“Nasceu da Virgem Maria”: Maria, mãe de Deus?

Então o que os chamados Sábios e Prudentes pensam desse grande milagre? Bem, eles preferem pensar nele como uma bela história, em vez de um fato sólido. Assim, quando se trata de Cristo aparecer como homem e Deus ― claramente uma consideração divina ― eles têm problemas. Pensam que está abaixo de si crer em coisas que não são humanas, que há coisas que são, de fato, divinas. (…) Para eles, é simplesmente embaraçoso que Deus ande por aí em um corpo estranho e desajustado. Para nós, é claro, é uma visão genuinamente encorajadora. Dito de outra forma, que certamente parecerá perversa aos Tolos e Imprudentes, quanto mais impossível lhes parecer o nascimento virginal de um ser humano, mais divino nos parecerá. – Sto. Agostinho (354-430).[1].

Introdução

Os documentos da Igreja que recebemos, não são infalíveis, nem jamais pretenderam isso; contudo, são os tesouros históricos e teológicos que nos foram legados. A Igreja não pode sobreviver sem a consciência de seu passado, de suas lutas, dificuldades, fracassos e, certamente, por graça,  de suas vitórias. Esta consciência deve gerar em nós um espírito de gratidão, humildade e desafio diante da magnitude da Revelação de Deus.

Na Reforma Protestante do século XVI, o uso de Catecismos e Confissões, foi de grande valia para a educação dos crentes, partindo sempre do princípio da necessidade da fé explícita, de que todos os cristãos devem conhecer a sua fé, sabendo no que creem e porque creem.

Ao estudarmos o Credo Apostólico – ainda que apenas uma pequena cláusula −, devemos fazê-lo com espírito de gratidão, tendo como  desafio nos apropriar das contribuições de nossos pais (tradição) e, em submissão ao mesmo Espírito, partindo das Escrituras e deste patrimônio riquíssimo buscar respostas para as indagações e  questionamentos contemporâneos.

Como filhos obedientes, que honram seus pais, devemos reverentemente dizer: “Ouvimos, ó Deus, com os nossos próprios ouvidos: Nossos pais nos têm contado….” (Sl 44.1).

 

1. O Credo Apostólico

Cantar hinos é da mesma forma uma recitação em conjunto com música; e nenhum hino de que me recordo contém tanta teologia sã, de modo tão coerente, cláusula por cláusula, quanto os Credos apostólico ou niceno. − Carl R. Trueman.[2]

 

    A. Sua origem

O Credo dos Apóstolos tem a sua origem no Credo Romano Antigo, elaborado no segundo século,[3] tendo algumas declarações doutrinárias acrescentadas no decorrer dos primeiros séculos,[4] chegando à sua forma como temos hoje, por volta do sétimo século. Sabemos, portanto, que a sua origem não é apostólica;[5] contudo, a sua autoridade foi derivada de seu conteúdo fundamentalmente bíblico, não de sua suposta origem.[6] Os Reformadores tiveram amplo apreço por ele, excetuando o grupo anabatista.[7]

Tillich (1886-1965), comentando a primeira declaração de fé deste Credo – “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso Criador do Céu e da Terra” –, diz:

Deveríamos pronunciar essas palavras com grande reverência, porque, por meio dessa confissão, o cristianismo se separou da interpretação dualista da realidade presente no paganismo (…). O primeiro artigo do Credo é a grande muralha que o cristianismo ergueu contra o paganismo. Sem essa separação a cristologia teria inevitavelmente se deteriorado num tipo de gnosticismo no qual o Cristo não seria mais do que um dos poderes cósmicos entre outros, embora, talvez, o maior deles.[8]

 

    B. Seu Uso

O Credo Apostólico era usado na preparação dos catecúmenos, professado durante o batismo, servindo também para a devoção privada dos cristãos. Posteriormente passou a ser recitado com a Oração do Senhor no culto público.[9] No nono século ele foi sancionado pelo Imperador Carlos Magno para uso na Igreja e, o papa o incorporou à liturgia Romana.[10]

A Reforma valorizou este Credo,[11] sendo ele usado liturgicamente em muitas de nossas igrejas ainda na atualidade. Calvino (1509-1564) sumariza o seu pensamento a respeito do Credo:

Nele toda a dispensação da nossa salvação é exposta de tal maneira em todas as suas partes que não se omite nem um só ponto. Dou-lhe o nome dos apóstolos, não me preocupando muito com quem terá sido o autor. É grande o número dos que aceitam como certa a atribuição feita pelos antigos da autoria do Símbolo aos apóstolos, quer entendendo que foi escrito por eles em comum, quer pensando que foi uma compilação da sua doutrina, assimilada e filtrada pela reflexão de alguns outros, querendo, contudo, dar-lhe autoridade por meio desse título. Seja como for, não tenho dúvida nenhuma de que, seja qual for a sua origem, desde o início da igreja, e até mesmo desde o tempo dos apóstolos, foi recebido como uma confissão pública e válida da fé cristã. E não é provável que tenha sido composto por algum particular, visto que o tempo todo ele tem tido autoridade inviolável, sempre respeitada, entre os crentes. O que é principal neste caso nos é indubitável, a saber, que toda a história da nossa fé está nele contida em resumo e em excelente ordem, e que não há nada nele que não seja comprovado por diversos testemunhos da Escritura. Tendo conhecimento disso, já não é preciso que nos atormentemos sobre quem é o seu autor, nem que discutamos com outros, a não ser que não achemos suficiente saber que, por este ou por aquele, temos a verdade do Espírito Santo, e queiramos saber, além disso, por qual boca foi declarada ou por qual mão foi escrita.

A analogia feita por Schaff (1819-1893), parece resumir bem o significado deste Credo: “Como a Oração do Senhor é a Oração das orações, o Decálogo a Lei das leis, também o Credo dos Apóstolos é o Credo dos credos”.[12]

 

    C. Sua ênfase Teológica

O Credo Apostólico, ao ser analisado estatística e teologicamente, evidencia de modo contundente que as declarações a respeito da Pessoa e Obra de Cristo são mais expressivas e mais completamente elaboradas do que as referentes ao Pai e ao Espírito. O Credo – ainda que as suas três divisões sejam dedicadas a cada uma das Pessoas da Trindade –, demonstra de forma eloquente ser a Pessoa de Cristo o seu tema. Isto se torna ainda mais evidente, quando apresentamos o Credo Apostólico de forma sinótica:

 

Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do Céu e da Terra

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Deus Pai Todo-Poderoso,

 

 

Creio em Jesus Cristo seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido….

 

nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; no terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao Céu, e está sentado à mão direita de

 

de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

Por obra do Espírito Santo,   

Creio no Espírito Santo….

 

De semelhante modo, o Credo Niceno (325) procede: após falar do Pai e mais exaustivamente do Filho, diz: “[cremos] no Espírito Santo”.[13]

Este quase silêncio quanto à doutrina do Espírito Santo,[14] pode ser explicado 1) pelo fato de que nos primórdios da história da igreja cristã, poucos movimentos levantaram questões consideradas sérias a respeito da sua pessoa e divindade[15] e, menos ainda a respeito do Pai. 2) Outro motivo, é a necessidade de o tema ser amadurecido na Igreja pelo seu estudo e vivência cristã. Era necessário que os fundamentos das doutrinas fossem mais bem sedimentados na igreja em sua gradativa compreensão e sistematização da Palavra, o que ocorreria na Reforma do Século XVI.[16]

Retomando o primeiro argumento, para ser mais preciso, podemos mencionar Orígenes (c. 184-254), que inspirando-se em Tertuliano (c. 155-220) foi mais longe do que ele, dizendo que o Filho era subordinado ao Pai[17] e o Espírito subordinado ao Filho.[18]

Por volta do ano 360, encontramos Atanásio (c. 296-373), bispo de Alexandria (328-373) combatendo um grupo de cristãos egípcios, que ele chamou de “tropicianos” (derivado de Tro/poj = “figura”, “forma”), pelo modo figurado de interpretar as Escrituras. Este grupo que, ao que parece, teve uma influência apenas local, com uma hermenêutica tendenciosa de Am 4.13; Zc 1.9 (LXX) e 1Tm 5.21, cria ser o Espírito meramente um anjo hierarquicamente superior aos outros.[19]

Ainda no 4º século, apareceu o macedonismo,[20] uma das facções do arianismo,[21] ensinando que o Espírito Santo era uma criação do Filho, que se destinava a atuar em nós e no mundo, sendo, desta forma, subordinado ao Filho.[22] Esta heresia foi condenada pelo Concílio de Constantinopla em 381, que estabeleceu definitivamente a identidade do Espírito. Este Concílio tomou o Credo Niceno e o ampliou. Na cláusula sobre o Espírito, afirmou: “(cremos) no ESPÍRITO SANTO, o Senhor e Vivificador, o que procede do Pai (e do Filho),[23] e que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o que falou através dos profetas….”.[24]

2. Maria no Credo

Como demonstramos, a grande ênfase do Credo Apostólico é afirmar a sua fé na Trindade, realçando a divindade e a humanidade de Jesus Cristo. E Maria, onde entra do Credo? Aqui devemos enfatizar alguns aspectos que nos parecem evidentes à luz das lutas enfrentadas pela Igreja nos primeiros séculos:

 

    A. A fé Cristã não é Docética – Combate ao Gnosticismo

Nome derivado do grego gnw/sij, “conhecimento”. Este grupo extremamente “amorfo”,[25] surgiu provavelmente no primeiro século.[26] Os gnósticos pretendiam ter um conhecimento esotérico, secreto e especulativo de Deus. Ensinavam que somente aqueles que tivessem acesso a uma forma secreta – conhecida pelos gnósticos – de interpretar a Bíblia poderiam entendê-la e, portanto, obter a salvação.[27]

Na busca de um conhecimento maior, o gnosticismo se caracterizava por ser altamente especulativo, fazendo um sincretismo de elementos gregos, judeus, cristãos e orientais, buscando uma explicação peculiar para a origem do mal. Irineu (c. 130- c. 200), os retrata como hereges que corromperam a doutrina cristã mesclando-a com a filosofia pagã.[28] No entanto, ao que parece, muitos dos mestres gnósticos eram cristãos sinceros, desejosos de expressar o Evangelho de forma que parecesse satisfatório aos seus contemporâneos. Contudo, foram infelizes em sua tentativa, sacrificando o conceito bíblico do Logos divino, em prol de seus pressupostos filosóficos.[29]

Uma das preocupações dominantes nos sistemas gnósticos era com a questão da dualidade, caracterizada pela miséria e futilidade da vida humana neste mundo: vida aprisionada pelo corpo material, e o contraste com a ordem superior, inteiramente espiritual, que não se comunica com a matéria.

