de-servo” delimitado pelo próprio Senhor, considerando, inclusive, o pecado humano. O nosso conhecimento nunca é autorreferente com validade própria e por iniciativa nossa.[38]  “Visto que somos seres finitos e não podemos enxergar o todo da realidade de uma vez, nossa perspectiva da realidade é necessariamente limitada por nossa finitude”, interpretam Geisler (1932-1919) e Bocchino.[39]

Em outras palavras, citando Frame: “É um conhecimento acerca de Deus como Senhor, e um conhecimento que está sujeito a Deus como Senhor”.[40]

 

A ontologia determina em última instância a epistemologia

Aliás, não podemos escapar desse fato que nos humaniza. Por isso mesmo, a realidade sempre é mais importante e complexa do que a nossa percepção e experiência. A ontologia é a determinante de nossa possibilidade epistemológica. No entanto, esta não condiciona a outra. As coisas são o que são independentemente de nossa apreensão. Assim como o nome não delimita nem determina a essência da coisa, a nossa percepção, com seus erros e acertos, não estatui por si só a essência e o alcance da realidade.

A realidade possibilita a experiência e variados aprendizados, porém, a experiência não determina a realidade. Ela pode, e costumeiramente deve, nos ajudar a ver a realidade de modo diferente, de forma mais compatível com a sua natureza. Isso, sem dúvida nos conduzirá a novas experiências e novos aprendizados resultantes dos anteriores. A realidade, portanto, proporciona ensino e renovação. O aprendizado em geral é uma construção ainda que nem sempre tenhamos a dimensão do processo durante o processo. Quem tem olhos e ouvidos vejam, ouçam e aprendam.

Como temos insistido, poder conhecer a Deus é sempre uma iniciativa da graça divina, que se manifesta no fato de Deus se revelar e de nos possibilitar conhecer. O nosso conhecimento é um ato de fé; e esta é procedente da graça.[41]

Mais: não somos nem nunca seremos o padrão de verdade. Os nossos pensamentos e as nossas supostas experiências concretas, por mais nobres que sejam, não têm poder autorreferentes, se constituindo em fundamento de nossas decisões e ensino.[42] Antes, precisam sempre ser validados pela Palavra, que é a verdade (Jo 17.17). Portanto, as nossas apreensões e experiências podem, quando muito, reivindicarem serem verdadeiras – por corresponderem à verdade -, mas não a verdade em si. A verdade pertence somente a Deus.

Só pensamos verdadeiramente quando pensamos à luz da Palavra. Por isso, é que conhecer a Deus é algo singular, sem paralelo, porque somente Deus é soberano e, somente a partir dele podemos conhecê-lo. E tudo isso, por meio de Jesus Cristo, o Deus encarnado,[43] a revelação pessoal de Deus.[44]

Portanto, como cristãos devemos conduzir nossas pesquisas buscando em Deus a sabedoria para desvendar os mistérios revelados na criação a fim de que possamos compreendê-los de forma correta (verdadeira), glorificando a Deus em todo o nosso labor.[45]

 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

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[1] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, O Deus que fala: estudos no Salmo 19, Goiânia, GO.: Editora Vila Nova, 2016; Hermisten M.P. Costa, Fundamentos Pressuposicionais da Teologia Reformada: Apontamentos teóricos e práticos,  Goiânia, GO.: Editora Cruz, 2022.

[2] Veja-se: Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara D’Oeste, SP.: SOCEP, 2001, p. 175.

[3] “No princípio, criou Deus os céus e a terra. (…) 26 Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1.1,26-27). “6 Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles. (…) 9 Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl 36,6,9).

[4] “O Senhor com sabedoria fundou a terra, com inteligência estabeleceu os céus” (Pv 3.19).

[5] “O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios (hb’v’x]m;) (machashabah) do seu coração, por todas as gerações” (Sl 33.11). “Quão grandes (ld;G”) (gadal), SENHOR, são as tuas obras! Os teus pensamentos  (hb’v’x]m;) (machashabah) (= desígnios, intentos) que profundos!” (Sl 92.5).