A matéria é má, e Deus, o Pai supremo (Bythos), é o Éon perfeito; por isso, Deus não pode ter criado o mundo; “o que Deus fez foi lançar uma série de emanações (30).[30] Cada uma destas emanações distanciou-se mais de Deus, até que por último houve uma emanação tão distante que pôde tocar a matéria. Esta emanação (Demiurgo, identificado como o Deus do Antigo Testamento) foi a que criou o mundo (…). Os gnósticos sustentavam que cada emanação conhecia cada vez menos a Deus, até chegar a um ponto que as emanações não só ignoravam a Deus senão que lhe eram hostis. Assim chegaram, finalmente, à conclusão de que o deus criador não só era distinto do Deus verdadeiro, senão que o ignorava e lhe era ativamente hostil”.[31]

Para os gnósticos, Deus (Bythos) não tinha nada a ver com este universo, daí, possivelmente, a afirmação de João: “Todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3).

Márcion (? – c. 165) o herege de Sinope[32] – cujos ensinamentos perduraram no Oriente até o século VII – ainda que sustentasse alguns conceitos gnósticos, ensinando também a ideia de dois deuses, diferentemente do “gnosticismo tradicional”, não identificou o “Demiurgo” como o autor do mal.[33]

A respeito da Pessoa de Cristo, havia dentro do gnosticismo, uma variedade de ideias, a saber:

a) Jesus era uma das trinta emanações “aeons” do Deus bom “Bythos”, emitidas para entrar em contato com a matéria que é má. Assim sendo, Jesus não é divino, é apenas uma espécie de semideus, uma entidade entre Deus e os homens.

b) Partindo do princípio filosófico de que a matéria é essencialmente má, afirmavam que Jesus não tinha corpo real; deste modo, ele era uma espécie de fantasma, sem carne e sangue reais. Jesus era uma ilusão; parecia homem, mas não era (docetismo);[34] o filho de Deus, que era real, apenas usava o Jesus humano como meio de expressão; a encarnação, portanto, era apenas uma ilusão.[35] Por trás deste conceito, estava a concepção de que Deus não pode sofrer; logo, se Cristo sofreu, ele não era Deus; e se ele era Deus, não poderia sofrer. Então, o sofrimento de Cristo teria sido apenas na aparência, não real. Inácio, bispo de Antioquia, no início do segundo século (c. 110) combateu ferreamente o docetismo, afirmando a divindade e a humanidade de Cristo.[36] Do mesmo modo, Policarpo (c. 75-c. 160), bispo de Esmirna, escreve aos filipenses: “Qualquer que não confesse que Jesus Cristo veio em carne, é um anticristo. E quem não confessa o testemunho da cruz, é do diabo”.[37]

Alguns diziam que quando Ele andava, não deixava pegadas, porque seu corpo não tinha peso nem substância. João, de modo especial, combateu este tipo de conceito em seus escritos.

c) Jesus era um homem comum que foi usado pelo Espírito de Deus e abandonado no Calvário, não havendo de fato encarnação. (Vejam-se: Jo 1.14; 20.31; Cl 1.19; 2.9; 1Jo 2.22; 4.1-3,15; 5.1,5,6; 2Jo 7).[38]

 

    B. O nascimento de Jesus Cristo foi sobrenatural

O nascimento virginal é colocado como guarda à porta do mistério do Natal, e nenhum de nós deve pensar em passar correndo por ele. Ele se encontra no limiar do Novo Testamento, ostensivamente sobrenatural, desafiando nosso racionalismo, informando a todos nós que tudo o que vem a seguir pertence a essa mesma ordem, e que se nós o consideramos ofensivo, não faz sentido prosseguir. − Donald Macleod (1940-2023).[39]

 

A narrativa Bíblica

18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. (…) 20 Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. (Mt 1.18,20).

Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus. (Lc 1.35).

Por isso,  ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste. (Hb 10.5).[40]

O nascimento de Jesus Cristo foi uma atividade Trinitária. O Logos eterno ativamente se fez homem. No entanto, como é comum nas Escrituras, determinadas atividades, mesmo que às vezes intercambiáveis, são atribuídas mais especificamente a uma das Pessoas.

O nascimento sobrenatural de Cristo é mais especificamente atribuído à Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Santo. As Escrituras sem detalhar o fato, nos mostram com clareza a ação misteriosa do Espírito. A clareza do mistério é justamente para que não tentemos investigar o que aprouve a Deus não revelar.

Ele veio sobre Maria a revestindo com o seu poder preservador.[41] O Espírito “formou o corpo e dotou a alma humana de Cristo com todas as qualificações para sua obra”, comenta Hodge (1797-1878).[42] Este foi algo processual, obedecendo as etapas naturais do desenvolvimento do feto no útero materno. Ao mesmo tempo, o Logos eterno esteve desde o início unido ao feto humano concebido pelo Espírito.[43] Mas, o Logos não deificou a natureza humana de Cristo, o que anularia a sua natureza humana.[44] Por isso, Ele foi concebido miraculosamente como Deus-Homem.

A humilhação do Filho historicamente iniciou-se ali, na encarnação, no útero de Maria. E assim foi a sua vida e ministério, com alguns poucos vislumbres de glória aqui e ali, até o início da glorificação por meio da sua ressurreição.

Aspectos desses fatos são descritos pelo Evangelista Lucas de forma simples e bela:

4José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi,  5 a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.  6 Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, 7e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.  8 Havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite.  9 E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor.  10 O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo:  11 é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.  12 E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura (…)  22 Passados os dias da purificação deles segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor (…).27 Movido pelo Espírito, foi ao templo; e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei ordenava,  28 Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus (…) 40 Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.  41 Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a Festa da Páscoa.  42 Quando ele atingiu os doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. (…)  52 E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. (Lc 2.4-12; 22,27-28,40-42,52).

Jesus nasceu como uma criança normal – após cumprirem-se os dias –; não sabendo falar, nem andar. Desenvolveu-se como uma criança comum, tendo que ser trocado, dado banho, amamentado, cuidado, conduzido, tomado nos braços, enfim passou por todas as experiências possíveis a uma criança normal.  Tendo também que ser educado, estimulado, aconselhado e corrigido pelos pais dentro de um processo natural.

Este é um dos mistérios insondáveis da Palavra de Deus. No entanto, é este fato – miraculoso e incompreensível às nossas mentes finitas –, que dá sentido a todo o Novo Testamento.[45] Devemos nos alimentar da Revelação e nos contentar com isso, sem o desejo irreverente e insano de elucidar o que Senhor não quis revelar.[46] O que Deus nos revelou é pouco para nós? Saibamos, contudo, que é muito mais do que podemos conceber.[47] O pouco que revelou em relação ao todo, é demasiado para a nossa capacidade de compreensão.

O Logos eterno tomou uma natureza humana naturalmente incapaz de qualquer ação santa sem o poder do Espírito Santo; daí a necessidade da ação santificadora e preservadora do Espírito, o preenchendo com a sua graça.[48]

Na encarnação, o Espírito preservou a Jesus Cristo da mancha do pecado original que é a herança de todo ser humano, fazendo com que Ele tivesse uma natureza imaculada. O Espírito conservou a santidade e a impecabilidade daquele que nasceria. Se assim não fosse, Cristo não poderia se oferecer pelo seu povo, apresentando um perfeito sacrifício vicário, sem mácula e de valor eterno (Is 11.1-3; Jo 3.34; 2Co 5.21; Hb 7.26,27; 1Pe 1.18-21; 3.18).[49]

Calvino, comentando o Credo Apostólico, resume:

Consequentemente, diz a Palavra de Deus que Ele foi concebido pelo Espírito Santo porque não convinha que aquele que fosse enviado para purificar os outros tivesse uma origem impura e contaminada. Porquanto, não seria razoável que o corpo humano que a essência de Deus iria tomar para Sua habitação estivesse contaminado pela corrupção universal dos homens.

Por isso o Espírito Santo agiu nesse mister e sobrepujou a lei ordinária da natureza, por Seu poder admirável e incompreensível para nós. Porque Ele fez com que Jesus Cristo não fosse maculado por nenhuma nódoa nem por nenhuma forma de corrupção carnal, mas nascesse com perfeita santidade e pureza.[50]

 

    C. Jesus Cristo é verdadeiramente homem

Se alguma vez você tiver dificuldade sobre a encarnação, só esta oração [Jo 17.1], a oração da vida do nosso Senhor em geral deveria colocá-lo imediatamente em paz, e mantê-lo em paz. Ele é verdadeiramente homem. Não é o caso de Deus numa espécie de corpo de fantasma, não é uma teofania, é a encarnação, a Palavra feita carne e habitando entre nós. Ele é verdadeiramente Deus, sim, mas é verdadeiramente homem. (…) Portanto, observar o nosso Senhor enquanto ora é talvez uma das portas mais maravilhosas de entrada ao grande mistério da Sua bendita Pessoa”  – D.M Lloyd-Jones (1899-1981).[51]

A Bíblia declara e demonstra de forma enfática que Jesus Cristo é também perfeitamente homem; ou seja, Ele viveu como um homem sujeito aos mesmos limites do ser humano. Todavia, o que em geral causa muita confusão em nossas mentes, é o fato de nos esquecermos que Ele era um homem sem pecado (Jo 8.46; 2Co 5.21; Hb 4.15);[52] e também, porque todo o nosso referencial existencial para analisar isto, é vivido e conhecido dentro de um contexto pecaminoso; ou seja, nós não sabemos o que é ser homem sem o estigma do pecado, já que todos pecaram (Rm 3.23; 5.12).

Talvez seja por isso que, frequentemente é mais fácil para nós o olharmos como Deus e pronto. A sua humanidade causa embaraços para nós, especialmente, quando as Escrituras apontam para o fato de que Ele, o nosso Senhor, é o nosso modelo de vida, ao qual devemos imitar (1Pe 2.21-23).[53]

Grudem comenta:

Ele era tão plenamente humano que mesmo os que viveram e trabalharam com ele por trinta anos, mesmo os irmãos que cresceram na casa dele, não percebiam que era um tanto superior a outros seres humanos muito bons. Ao que parece, não tinham ideia de que fosse Deus vindo em carne.[54]

O Antigo Testamento aponta para a divindade e humanidade do Messias, Jesus Cristo. E mais, o próprio Senhor Jesus está ali.[55] Por isso, toda pregação bíblica deve ser Cristocêntrica.[56]

Em Isaías, lemos: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6).

Paulo, inspirado por Deus, faz eco a esse ensinamento, dizendo: 3 Com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi 4 e foi designado Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.3-4).

Paulo escreve aos Coríntios: “Sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1Co 2.8).

Os escritores do Novo Testamento, em nenhum momento demonstraram preocupações com as implicações metafísicas (transcendentes) concernentes à Pessoa de Cristo. Quando eles falam de Cristo, fazem-no de modo suficientemente claro demonstrando que a  divindade e a humanidade de Cristo são verdades que se constituem em condição básica e essencial para a sua obra expiatória. Paulo diz que Jesus se fez semelhante na aparência da carne pecaminosa, porém, essencialmente sem pecado. Ele é paradoxalmente essencialmente humano, porém, sem pecado:

Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança (o(moi/wma) de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado (Rm 8.3).

Em favor do seu povo, Jesus Cristo, no seu estado de humilhação, se priva temporariamente da manifestação de sua glória.[57]

Paulo, em passagem magistral traça aspectos fundamentais da vida de Cristo, uma única pessoa, de eternidade a eternidade:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,  6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual  a Deus;  7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,  10para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra,  11e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2.5-11).

Aqui não há nenhum docetismo. Jesus Cristo não é apenas um ser celestial com aparência exterior humana, antes, é verdadeira e plenamente humano, porém, sem pecado.[58] (Vejam-se, também: Jo 1.18; Cl 1.13-22; Hb 1 e 2; 4.4-5.10; 7.1-10.18; 1Jo 1.1-2.2).

Jesus Cristo encarnado é tão essencialmente Deus como essencialmente homem. Ele não pode deixar de ser Deus e, após a encarnação, não deixará de ser essencialmente homem. (Mt 26.64; Jo 3.13; At 7.56).[59]

Deus não pode deixar de ser o Deus glorioso. Na encarnação Ele ocultou externamente a sua glória aos olhos dos homens.[60] De certa forma, a sua glória foi envolta em nuvens, velada na própria encarnação, como uma expressão de seu estado de humilhação.

Nosso Senhor privou-se também da alegria de estar diante do Pai, sem as limitações próprias da encarnação, com todos os agravantes resultantes do pecado humano: Fez-se pobre por amor a nós (2Co 8.9).[61]

Todavia, já na metade do primeiro século da Era Cristã, surgiram alguns homens dispostos a negar a verdadeira humanidade de Cristo, contra os quais João escreveu veementemente:

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. (Jo 1.14). 

1Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.  2 Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;  3 e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo. 4 Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.  5 Eles procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve.  6 Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro. (1Jo 4.1-6).

Se formos sinceros em nossa investigação bíblica, não restam muitas alternativas para nós. Ou Jesus Cristo é de fato Deus conforme o seu próprio testemunho e, assim, podemos então considerá-lo de forma decorrente como um grande mestre, um bom homem, justo e misericordioso ou, senão, Ele é um farsante não merecendo a nossa fé nem mesmo o nosso respeito.

Barth (1886-1968) coerentemente afirma que a Escritura não nos deixa vagueando em nossa fé, antes, quando nos fala de Deus, aponta para Jesus Cristo, em Quem nossa atenção e pensamentos devem se concentrar.[62]

Stott (1921-2011) coloca a questão nestes termos: “Jesus deve ser adorado ou apenas admirado? Se Ele é Deus, é digno de nossa adoração, fé e obediência; se não é Deus, dedicar a ele essa devoção é idolatria”.[63]

D. A unipersonalidade do Verbo encarnado

Temos aqui  (Jo 1.14) dois importantes artigos da fé. Primeiro: em Cristo as duas naturezas foram unidas numa só pessoa, de tal forma que um e o mesmo Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Segundo: a unidade de sua pessoa não impede suas naturezas de permanecerem distintas, de tal modo que a divindade retém o que lhe é inerente, e a humanidade, de igual modo, mantém separadamente o que lhe pertence. – João Calvino.[64]

Com esse nome, queremos dizer que Jesus Cristo mesmo tendo duas naturezas, possuía apenas uma personalidade, a qual reunia perfeitamente as suas duas naturezas, sem haver fragmentação no seu comportamento. Jesus Cristo sempre agiu como Deus-Homem. “O que importa é sustentar que todos e quaisquer atos de Cristo são atos da única Pessoa do Verbo encarnado: mesmo na sangrenta paixão e na morte é ilícito separar a natureza humana da Divina”, destaca Berkouwer (1903-1996).[65]

Podemos elencar algumas evidências bíblicas:

     1) Jesus Cristo fala de si mesmo como uma única pessoa; não havendo o intercâmbio entre um “Eu” e um “Tu” entre as duas naturezas:

Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti. (…) 4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer;  5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.  (…)  22 Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos;  23 eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. (Jo 17.1,4,5,22,23).

2) Os pronomes pessoais atribuídos a Ele são sempre referentes a uma pessoa.

3) Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não havendo uma preponderância do divino sobre o humano nem do humano sobre o divino. Não podemos falar biblicamente – como muitas vezes somos tentados a pensar –, em Jesus agindo, pensando e falando como homem em alguns textos e, em outros como Deus. Jesus é o verbo de Deus encarnado que vive, sofre, morre e ressuscita como tal. Jesus Cristo não tem personalidade fragmentada, sendo em alguns momentos Deus e em outros, homem. Por isso, os atributos da sua divindade bem como de sua humanidade, são atribuídos a uma só pessoa. Ilustremos isso biblicamente:

a) Isabel dirigindo-se a Maria que a visitara, refere-se a ela como Mãe do Senhor: “E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? (Lc 1.43).

b) O anjo enviado por Deus anuncia o nascimento de Jesus Cristo: “É que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).

c) João Batista dá testemunho de Jesus Cristo: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18).

d) Jesus Cristo referindo-se a si mesmo: “Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu” (Jo 3.13).

e) Jesus Cristo falando aos seus discípulos: “Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava?” (Jo 6.62).

f) Pedro discursando no templo diz que os judeus mataram o Autor da vida: “Dessarte, matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas” (At 3.15).

g) Paulo instruindo os presbíteros de Éfeso em Mileto, fala do sangue de Deus: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At 20.28).

h) Paulo refere-se a Cristo como Deus bendito: “Deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!” (Rm 9.5).

i) Paulo diz que os homens em sua ignorância crucificaram o Senhor da glória:

A maioria das pessoas que conviveu com Jesus Cristo durante o seu ministério terreno não conseguia perceber que aquele homem tão acessível, amado e odiado, reverenciado e temido, era o próprio Deus encarnado. O Deus, o Senhor da glória.[66]

Paulo escreve aos coríntios mostrando a nulidade do conhecimento humano diante da sublimidade de Cristo, o Senhor: “Sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor (ku/rioj) da glória” (1Co 2.8/Tg 2.1/Jo 17.1-5).

“O paradoxo é surpreendente [Jo 1.14]. O Criador assumiu a fragilidade humana de suas criaturas. O eterno entrou no tempo. O onipotente fez-se vulnerável. O santíssimo expôs-se à tentação. E por fim o imortal morreu”, constata Stott (1921-2011).[67]

j) Paulo afirma que em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade:8Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; 9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.8-9).[68]

       Além dos textos citados, leiam também: Mt 1.21; Lc 1.31-33; Gl 4.4; Fp 2.6-11, Cl 1.13-20; Hb 1.1-2.

4) Todos os que se referiam a Jesus Cristo, faziam menção de apenas uma só pessoa:

À pergunta de Jesus Cristo a respeito de sua identidade. Pedro responde de forma confiante e incisiva: “….Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16).

No final do primeiro século, como vimos, João combatendo ensinamentos de falsos mestres que penetravam a igreja, instrui:

“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.  2 Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus” (1Jo 4.1-2).