[6]7Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. 8Quem é o Rei da Glória (dAbK’) (kabod)? O SENHOR, forte e poderoso, o SENHOR, poderoso nas batalhas. 9Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória (dAbK’) (kabod). 10Quem é esse Rei da Glória (dAbK’) (kabod)? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da Glória (dAbK’) (kabod)” (Sl 24.7-10).

[7]33Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! 34 Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? 35 Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? 36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.33-36).

[8] “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Sl 115.3). “Tudo quanto aprouve ao SENHOR, ele o fez, nos céus e na terra, no mar e em todos os abismos” (Sl 135.6). “… O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Is 46.10). “Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Dn 4.35). “Nele (Jesus Cristo), digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1.11).

[9] “A revelação cristã não é somente necessária para que se possa crer no Deus da religião cristã, como também não tem sentido imaginar que se possa conhecer a existência desse mesmo Deus de outro modo que não pela fé em sua própria revelação” (Étienne Gilson, O Filósofo e a Teologia, São Paulo; Santo André, SP.: Paulus; Academia Cristã, 2021, p. 88).

[10] ([d;y”) (yada’). Este conhecimento envolve a capacidade de discernir (Sl 4.4), experimentar (Sl 9.11; 20.7; 25.4.14; 119.75; 139.1,2,4, 14), ver (Sl 16.11); pensar/perceber (Sl 35.8); perfeito conhecimento (Sl 37.18; 44.21; 50.11; 69.5; 94.11; 103.14; 139.23; 142.3); conhecimento íntimo e pessoal (Sl 51.3); intimidade/proximidade (Sl 55.13; 88.18); compreender (Sl 73.16); aprender (Sl 78.3); ensinar (Sl 90.12); fazer notório/manifestar (Sl 98.2; 103.7; 145.12).

[11] Para um estudo mais exaustivo do uso da palavra e de suas variantes, vejam-se: M.G. Abegg, Jr., Gdl: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 798-801; Jan Bergman, et. al., Gâdhal: In: G.J. Botterweck, Helmer Ringgren, eds., Theological Dictionary of the Old Testament, Grand Rapids, MI.: Eerdmans, 1977 (Revised edition), v. 2, p. 390-416. (Para os nossos objetivos, especialmente, as páginas 406-412).

[12] Michael Horton, Doutrinas da fé cristã, São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 62.

[13]Veja-se: Cornelius Van Til, An Introduction to Systematic Theology, Phillipsburg, New Jersey: Presbyterian and Reformed Publishing Co. 1974, p. 22.

[14] Sl 40.5.

[15]Curiosamente, um filósofo pagão, Xenófanes (c. 580-c.460 a.C.), criticando a religiosidade de sua época, propõe uma visão próxima ao monoteísmo ou pelo menos, um “politeísmo não antropomórfico” (W.K.C. Guthrie, Os Sofistas, São Paulo: Paulus, 1995, p. 211), mas, ainda assim, cosmológico, identificando, conforme pontua Aristóteles, o uno, ou seja, o universo (Ver: Giovanni Reale; Dario Antiseri, História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média, São Paulo: Paulus, 1990, v. 1, p. 49.), como sendo Deus (Aristóteles, Metafísica, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 4), 1973, I.5, p. 223). Escreve tendo uma visão grandiosa de deus: “Um único deus, o maior entre deuses e homens, nem na figura, nem no pensamento semelhante aos mortais” (Xenófanes, Frag., 23: In: Gerd A. Bornheim, org., Os Filósofos Pré-Socráticos, 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1977. (Tradução um pouco diferente: In: José Cavalcante de Souza, org., Os Pré-Socráticos, São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, v. 1), 1973, p. 71).

[16] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, Uma fé que investiga e uma ciência que crê, Goiânia, GO.:  Cruz, 2020.

[17]Pascal (1623-1662), faz uma crítica a Descartes: “Não posso perdoar Descartes; bem quisera ele, em toda a sua filosofia, passar sem Deus, mas não pôde evitar de fazê-lo dar um piparote para pôr o mundo em movimento; depois do que, não precisa mais de Deus” (Blaise Pascal, Pensamentos, São Paulo: Abril Cultural, 1973 (Os Pensadores, v. 16), II.77. p. 61-62).

[18] Daniel L. Migliore, Faith Seeking Understanding: An introduction to Christian Theology, Grand Rapids, Michigan,  1991, 1996 (Reprinted), p. 4.