5) Em muitos textos a sua divindade e humanidade aparecem concomitantemente com clareza cristalina.

a) O mesmo Jesus que participa socialmente de uma festa de casamento em Caná, é Aquele que ao ser informado sobre o término do vinho, transforma a água em vinho, sendo este de melhor qualidade do que o anterior (Jo 2.1-11). Como a composição de todas as coisas foi criada e é preservada por Ele, as transformações podem ser feitas conforme a sua soberana e poderosa vontade (Cl 1.17; Hb 1.3).[69]

b) Ele é o mesmo mestre que cansado depois de um dia de curas, ensinamentos e caminhadas, adormece profundamente no barco. Desperto pelos seus discípulos, assustados com a tempestade, repreende o mar e os ventos, havendo grande bonança (Mt 8.23-26). “E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mt 8.27).

 

    E. Maria, mãe de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem

A teologia, se verdadeiramente quiser ser escriturística e cristã, não pode fazer nada melhor, no momento, do que sustentar a doutrina das duas naturezas. (…) O mistério da união das duas naturezas divina e humana em Cristo excede totalmente toda a nossa capacidade de falar e pensar nele. Toda comparação falha, pois ela não tem igual. Mas é, portanto, o mistério da piedade, que os anjos desejam investigar e a igreja adora religiosamente. − Herman Bavinck (1854-1921).[70]

Conforme pudemos perceber, já nos primeiros séculos da Era Cristã, surgiram diversas heresias concernentes à Pessoa de Cristo e à relação das Suas duas Naturezas. Essas heresias ora negavam a divindade ora diminuíam a humanidade de Cristo. Alguns teólogos, no afã de combater alguma forma de erro, caíram com frequência em outro; passando a existir daí, não mais uma heresia, mas duas!

Segundo Grudem, essas heresias surgiram da negação de um desses princípios fundamentais, a saber: a) Deus é três pessoas; b) Cada pessoa é plenamente Deus e, c) Só há um Deus.[71]

Notemos também, que nos primeiros séculos, a Igreja confessou direta e indiretamente a Santíssima Trindade, a divindade do Filho e do Espírito; isto estava implícito de várias formas: no batismo, na “bênção apostólica” e no recitar do Credo Apostólico. O problema surge na elaboração desta verdade de modo compreensível.

Na formulação da doutrina é que a Igreja se viu em sérias dificuldades: como tornar compreensível doutrinas entremeadas de mistérios? Este foi um dos problemas. Na tentativa da verbalização da doutrina é que muitas heresias surgiram…

Quanto à segunda pessoa da trindade, a preocupação predominante, concentrava-se em tentar responder à pergunta concernente à divindade de Jesus.

Segundo (1925-1996) resume bem a questão:

Durante os quatro primeiros séculos que se seguiram à morte de Cristo, mais exatamente até os concílios de Nicéia (325), Éfeso (431) e Calcedônia (451), grande parte dessa criatividade cristológica foi dirigida a responder, de maneira cabal, à pergunta (…) Jesus de Nazaré é Deus?[72]

Apresento abaixo duas das heresias que estão ligadas direta ou indiretamente à expressão “Maria mãe de Deus”.

 

1) O Eutiquianismo

Nome derivado de Êutico (= Eutiques, Eutíquio) (c.378-454), arquimadrita[73] de um mosteiro em Constantinopla, discípulo de Cirilo de Alexandria. A sua doutrina consiste numa reação ao Nestorianismo. Ele sustentou que a encarnação é o resultado da fusão do divino com o humano em Jesus, sendo a natureza humana absorvida pela divina ou, que desta fusão surgisse uma nova substância “híbrida”;[74] um “terceiro tipo de natureza.”[75] Assim, sua posição envolvia uma pessoa e uma natureza. Ele foi o fundador do “Monofisismo”: Cristo tem uma única natureza; a divina revestida de carne humana. Observem que dentro desta perspectiva, Jesus não salvaria ninguém, já que Ele não seria verdadeiro homem nem verdadeiro Deus…

O Eutiquianismo foi condenado no Sínodo Permanente de Constantinopla (22/11/448).[76] Todavia, em outro Concílio, convocado pelo imperador Teodósio II (408-450), realizado em Éfeso (08/449), Êutico foi reabilitado.[77] Isto ocorreu a revelia do bispo de Roma Leão I, “o Grande”,[78] que havia elaborado uma “Carta Dogmática” ouTomo[79] (13/06/449) combatendo a doutrina da natureza única de Cristo. Dióscoro, sucessor de Cirilo († 444) como patriarca de Antioquia, foi quem presidiu este Concílio – com plenos poderes imperiais[80] –, impedindo inclusive que os três legados do bispo de Roma lessem a sua “Carta Dogmática” perante o Concílio.[81]

No entanto, dois anos depois, foi convocado o Concílio de Calcedônia (23/05/451)[82] pelo imperador Marciano, que casou-se com Pulquéria (irmã do imperador Teodósio II, falecido prematuramente numa queda de cavalo (28/07/450)). Calcedônia anulou a decisão de Éfeso e o invalidou como Concílio verdadeiramente ecumênico, condenando o Eutiquianismo, exilando Êutico e Dióscoro. Contudo, o Eutiquianismo continuou vigorando como ensinamento genuíno na Igreja Egípcia.

2) O Nestorianismo e o Concílio de Eféso (431)

Nome proveniente de Nestório (380-451), Bispo de Constantinopla (428-431). Adversário voraz do Arianismo, seu primeiro ato oficial como patriarca, foi incendiar uma capela ariana.[83]

Nestório, numa série de sermões proferidos em 428, combateu uma designação popular dada à Maria de “Qeoto/koj” (“Mãe de Deus”).[84] Esta fórmula seria usada pouco depois pelo Concílio de Éfeso (431), alcunhada por Cirilo de Alexandria.[85]

 

Maria, mãe de quem?

Deve ser dito que Concílio de Éfeso utilizou esta expressão não como uma atribuição de majestade a Maria[86] mas sim, como reconhecimento de que o que dela nasceu, por obra do Espírito Santo, era o Filho de Deus, o Deus encarnado desde à concepção.

A expressão também ressalta, que Maria não foi mãe simplesmente da natureza humana de Jesus, mas sim, da pessoa Teantrópica de Jesus Cristo.[87] A expressão é boa? Não. Talvez ela seja inspirada em Lc 1.43, quando Isabel diz a Maria, grávida: “E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor?” (Lc 1.43). Contudo, foi a melhor que se pôde elaborar naquele contexto para expressar a afirmação desta verdade bíblica.

Parece-nos melhor a declaração de que Maria é mãe de Jesus Cristo, Aquele que é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. O fato é que mesmo involuntariamente, o Concílio de Éfeso – cidade que fora famosa por sua adoração à deusa Ártemis (Diana) (At 19) − contribuiu para a deificação de Maria.[88]

Nestório, por sua vez – fugindo do que considerava o extremo oposto, que dizia ser Maria “a)nqropoto/koj” (“Mãe do homem”)[89] – entendia que a expressão correta seria “Xristoto/koj” (“Mãe de Cristo”),[90] ou mesmo, “Qeodo/xoj” (“que recebe[91] a Deus”), por considerar distintas as qualidades da divindade e da humanidade. Deste modo, aceitando a sua posição, podemos perceber logo de início o problema da encarnação do Verbo: o menino que nasceu de Maria era Deus-Homem?.

Nestório tentando refutar o Eutiquianismo, ensinava (?)[92] que Jesus Cristo era constituído de duas pessoas e duas naturezas. Sustentava que cada uma das duas naturezas de Jesus tinha a sua própria subsistência e personalidade; a união entre elas não era ontológica, mas apenas moral, simpática e afetiva.

Os seus ensinamentos foram rejeitados no Concílio de Éfeso (431) e de Calcedônia (451). Ele foi mandado para um mosteiro em Antioquia, depois exilado (435/436) na distante cidade de Petra na Arábia e finalmente foi para o oásis de Upper no Egito, onde passaria o resto de seus dias.[93]

O Nestorianismo permaneceu na Pérsia, onde seus seguidores estabeleceram um eficiente trabalho missionário que permitiu a sua proliferação na Arábia, Índia, Turquestão e China, espalhando-se por diversas regiões da Ásia. Ainda hoje sobrevive o Nestorianismo (“Caldeus Uniatos”) na Mesopotâmia, Pérsia e Síria, havendo um grupo alinhado com a Igreja de Roma e outro independente (“Igreja Nestoriana Não-Unida”).[94]

Implicações doutrinárias e práticas

  • Não podemos compreender exaustivamente a encarnação do Verbo. Todavia, faremos bem em deixar que a nossa mente e o nosso coração sejam guiados pela Palavra. Somente Deus pela iluminação do Espírito por intermédio de sua Palavra poderá nos instruir a respeito de si mesmo (Leia: Sl 119.18; Jo 14.26; 16.13).[95]
  • Deus deseja que o conheçamos não para a nossa vaidade intelectual mas, sim, para que o adoremos melhor.
  • A natureza divina de Cristo não foi humanizada, nem a natureza humana foi divinizada. Jesus Cristo continuou sendo homem com todas as suas propriedades não pecaminosas e, continuou sendo Deus com todo o seu poder; porém, sem fazer uso necessário do mesmo (Mt 26.53-54).
  • A encarnação tem a sua origem na bondade de Deus; entretanto, ela se tornou necessária devido ao nosso pecado. Todo o sofrimento de Jesus Cristo tem como causa motora o seu amor eterno pelos pecadores eleitos (Jo 3.16).[96]
  • Não existe Cristianismo sem a pessoa de Cristo. Enquanto nas diversas religiões o ponto central está no que foi ensinado, no Cristianismo o ponto central, vital e convergente é a Pessoa de Cristo.[97] Mais do que um ensino, o Cristianismo é uma Pessoa: Jesus Cristo; verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
  • “….Não há nada que Satanás mais tente fazer do que levantar névoas para obscurecer Cristo; pois ele sabe que dessa forma o caminho está aberto para todo tipo de falsidade. Assim, o único meio de manter e também restaurar a doutrina pura é colocar Cristo diante de nossos olhos, exatamente como Ele é, com todas as Suas bênçãos, para que Seu poder possa ser verdadeiramente percebido”.[98]
  • Maria,deve ser honrada como agraciada e piedosa serva de Deus (Lc 1.28-30). O seu testemunho de submissão e consagração é notório. Portanto, deve ser imitado (Lc 1.38; 46-55/1Co 11.1; 1Ts 1.6; 3Jo 11). Os equívocos históricos concernentes ao seu papel na história da salvação, não nos devem conduzir ao outro extremo de desmerecer àquela a quem aprouve ao Senhor constituir como mãe do seu Filho encarnado (Lc 1.31-35).

As palavras de Calvino parecem-me balizadoras: “São os próprios papistas que fazem a Maria uma cruel injúria quando, a fim de desfigurá-la com falsos louvores, arrebatam de Deus o que lhe pertence”.[99]

  • “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece, não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem assim o Pai, como o Filho” (2Jo 9).
  • Estamos convencidos de que a genuína piedade bíblica (eu)se/beia)[100] começa pela compreensão correta do mistério de Cristo, conforme nos diz Paulo: “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios,  crido no mundo,  recebido na glória” (1Tm 3.16).

Todo o conhecimento cristão deve vir acompanhado de piedade:  Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade” (Tt 1.1).

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

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[1] Augustine of Hippo, Sermons to the People: Advent, Christmas, New Year’s, Epiphany, New York: Doubleday,  2002, (Sermo, 184), (eBook Kindle) (Página 56 de 232).

[2] Carl R. Trueman, O Imperativo confessional,  Brasília, DF.: Editora Monergismo, 2012, p. 210,

[3]Sobre a formação deste Credo, Vejam-se: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, Salamanca: Secretariado Trinitario, 1980, p. 125ss. 469ss.; P. Schaff, History of the Christian Church, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1996, v. 1, p. 14-19; v. 2, p. 45-55.

[4]Cf. P. Schaff, History of the Christian Church, v. 1, p. 19-22; II. 45-55; Reinhold Seeberg, Manual de História de las Doctrinas, El Paso, Texas; Buenos Aires; Santiago: Casa Bautista de Publicaciones; Junta Bautista de Publicaciones; Editorial “El Lucero”, (1963), v. 1, p. 93-94; O.G. Oliver, Jr., Credo dos Apóstolos: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1988-1990, v. 1, p. 362-363; K.S. Latourette, História del Cristianismo, 3. ed. Buenos Aires: Casa Bautista de Publicaciones, 1977, v. 1, p. 180-182; Henry Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, São Paulo: ASTE., 1966, p. 54; Charles A. Briggs, Theological Symbolics, New York: Charles Scribners’s Sons, 1914, p. 40; Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 486ss.; Mark A. Noll, Momentos Decisivos na História do Cristianismo, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, p. 47.

[5]Pelo menos desde fim do século IV era amplamente aceita no Ocidente a tradição de que cada apóstolo, por inspiração divina, seria responsável pela elaboração de cada artigo do Credo. Esta lenda teve grande aceitação durante a Idade Média. A primeira contestação eficaz desta crença deu-se no Concílio de Ferrara-Florença-Roma (1438-1445) entre os representantes da Igreja Oriental e Ocidental. Posteriormente o humanista Lourenço Valla (c. 1407-1457) tornou-se um crítico veemente da suposta origem apostólica do Credo (Vejam-se: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 15-21; J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 32; J. Ratzinger., Introdução ao Cristianismo, São Paulo: Herder, 1970, p. 17-18; João Calvino, As Institutas, (1541), II.4; Herman Witsius, Sacred Dissertations on The Apostles’ Creeds, Escondido, California: The den Dulk Christian Foundation, 1993 (Reprinted), v. 1, p. 1-15; P. Schaff, P. Schaff, History of the Christian Church,  v. 1, p. 14; R.P.C. Hanson, Confissões e Símbolos de Fé: In: Ângelo Di Berardino, org. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs, Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes Paulinas, 2002, p. 322b; G.W. Bromiley, Credo, Credos: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, v. 1, p. 366; B. Altaner; A. Stuiber, Patrologia. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1988, p. 95-97; Ulisses H. Simões, A Subscrição Confessional: necessidade, relevância e extensão, Belo Horizonte, MG.: Efrata Publicações e Distribuição, 2002, p. 37-39; Alan Richardson, Así se hicieron los Credos: Una breve introducción a la historia de la Doctrina Cristiana, Barcelona: Editorial CLIE, 1999, p. 20).

[6] Vejam-se: Herman Witsius, Sacred Dissertations on The Apostles’ Creeds, Escondido, California: The den Dulk Christian Foundation, 1993 (Reprinted), v. 1, p. 14-15; J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 20.

[7]Cf. J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 435; P. Schaff, History of the Christian Church, v. 1, p. 15

[8]Paul Tillich, História do Pensamento Cristão, São Paulo: ASTE, 1988, p. 34.

[9] Cf. P. Schaff, History of the Christian Church, v. 1, p. 17; O.G. Oliver, Jr., Credo dos Apóstolos: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, v. 1, p. 363.

[10] Cf. Jack B. Rogers, Creeds and Confessions: Donald K. McKim, ed. Encyclopedia of the Reformed Faith, Louisville, Kentucky: Westminster/John Knox Press, 1992, p. 91.

[11]O Credo Apostólico pode ser dividido em quatro partes, a saber:

1) Deus Pai

2) Deus Filho: a História da Redenção

3) Deus Espírito Santo

4) A Igreja e os benefícios que Deus nos têm concedido

Veja-se: J. Calvino, Catecismo de la Iglesia de Ginebra: In: Catecismos de la Iglesia Reformada, Buenos Aires: La Aurora, 1962, Pergunta 186, p. 32.

[12]P. Schaff, History of the Christian Church, v. 1, p. 14.

[13] Curiosamente, o Credo formulado por Cirilo de Jerusalém (c. 315-386) por volta de 350, para ser recitado pelos Catecúmenos, era um pouco mais completo neste ponto, dizendo: “Pisteu/omen (…) ei)j e(\n a(/gion pneu=ma, to\n para/klhton, to\ lalh=san e)n toi=j profh/taij”. “[Cremos] em um Espírito Santo o Consolador, que falou através dos profetas” [Ver o texto grego do Credo de Cirilo e o de Nicéia In: P. Schaff; H. Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, (Second Series), 2. ed. Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1995, v. 7, p. xlvii].  Do mesmo modo, Veja-se: P. Schaff, History of the Christian Church, v. 2, p. 32 e 57.

[14] Notemos que o “silêncio” era quanto à uma doutrina do Espírito mais elaborada, não à sua realidade, presença e direção. (Veja-se por exemplo, Clemente de Roma, Epístola aos Coríntios, XXII.1; Didaquê, VII.1; Inácio de Antioquia, Carta aos Magnésios, IX.2; XIII.1-2; XV; Carta aos Filadélfios, Introdução, VII.1-2; Carta aos Efésios, IX.1; XVIII.2; Irineu, Contra as Heresias, III.11.9; 12.1-2; 17.1-4; 19.2). Robert W. Jenson (1930-2017), diz que Irineu (c. 120-202) foi “uma figura-chave no período em que a pneumatologia patrística se cristalizou” (Robert W. Jenson, O Espírito Santo: In: Carl E. Braaten; Robert W. Jenson, eds. Dogmática Cristã, São Leopoldo, RS.: Sinodal, 1995, v. 2, p. 134).

[15]Kelly diz que mesmo o Credo Niceno declarando “simplesmente” a sua crença nO Espírito Santo, “transcorreriam muitos anos antes que houvesse alguma controvérsia pública acerca de Sua posição na Divindade” (J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 190). Adiante acrescenta: “Embora o problema do Espírito não tenha sido levantado em Nicéia, percebe-se a partir daí um aumento de interesse pelo assunto” (Ibidem., p. 192). Boettner (1901-1990) comenta: “Tão absorvido esteve o Concílio com a formulação da doutrina da Pessoa de Cristo, que omitiu fazer uma declaração formal a respeito do Espírito Santo” (Loraine Boettner, Studies in Theology, 9. ed. Philadelphia: The Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1970, p. 127-128).

[16]Veja-se: B.B. Warfield, Notas Introdutórias à obra, Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 35-38.

[17] Veja-se: Carlos Ignacio Gonzalez, El Desarrollo Dogmatico en los Concilios Cristologicos, Santafé de Bogotá: CELAM., 1991, p. 47ss.

[18] Veja-se: J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 198.

[19] Cf. J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, p. 193-194. Escrevendo ao seu amigo Serapião, bispo de Tmuis, no delta do Nilo, Atanásio comenta a respeito destes hereges: “… fomentam pensamentos hostis contra O Espírito Santo, pretendendo-o não apenas criatura mas até um dos espíritos servis, distinto dos anjos tão somente por grau” (Atanásio, 1. Carta a Serapião, In: C. Folch Gomes, Antologia dos Santos Padres, 2. ed. (revista e aumentada), São Paulo: Paulinas, 1980, p. 209).

[20] Nome procedente de Macedônio, bispo de Constantinopla (c. 341-360). Este grupo era também denominado de Pneumatoma/xh (“lutadores contra o Espírito”). (Pneu=ma & ma/xomai). (ma/xomai e ma/xh *Jo 6.52; At 7.26; 2Co 7.5; 2Tm 2.23,24; Tg 4.1,2).