[19]H. Hoeksema, Reformed Dogmatics, 3. ed. Grand Rapids, Michigan: Reformed Free Publishing Association, 1976, p. 15.

[20] João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, (Tt 1.12), p. 318. “Se reputamos ser o Espírito de Deus a fonte única da verdade mesma, onde quer que ela haja de aparecer, nem a rejeitaremos, nem a desprezaremos, a menos que queiramos ser insultuosos para com o Espírito de Deus” (J. Calvino, As Institutas, II.2.15).  “Se o Senhor nos quis deste modo ajudados pela obra e ministério dos ímpios na física, na dialética, na matemática e nas demais áreas do saber, façamos uso destas, para que não soframos o justo castigo de nossa displicência, se negligenciarmos as dádivas de Deus nelas graciosamente oferecidas” (J. Calvino, As Institutas, II.2.16). Esta compreensão esteve sempre presente no pensamento teológico da Igreja; cito alguns exemplos: Justino Mártir (c. 100-165): “…. Tudo o que de bom foi dito por eles (filósofos), pertence a nós, cristãos, porque nós adoramos e amamos, depois de Deus, o Verbo, que procede do mesmo Deus ingênito e inefável” (Justino, Segunda Apologia, São Paulo: Paulus, 1995, XIII.4. p. 104); Agostinho (354-430): “Todo bom e verdadeiro cristão há de saber que a Verdade, em qualquer parte onde se encontre, é propriedade do Senhor. Essa verdade, uma vez reconhecida e professada, o fará rejeitar as ficções supersticiosas que se encontram até nos Livros sagrados” (Santo Agostinho, A Doutrina Cristã, São Paulo: Paulinas, 1991, II.19. p. 122). “A verdade fundamenta-se de modo permanente na razão das coisas e foi estabelecida por Deus” (Santo Agostinho, A Doutrina Cristã, II.33. p. 140-141). “Todo bem procede de Deus. Não há, de fato, realidade alguma que não proceda de Deus” (Santo Agostinho, O Livre-Arbítrio, São Paulo: Paulus, 1995, II.3.20.54. p. 143) (Ver também: Santo Agostinho, A Doutrina Cristã, São Paulo: Paulinas, 1991, II.41. p. 149-151 e II.43. p. 153-154). Strong (1835-1921): “A Ciência e a Escritura lançam luz uma sobre a outra. O mesmo Espírito divino que deu revelação a ambas está ainda presente, capacitando o crente a interpretar uma pela outra e então progressivamente chegar ao conhecimento da verdade” (A.H. Strong, Systematic Theology, 35. ed. Valley Forge, PA.: The Judson Press, 1993, p. 27); A.A. Hodge (1823-1886): “Toda verdade é um só todo” (A.A. Hodge, Esboços de Theologia, Lisboa: Barata & Sanches, 1895, p. 7). Ver também a citação nesta mesma direção de alguns puritanos em Leland Ryken, Santos no Mundo, São José dos Campos, SP.: FIEL, 1992, p. 177-179.

[21]“[A ciência] é provisória e limitada” (Karl Barth, Esboço de uma Dogmática, São Paulo: Fonte Editorial, 2006, p. 7). São pertinentes e embaraçosas as observações de Veith, Jr.: “Aqueles que veem a ciência como algo que produz a verdade imutável deveriam estudar a história da ciência e fazer a si mesmos outras perguntas: Se a ciência tem nos dado uma série de modelos para explicar dados sempre crescentes, podemos esperar que seja absoluto o que a ciência nos diz agora? Daqui a cem anos, a ciência estará nos dizendo o mesmo que nos diz hoje?  (…) Se a ciência de 1500 parece bastante primitiva e ingênua, será que a nossa ciência também não parecerá primitiva e ingênua daqui a quinhentos anos? O que a ciência proclama como fato nem sempre é tão certo para a geração seguinte de cientistas” (Gene Edward Veith, Jr., De todo o teu entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 57. Vejam-se também: K. R. Popper, A Lógica da Investigação Científica, São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, v. 44), 1975, § 85. p. 383, 384; Karl R. Popper, O realismo e o objectivo da ciência, (Pós-Escrito à Lógica da Descoberta Científica, v. 1), Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1987, *27, p. 234-235; Jean Piaget, A Epistemologia Genética, São Paulo: Abril Cultural (Os Pensadores, v. 51), 1975, p. 129-130; Hermisten M.P. Costa, Uma fé que investiga e uma ciência que crê,  Goiânia, GO.: Cruz, 2020.