[21] Nome derivado de Ário (c. 250-c.336) – bispo de Alexandria (311-312) –, natural da Líbia e educado em Antioquia da Síria, tendo como mestre a figura enigmática de Luciano de Antioquia († 312), que teria sido discípulo de Paulo de Samosata. Ário teve os seus ensinamentos condenados em Antioquia (02/325); e no Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia (20/05/325), sendo então deportado para o Ilírico. Mesmo no exílio, ele continuou escrevendo, aumentando consideravelmente a sua influência, contando sempre com um bom número de amigos fiéis, sendo o grande articulador político do grupo ariano, o bispo Eusébio de Nicomédia († 342). Em 335, num encontro com Constantino (274-337), Ário subscreveu uma confissão considerada pelo Imperador “ortodoxa”. (Veja-se: o texto da sua confissão In: Socrates Scholasticus, The Ecclesiastical History, I.26: In: P. Schaff; H. Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, (Second Series), Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1978, v. 2, p. 28-29; Salaminus Hermias Sozomen, The Ecclesiastical History, I.27: In: P. Schaff; H. Wace, eds. Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church, (Second Series), Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1978, v. 2, p. 277-278; o texto grego está reproduzido In: The Creeds of Christendom, 6. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, (Revised and Enlarged), (1931), v. 2, p. 28-29). Em 336/337, quando jazia no seu leito de morte em Constantinopla, foi solenemente readmitido à comunhão da Igreja pelo Sínodo de Jerusalém.

O Arianismo a despeito de sua condenação em Nicéia, juntamente com os anátemas emitidos por este Concílio, desfrutou de ampla aceitação no quarto século, só começando a perder força no Concílio de Constantinopla (381), quando a posição de Nicéia foi reafirmada; no entanto, o arianismo permaneceu vivo até o final do século sétimo.

[22] Esta concepção se harmonizava com a de Orígenes (c. 185-254) (Cf. L. Berkhof, História das Doutrinas Cristãs, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas 1992, p. 83; J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, p, 198). A perspectiva subordinacionista a respeito do Espírito parece ser comum na época, ainda que rejeitada pela Igreja. “Os erros subordinacionistas sobre o Espírito Santo dominavam o campo da história, com mais violência e mais demoradamente, do que os mesmos erros sobre o Logos” (O. Semmelroth, Espírito Santo: In: H. Fries, dir. Dicionário de Teologia, 2. ed. São Paulo: Loyola, 1983, v. 2, p. 99).

O ponto focal de Ário, é de que há um só Deus não-gerado, sem começo, único, verdadeiro, único detentor de imortalidade. Desta premissa, como observa (Veja-se: J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, p. 172-174) decorrem quatro outras:

1) O Filho é uma criatura; uma criatura perfeita, distinta da criação, mas que veio à existência pela vontade do Pai;

2) Como criatura, o Filho teve um começo. Logo, a afirmação de que Ele era coeterno com o Pai, implicaria na existência de dois princípios, o que assinalaria uma negação do monoteísmo;

3) O Filho não tem nenhuma comunhão substancial com o Pai. Ele é uma criatura que recebeu o título de “Palavra” e “Sabedoria” de Deus porque participa da Palavra e Sabedoria essenciais;

4) O Filho está sujeito a mudanças e ao pecado, e poderia cair como o diabo caiu. Contudo, Deus prevendo a sua firmeza de caráter, agiu preventivamente com a Sua graça.

Ário ensinava que Deus, o Pai, criou o Filho primeiro e, por meio do Filho criou o Espírito, os homens e o mundo; portanto: Jesus é o primogênito do Pai e o Espírito é o primogênito do Filho. O Filho foi criado do nada; Ele veio a existência antes da fundação do mundo, mas ele não é eterno porque foi criado (Ver: Louis Berkhof, História das Doutrinas Cristãs, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992, p. 78). Daí o “chavão” ariano: “Tempo houve em que Ele não existia”. (Cf. J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: origem e desenvolvimento, p. 173). Portanto, sendo o Filho criado, não é Deus; consequentemente, Jesus não é da mesma essência ou natureza do Pai. A atribuição de títulos “Deus” e “Filho” feita a Jesus, era apenas de cortesia, resultante da graça.

Quando perseguido em 321, Ário buscou ajuda no seu antigo e poderoso amigo, o bispo Eusébio de Nicomédia († 342) – que batizaria o imperador Constantino moribundo em maio de 337 –, escrevendo: “Somos perseguidos porque afirmamos que o Filho tem um início, enquanto Deus é sem início (a/)narxoj)” (Ário a Eusébio In: H. Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, São Paulo: ASTE., 1966, p. 72 e Carlos Ignacio Gonzalez, El Desarrollo Dogmatico en los Concilios Cristologicos, p. 314).

[23]A expressão “e do Filho” em latim “Filioque”, foi acrescentada no III Concílio local de Toledo (589) e, ao que parece, posteriormente no Quarto Sínodo de Braga (675) e em Hatfield (680).(Cf. O. Semmelroth, Espírito Santo: H. Fries, dir. Dicionário de Teologia, 2. ed. São Paulo: Loyola, 1983, v. 2, p. 100; J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, Salamanca: Secretariado Trinitario, 1980, p. 426, 429-430). Todavia, esta cláusula já havia sido usada no Primeiro (400) e Segundo (477) Concílio de Toledo.  (Veja-se: H. Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, p. 56; The Creeds of Christendom, 6. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, (Revised and Enlarged), (1931), v. 1, p. 26; Earle E. Cairns, O Cristianismo Através dos Séculos, São Paulo: Vida Nova, 1984, p. 109; G.W. Bromiley, Filioque: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, Grand Rapids, Michigan:  T.E.L.L., 1985, p. 242; L. Boff, A Trindade e a Sociedade, 3. ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1987, p. 93; J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 427). Este acréscimo – que reflete especialmente o pensamento de Agostinho (354-430), que enfatizou com propriedade a unidade da Trindade (A Trindade, São Paulo: Paulus, 1994, II.5.7; IV.20.29.; XV.17-20; 26-27), ainda que não exclusivamente (Veja-se: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 425) –, marca de forma definitiva a teologia anti-Ariana sustentada pela Igreja Ocidental, enfatizando a unidade essencial do Pai e do Filho bem como a procedência do Espírito como sendo de ambos. Este acréscimo que se tornou amplamente aceito na Igreja Ocidental (em 1014, o papa Benedito VIII determinou que o Credo Niceno-Constantinopolitano, com a expressão “filioque” deveria ser proferido durante a missa. (Cf. Robert W. Jenson, O Espírito Santo: In: Carl E. Braaten; Robert W. Jenson, eds. Dogmática Cristã, v. 2, p. 159) e ratificado em 1017, foi o principal motivo doutrinário para a primeira grande divisão da Cristandade, criando a Igreja do Oriente e a do Ocidente em 1054 (As Igrejas do Oriente, diziam: “Do Pai através do Filho”). No entanto, somente no Segundo Concílio de Lyon (1274), é que esta cláusula foi considerada oficialmente como doutrina da Igreja Ocidental. (Cf. H. Brandt, O Risco do Espírito: Um Estudo Pneumatológico, p. 16). Este assunto seria ampla e vagarosamente discutido no Concílio de Ferrara-Florença-Roma (1438-1445) entre os representantes da Igreja Oriental e Ocidental, quando então, os Orientais aceitariam como razoável o acréscimo latino, contudo não ficando imposto à sua Igreja a aceitação do mesmo. Nesta reunião foi formulada uma declaração “conciliatória”, datada de 06/7/1439. (Veja-se: o texto In: L. Boff, A Trindade e a Sociedade, p. 95-96). (Veja-se: Umberto Proch, A União no Segundo Concílio de Lião e no Concílio de Ferrara-Florença-Roma: In: Giuseppe Alberigo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 300ss, 305; L. Boff, A Trindade e a Sociedade, p. 95-96). (Veja-se: uma boa discussão a respeito do uso da expressão, In: J.N.D. Kelly, Primitivos Credos Cristianos, p. 424ss.; Reinhold Seeberg, Manual de Historia de las Doctrinas, El Paso, Texas: Casa Bautista de Publicaciones, 1963, v. 2, p. 45; Sinclair B. Ferguson, O Espírito Santo, São Paulo: Editora Os Puritanos, 2000, p. 95-103). No entanto, não devemos nos esquecer que a Confissão Ortodoxa de Fé da Igreja Católica e Apostólica do Oriente (1643), reafirma a procedência do Espírito como sendo apenas do Pai. (Veja-se: o texto In: P. Schaff, The Creeds of Christendom, 6. ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, (Revised and Enlarged), (1931), v. 2, p. 282).

[24] Quanto a maiores detalhes a respeito destes Credos primitivos, bem como a sua transcrição integral, Veja-se: Hermisten M.P. Costa, Eu Creio, no Pai, no Filho e no Espírito Santo, 2. ed. São Paulo: Fiel, 2014.

[25] Conforme expressão de C.H. Dodd, A Interpretação do Quarto Evangelho, São Paulo: Paulinas, 1977, p. 134 e de J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 16. Do mesmo modo entende, A.F. Walls, Gnosticismo: In: J. D. Douglas, ed. ger. O Novo Dicionário da Bíblia, São Paulo: Junta Editorial Cristã, 1966, v. 2, p. 674.

[26] Há um certo consenso por parte dos Pais da Igreja em atribuírem a Simão, o Mágico (At 8.9ss), a origem do gnosticismo (Veja-se por exemplo, Irineu, Irineu de Lião, São Paulo: Paulus, 1995, I.23.2. p. 99s.); todavia, nos detalhes são divergentes, devido à variedade de grupos gnósticos. (Vejam-se: J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 16ss; B. Hägglund, História da Teologia, Porto Alegre, RS. Concórdia, 1973, p. 27).

[27] Veja-se: Alister E. McGrath, Teologia Histórica: uma introdução à História do Pensamento Cristão, São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 54-55.

[28] Irineu, Irineu de Lião, II.14.1. p. 161ss

[29] Veja-se: J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 20.

[30] Irineu, Irineu de Lião, I.1.3. p. 33. “Esses trinta éons constituem o Pleroma, ou a plenitude da Divindade” (J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 17).

[31] William Barclay, El Nuevo Testamento Comentado, Buenos Aires: La Aurora (Juan I), 1974, v. 5, p. 20. Para uma descrição mais detalhada deste processo de emanações, Vejam-se: J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 17ss; B. Hägglund, História da Teologia, p. 29-30; L. Berkhof, História das Doutrinas Cristãs, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992, p. 45-47.

[32]A respeito de seus ensinamentos, Vejam-se, entre outros: Tertulian, Irineu de Lião v. 3, p. 269-475; Irineu, Irineu de Lião, São Paulo: Paulus, 1995, I.27.2-4. p. 109-110; Justino de Roma, I Apologia, São Paulo: Paulus, 1995, 58, p. 73-74.

[33] Vejam-se: Justino de Roma, I Apologia, 26, p. 42-43; J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 42; Márcion: In: R.N. Champlin; João M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, São Paulo: Editora e Distribuidora Candeia, 1991, v. 4, p. 119-121; A. Skevington Wod, Marcionitas: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, Grand Rapids, Michigan: T.E.L..L., 1985, p. 333; Berkhof, História das Doutrinas Cristãs, p. 49-50. “Márcion não foi um Gnóstico verdadeiro ou típico a despeito do seu dualismo e docetismo.” (John Knox, Marcion: In: Harry S. Ashmore, Editor in Chief. Encyclopaedia Britannica, Chicago: Encyclopaedia Britannica Inc., 1962, v. 14, p. 868a. Do mesmo modo, ver: B. Aland, Marcião – Marcionismo: In: Ângelo Di Berardino, org. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs, Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes; Paulinas, 2002, p. 881-882). No entanto, ele foi o “teólogo mais proeminente a popularizar uma cristologia docética” (Carl E. Braaten, A Pessoa de Jesus Cristo: In: Carl E. Braaten; Robert W. Jenson, eds. Dogmática Cristã, v. 1, p. 485).

[34] Como sabemos este nome é derivado do verbo grego doke/w = “parecer”. Este ensinamento foi primariamente difundido por volta do ano 85 por Cerinto, natural de Alexandria, discípulo de Fílon.

[35] Vejam-se: M.C. Tenney, Docetismo: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, p. 175; Docetismo: In: R.N. Champlin; João M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v. 2, p. 203-205; J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 104-105

[36] Vejam-se: Suas Cartas: Aos Efésios, 7,18,19,20; Aos Magnésios, 11; Aos Tralianos, 9; Aos Esmirnenses, 1-3, 7. (Veja-se a coleção de Cartas In: Cartas de Santo Inácio de Antioquia, 3. ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 1984). Devemos mencionar que apesar de Inácio combater os “docetas”, este nome só iria aparecer como designação deste tipo de pensamento, por volta do ano 200, em Serapião, que denomina este grupo de Dokhta\j. (Cf. Eusébio, História Eclesiástica, Madrid: La Editorial Católica, S. A. (Biblioteca de Autores Cristianos, v. 349 e 350), VI.12.6).

[37]Polycarp, The Epistle of Polycarp to the Philippians, VII. In: Alexander Roberts; James Donaldson, editors. Ante-Nicene Fathers, 2. ed. Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1995, v. 1, p. 34. Quanto a um testemunho antigo sobre o procedimento de Policarpo, Vejam-se: Irineu, Irineu de Lião, III.1.3. p. 251-252).

[38] Notemos que nem todo “docetismo” era gnóstico, no entanto, como este era uma das características do gnosticismo, os termos foram identificados.

[39] Donald Macleod, The Person of Christ. Downers Grove, IL: IVP Academic, 1998, p. 37.

[40] Sabemos que aqui o escritor de Hebreus segue a Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento. No entanto, ainda que os termos sejam modificados, a essência do ensinamento permanece a mesma. Veja-se uma boa discussão a respeito em: Simon Kistemaker, Hebreus, São Paulo: Cultura Cristã, 2003, (Hb 10.5-7) p. 383-386.

[41] Vejam-se: François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 2, p. 414; Sinclair Ferguson, O Espírito Santo, p. 47ss.

[42]Charles Hodge, Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos, 2001, p. 395.  Da mesma forma: John P. Thackway, A provisão do Espírito de Jesus Cristo: In: Joel R. Beeke; Joseph A. Pipa, A beleza e a glória do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã,  [p. 109-121], p. 113.

[43] Veja-se: François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 2, p. 415-416.

[44] Veja-se: Edwin H. Palmer, El Espiritu Santo, Edinburgh: El Estandarte de la Verdad, [s.d.], Edición Revisada, p. 76, 89.

[45]“A Encarnação, este milagre misterioso do coração do Cristianismo histórico, é o ponto central do testemunho do Novo Testamento” (Encarnação: In: J.I. Packer, Teologia Concisa, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1999, p. 99).

[46]“Os homens que eram devotados aos questionamentos inúteis necessitam principalmente de ser lembrados de preocupar-se com a vida santa e justa. Não há nada mais apropriado para refrear a peregrina curiosidade dos homens do que a lembrança dos deveres dos quais devemos ocupar-nos” (João Calvino, As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998 (Tt 2.1), p. 327). Veja-se: Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 116-117.

[47]Vejam-se: João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 1.3),  p. 34; John Owen, O Espírito Santo, Recife, PE.: Os Puritanos; Clire, 2012, p. 31.

[48] Veja-se: Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 131-134.

[49]“Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo.  2 Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR.  3 Deleitar-se-á no temor do SENHOR; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos” (Is 61.1-3). “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida” (Jo 3.34). “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21). 26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus,  27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu” (Hb 7.26-27). “Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,  19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo,  20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós  21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus” (1Pe 1.18-21). “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito” (1Pe 3.18).

[50]João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 2, (II.4), p. 75.

[51]D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 1), p. 31,32.

 

[52]“Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?” (Jo 8.46). “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21). “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15).

[53]21Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, 22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; 23 pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1Pe 2.21-23).

[54]Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática, , São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 440.

[55]“Não examinamos o Antigo Testamento apenas para encontrar os antecedentes históricos de Cristo e de seu ministério, nem mesmo para buscar referências que façam previsões sobre ele. Temos de encontrar Cristo no Antigo Testamento – não aqui e ali, mas em toda parte” (R. Albert Mohler Jr., Estudando as Escrituras para encontrar Jesus: In: D.A. Carson, org., As Escrituras dão testemunho de mim, São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 18). Quanto às implicações práticas desta perspectiva para a pregação cristã e, também, os perigos de uma abordagem inadequada, vejam-se, além do capítulo de Mohler Jr.: Sidney Greidanus, Pregando Cristo a partir do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006; Sidney Greidanus, O pregador contemporâneo e o texto antigo: interpretando e pregando literatura bíblica, São Paulo: Cultura Cristã, 2006; Sidney Greidanus, Pregando Cristo a partir de Gênesis: Fundamentos para Sermões Expositivos, São Paulo: Cultura Cristã, 2009; Graeme Goldsworthy, Pregando toda a Bíblia como Escritura Cristã, São Paulo: Vida Nova, 2013. Alguns livros inspiradores a respeito da pregação centrada em Cristo, são: Steven J. Lawson, O tipo de pregação que Deus abençoa, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2013; D. M. Lloyd-Jones, As Insondáveis Riquezas de Cristo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992. De forma paralela ao nosso tema, porém, altamente desafiante ao tratar da Pregação expositiva: Alistair Begg, Pregando para a glória de Deus, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2014.

[56]“A pregação cristocêntrica não é simplesmente evangelística, nem confinada a uns poucos relatos do evangelho. Abrange o todo da Escritura como revelação do plano redentor de Deus, e anuncia cada passagem dentro do seu contexto” (Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p. 32). “Se tem de acontecer uma nova Reforma neste tempo, tem de haver uma reforma do púlpito. Essa restauração envolverá restaurar Cristo como o principal foco no púlpito. Tem de haver um retorno decisivo a fazer de Cristo o ponto focal de toda pregação” (Steven J. Lawson, O tipo de pregação que Deus abençoa, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2013, p. 65). “Jesus Cristo crucificado é o tema que unifica toda a Escritura” (Ibidem., p. 28). “Se o sermão falha em exaltar Cristo, não atinge o alvo” (Ibidem., p. 25). Para uma abordagem crítica da igreja contemporânea, incluíndo, obviamente, o abandono da pregação bíblica, veja-se: Michael Horton, Cristianismo sem Cristo: O Evangelho Alternativo da Igreja Atual, São Paulo: Cultura Cristã, 2010. Do mesmo modo, enfocando mais especificamente a adoração: Michael Horton, Um Caminho Melhor, São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

[57] “Não estou dizendo que Ele pôs de lado a Sua Deidade, porque Ele não fez isso. O que Ele pôs de lado foi a glória da Sua deidade. Ele não deixou de ser Deus, mas deixou de manifestar a glória de Deus” (D.M Lloyd-Jones, Salvos desde a Eternidade, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2005 (Certeza Espiritual: v. 1), p. 75). “A encarnação – e o entendimento de seu propósito, a crucificação – é o clímax da graça condescendente de Deus” ­(William Hendriksen, O Evangelho de João, São Paulo: Cultura Cristã, 2004, (Jo 1.14), p. 117). “A majestade de Deus não foi aniquilada, ainda que estivesse circunscrita pela carne. Ela ficou, de fato, oculta pela vil condição da carne, mas de modo a não impedir a manifestação de sua glória” (João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 1.14),  p. 51).