[22]“A tarefa da dogmática é precisamente reproduzir racionalmente o conteúdo da revelação que se refere ao conhecimento de Deus. Naturalmente, nessa reprodução do conteúdo da revelação, existe o perigo, em muitos níveis, de se cometer enganos e cair em erro. Esse fato deve predispor o teólogo dogmático, assim como todo aquele que se dedica à ciência, à modéstia” (Herman Bavinck, Dogmática Reformada, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 1, p. 45). “Não devemos supor que temos toda a verdade e que não estamos enganados em nada” (A.W. Tozer, O Poder de Deus, 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1986, p. 71). “Insistir que a Palavra de Deus é absoluta não é insistir que todo o conhecimento seja absoluto” (Gene Edward Veith, Jr, De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 65). “A teologia é uma tentativa humana de tirar conclusões da revelação especial de Deus. As regras que controlam esse questionamento são as regras da hermenêutica e da lógica. Para fazer uma boa Teologia deve-se buscar uma objetividade rigorosa quando se procura determinar a verdade, mais sempre com um grau de humildade que reconhece que somente a Escritura é a verdade absoluta. A Teologia pode ser corrompida pelo pecado humano e feita obscura por falta de visão espiritual” (Perry G. Downs, Introdução à Educação Cristã: Ensino e Crescimento, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 15).

[23] Em 1921 Machen (1881-1937) propunha-se a mostrar “que a tentativa liberal de reconciliar o cristianismo com a ciência moderna tem realmente abdicado de tudo o que é peculiar ao cristianismo e, assim, o que permanece é, em essência, apenas aquele mesmo tipo indefinido de aspiração religiosa que havia no mundo antes do cristianismo entrar em cena”. Acrescenta de forma gravemente contundente: “Ao tentar remover do cristianismo tudo o que possivelmente poderia ser objetado em nome da ciência, ao tentar subornar o inimigo através das concessões que este mais deseja, o apologista realmente abandona o que começou a defender” (J.G. Machen, Cristianismo e Liberalismo, São Paulo: Editora os Puritanos, 2001, p. 18-19). “A teologia tem a tendência de ajustar-se a modas, como a filosofia” (A.W. Tozer, O Poder de Deus, 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1986, p. 70).

[24] “A prevalência de uma crença pode não ser um indicador confiável de sua verdade, mas apenas um reflexo das modas intelectuais ou culturais transitórias. O que hoje parece ser permanente e globalmente aceito é com frequência descartado amanhã como uma forma ultrapassada de pensar” (Alister E. McGrath, Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e o sentido das coisas, São Paulo: Hagnos, 2015, p. 19).

[25] G. C. Berkouwer, A Pessoa de Cristo, São Paulo: ASTE., 1964, p. 72. “O Espírito sempre diz a mesma coisa a todo aquele a quem Ele fala, e absolutamente sem atentar para as ênfases doutrinárias ou as modas teológicas que passam. Ele faz cintilar a beleza de Cristo no coração surpreso, e o reverente espírito a recebe com um mínimo de interferência” (A.W. Tozer, O Poder de Deus, 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1986, p. 70).

[26]  G.C. Berkouwer, A Pessoa de Cristo, p. 72.

[27] Confissão de Westminster, I.10.

[28]Apud G.V. do Monte Pereira, redator, Biblioteca Internacional de Obras Célebres, Lisboa: (s.d.), v. 7, p. 3539.

[29] Robert C. Bishop, Metáfora dos dois livros. In: Paul Copan, et al., ed. Dicionário de Cristianismo e Ciência, Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2018 (Edição do Kindle), posição 21614-21622 de 34343.

[30]Quanto aos tipos de conhecimento, veja um resumo em: Hermisten M. P. Costa, Introdução à metodologia das ciências teológicas, Goiânia, GO.: Cruz, 2015.

[31] Cf. Carl F.H. Henry, O Resgate da Fé Cristã,  Brasília, DF.: Monergismo, 2014, p. 35.