[58]Veja-se: J. Schneider, o(/moioj: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1982 (Reprinted), v. 5, p. 196.

[59]“Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26.64). “Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem que está no céu” (At 3.13). “E disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus” (At 7.56).

[60]Veja-se: F. Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 383-384.

[61]“Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co 8.9).

[62]Karl Barth, Church Dogmatics, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 2010, II/2, p. 52-53.

[63]Timothy Dudley, Cristianismo autêntico: 968 textos selecionados das obras de John Stott, São Paulo: Editora Vida, 2006, p. 44.

[64]João Calvino, O evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 1.14),  p. 50.

[65] G.C. Berkouwer, A Pessoa de Cristo, São Paulo: ASTE, 1964, p. 221.

[66] Veja-se: R.C. Sproul, A Glória de Cristo, São Paulo: Cultura Cristã, 1997.

[67]John Stott, O Incomparável Cristo, São Paulo: ABU., 2006, p. 33.

[68]“A plenitude do ser de Deus é revelada nEle. Ele não apenas nos apresenta o Pai e nos revela Seu nome, mas Ele nos mostra o Pai em Si mesmo e nos dá o Pai. Cristo é a expressão de Deus e a dádiva de Deus. Ele é Deus revelado a Si mesmo e Deus compartilhado a Si mesmo, e portanto Ele é cheio de verdade e também cheio de Graça” (Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 25-26).

[69] Veja-se: John Piper, Um homem chamado Jesus Cristo, São Paulo: Vida, 2005, p. 45-46.

[70]Herman Bavinck, Dogmática Reformada, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 3, p. 309, 313.

[71]Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 177.

[72]Juan Luis Segundo, O Homem de Hoje Diante de Jesus de Nazaré, (II/2), São Paulo: Paulinas, 1985, p. 17.

[73] Arquimadrita, significava, na Igreja oriental, o chefe de um ou mais mosteiros. O título também se aplicava aos padres celibatários de destaque.

[74] Cf. Millard J. Erickson, Introdução à Teologia Sistemática, São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 303.

[75]Wayne A. Grudem, Teologia Sistemática, p. 459.

[76]Lorenzo Perrone, De Nicéia (325) a Calcedônia (451): In: Giuseppe Alberingo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 87. Quanto às articulações políticas de Dióscoro, patriarca de Antioquia, neste Concílio, Vejam-se: Ibidem., p. 88ss.; Justo L. Gonzalez, A Era das Trevas, São Paulo: Vida Nova, 1981, p. 98.

[77] Vejam-se: Lorenzo Perrone, De Nicéia (325) a Calcedônia (451): In: Giuseppe Alberingo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 89-90.

[78]Latourette diz que Leão I “foi um dos homens mais capazes que já ocuparam o chamado trono de Pedro” (Kenneth S. Latourette, Historia del Cristianismo, v. 1, p. 220).

[79] Este “Tomo”, que Berkhof chama de “um compêndio da cristologia ocidental”, contribuiria decisivamente para a formulação de Calcedônia (Veja-se: Louis Berkhof, História das Doutrinas Cristãs, p. 97-98). Do mesmo modo, declara Perrone: “O Tomus ad Flavianum representa uma contribuição decisiva para a solução da questão cristológica, tal como tomará forma na definição de Calcedônia” (Lorenzo Perrone, De Nicéia (325) a Calcedônia (451): In: Giuseppe Alberingo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 88). Boa parte deste “Tomo”, encontra-se In: H. Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, p. 83-86.

[80] Veja-se: Justo L. Gonzalez, A Era das Trevas, p. 98.

[81] Este Concílio seria conhecido na História como o “Sínodo dos Ladrões”, alcunha dada por Leão, bispo de Roma, em carta dirigida a Pulquéria, irmã do imperador Teodósio II, em 20/07/451. Isto porque a sua decisão não coincidia com a ortodoxia da Igreja e também, porque o seu documento não foi lido. (Vejam-se mais detalhes, In: J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 249-252; Éfeso, Concílios de: In: R.N. Champlin; João M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, São Paulo: Editora e Distribuidora Candeia, 1991, v. 2, p. 289a; Justo L. Gonzalez, A Era das Trevas, p. 98-99).

[82] O Concílio foi convocado primariamente para realizar-se em Nicéia, todavia, em 22/09/451, transfere-o para Calcedônia. (Cf. Lorenzo Perrone, De Nicéia (325) a Calcedônia (451): In: Giuseppe Alberingo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 93).

[83] Cf. H. Griffith, Nestório, Nestorianismo: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1988-1990, v. 3, p. 18.

[84]Que, conforme Pelikan (1923-2006), o sentido da expressão era mais complexo, significando: “Aquela que deu à luz Deus” (Jaroslav Pelikan, Maria Através dos séculos: seu papel na história das culturas, São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 83).

[85] Quanto aos possíveis empregos da expressão antes deste período, ver: Maurice Jourjon; Bernard Meunier, Maria: In: Jean-Yves Lacoste, dir. Dicionário Crítico de Teologia, São Paulo: Paulinas; Loyola, 2004, [p. 1087-1099], p. 1095; G.I. Söll, et. al. Maria: In: Angelo Di Berardino, org. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs, Petrópolis, RJ.; São Paulo: Vozes; Paulus, 2002, [p. 885-887]. p. 885-886; Jaroslav Pelikan, Maria Através dos séculos: seu papel na história das culturas, São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 83ss.

[86] O que viria a acontecer por volta do sexto século, quando Maria começaria a ser adorada (Cf. W.C.G. Proctor, Madre de Dios: In: E.F. Harrison, ed. Diccionario de Teologia, p. 325).

[87] Cf. P. Schaff, The Creeds of Christendom, v. 2, p. 64.

[88] Cf. Charles Hodge, Teologia Sistemática, São Paulo: Editora Hagnos, 2001, p. 1235-1236.

[89] Cf. Lorenzo Perrone, De Nicéia (325) a Calcedônia (451): In: Giuseppe Alberingo, org. História dos Concílios Ecumênicos, São Paulo: Paulus, 1995, p. 74.

[90] Ver: G. C. Berkouwer. A Pessoa de Cristo, São Paulo: ASTE, 1964, p. 218-219.

[91] Proveniente de “Doxh/”, “recipiente”, “vasilha”, “depósito”. (A palavra é usada no NT. com o sentido de “banquete” (* Lc 5.29; 14.13))

[92]Em 1895 descobriu-se na Síria um escrito de Nestório, O Livro de Heraclides, (publicado em 1910) no qual ele ensina algo que vai justamente de encontro à heresia que supunham que ele sustentava. Referindo-se a Cristo, Nestório afirma que “o mesmo que é um é duplo”; ele também se dizia satisfeito com a Cristologia de Calcedônia. Na atualidade os estudiosos estão divididos quanto à interpretação de seu pensamento e, consequentemente, se foi justo ou não condená-lo. (Vejam-se: H. Griffith, Nestório, Nestorianismo: In: Walter A. Elwell, ed. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1988-1990, v. 3, p. 19; J.N.D. Kelly, Doutrinas Centrais da Fé Cristã: Origem e Desenvolvimento, p. 235-240; B. Hägllund, História da Teologia, Porto Alegre, RS.: Casa Publicadora Concórdia, 1973, p. 79-82; G.C. Berkouwer, A Pessoa de Cristo, São Paulo: ASTE, 1964, p. 54; Johannes Quasten, Patrology, 7. ed. Westminster, Maryland: Christian Classics. INC., 1994, v. 3, p. 516; Charles Hodge, Teologia Sistemática, p. 781-782).

[93] Cf. Justo L. Gonzalez, A Era das Trevas, p. 96; W. Möller, Nestorius: In: P. Schaff, ed. A Religious Encyclopaedia: Or Dictionary Biblical, Historical, Doctrinal, And Practical Theology. 3. ed. rev. amp. New York: Funk & Wagnalls Company, 1891, v. 2, p. 1630b.

[94] Vejam-se: mais detalhes em Nestorianos: In: R.N. Champlin; João M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, São Paulo: Editora e Distribuidora Candeia, 1991, v. 4, p. 489; Kenneth S. Latourette, Historia del Cristianismo, v. 1, p. 218-219; Justo L. Gonzalez, A Era das Trevas, p. 116ss.

[95] Vejam-se também, Confissão de Westminster, Cap. I.

[96]“O grande amor de Deus para com a humanidade é demonstrado pelo fato de o Filho de Deus não ter vindo à terra como um anjo, e sim como homem – O homem Cristo Jesus – tendo natureza humana como a nossa” (John Owen, A Glória de Cristo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1989, p. 8).

[97]Vejam-se: D.M. Lloyd-Jones, Deus o Pai, Deus o Filho,  São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1997 (Grandes Doutrinas Bíblicas, v. 1), p. 314-315; Alister E. McGrath, Paixão pela Verdade: a coerência intelectual do Evangelicalismo,  São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 33.

[98]John Calvin, Calvin’s Commentaries, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1981 (Reprinted), v. 21 (Cl 1.12), p. 145-146.

[99]João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 2.4),  p. 91.

[100]*At 3.12; 1Tm 2.2; 3.16; 4.7,8; 6.3,5,6,11; 2Tm 3.5; Tt 1.1; 2Pe 1.3,6,7; 3.11.

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