[32]R. Albert Mohler Jr., Foreword: In: John M. Frame, A History of Western Philosophy and Theology, Phillipsburg, New Jersey: P&R Publishing Company, 2015, p, xxii.

[33] “A razão natural jamais guiará os homens a Cristo. O fato de serem eles dotados de sabedoria para dirigir suas vidas e de se formarem em filosofia e ciências se reduz e resulta em nada” (João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 1.5),  p. 38).

[34]“Até hoje existem pessoas que falam sobre serem “guiadas” pela razão quando estão, na verdade, sendo limitadas por ela. Elas estão desesperadas para limitar a realidade ao mundo diminuto e apagado que a razão pode provar” (Alister McGrath, A fé e os credos, São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 16). Veja-se: B. Pascal, Pensamentos, São Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, v. 16), 1973, IV.267. p. 110.

[35]Cornelius Van Til, Epistemologia Reformada, Natal, RN.: Nadere Reformatie Publicações, 2020, v. 1, p. 12, E-book.  Posição 170 de 715.

[36] “Deus se revela como ele verdadeiramente é. Seus atributos revelados verdadeiramente revelam sua natureza” (Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 98).

[37] “Conhecer a Deus é uma coisa completamente única, singular, visto que Deus é único, é singular” (John M. Frame, A Doutrina do conhecimento de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 25).

[38]A respeito de um comportamento oposto, escreveu Lloyd-Jones: “Não há maior obra-prima do diabo do que seu sucesso em persuadir as pessoas de que é seu conhecimento superior que as leva a rejeitar o cristianismo. Mas exatamente o oposto é que é verdadeiro. O diabo as mantém na ignorância porque, enquanto permanecerem nela, elas farão o que ele manda. A partir do momento em que recebem a luz – o evangelho é chamado de ‘luz’ – elas veem o diabo e o abandonam” (David Martyn Lloyd-Jones, Uma Nação sob a Ira de Deus: estudos em Isaías 5, 2. ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p. 68).

[39]Norman Geisler; Peter Bocchino, Fundamentos Inabaláveis: resposta aos maiores questionamentos contemporâneos sobre a fé cristã, São Paulo: Vida Nova, 2003, p. 50.  Da mesma maneira, veja-se: Vern S. Poythress, Redimindo a filosofia: uma abordagem teocêntrica às grandes questões, Brasília, DF.: Monergismo, 2019, p. 74ss. Calvino comenta a necessidade da revelação de Deus em Cristo. Argumenta: “Porque, visto que Deus é incompreensível, a fé poderia jamais alcançá-lo, a menos que ela tenha uma consideração imediata por Cristo. Além disso, há duas razões por que a fé poderia estar não em Deus, a não ser que Cristo interviesse como Mediador: primeiro, a grandeza da glória divina deve ser levada em conta e, ao mesmo tempo, a pequenez de nossa capacidade. Nossa acuidade sem dúvida está muito longe de ser capaz de subir tão alto a ponto de compreender a Deus. Daí, todo conhecimento de Deus sem Cristo é um vasto abismo que deglute imediatamente todos nossos pensamentos” (John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996 (Reprinted), v. 22, (1Pe 1.21), p. 53).

[40]John M. Frame, A Doutrina do conhecimento de Deus, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 56.

[41] “Todo conhecimento é fé” (Gordon H. Clark, Uma visão cristã dos Homens e do Mundo, Brasília, DF.: Monergismo, 2013, p. 305).

[42]Veja-se: Francisco L. Schalkwijk, Meditações de um peregrino, São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 127.

[43] “Toda nossa luz e conhecimento consistem (…) em conhecer a Deus na pessoa de seu Filho unigênito. Com isso, digo eu, é que devemos nos contentar” (João Calvino, Sermões em Efésios, Brasília, DF.: Monergismo, 2009, p. 146-147). Veja-se também: John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, 1996 (Reprinted), v. 22, (1Pe 1.21), p. 53.

[44] Vejam-se: Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 25-26; Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 167.

[45] Veja-se: Vern S. Poythress, O Senhorio de Cristo: servindo o nosso Senhor o tempo todo, em toda a vida e de todo o nosso coração, Brasília, DF.: Monergismo, 2019, p. 130.

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