Tentando pensar e viver como um Reformado: Reflexões de um estrangeiro residente – Parte 26

5) Uma compreensão Reformada das Escrituras: Confissão de Westminster

 

Ninguém vai à Bíblia sozinho, mas leva consigo toda uma multidão de influências. É infinitamente mais fácil distorcer a Palavra de Deus quando nos isolamos do consenso de outros crentes através dos tempos e do espaço” − Michael S. Horton.[1]

Para podermos usufruir desta grandiosa bem-aventurança de ler a Palavra com real proveito (Ap 1.3), precisamos compreender a mensagem de Deus, qual o seu objetivo em cada parte da Escritura e em toda a Escritura. De fato, nós só teremos a mensagem de Deus se compreendermos adequadamente a Escritura. O que desejamos, portanto, é chegar ao sentido claro e objetivo do texto.

Mais do que um exercício acadêmico, necessitamos da iluminação do Espírito Santo.[2]  O Espírito Santo é o único genuíno intérprete da Palavra e, somente Ele pode nos tornar acessível o Evangelho.[3] Somente pelo Espírito a Palavra penetra poderosamente em nossa coração. A “docência de Deus” consiste em nos levar à Cristo.[4]

Considerando essa realidade fundamental, aqui vamos nos valer de alguns princípios interpretativos que certamente nos serão úteis nessa tarefa de entender a mensagem bíblica.[5] Só teremos de fato a mensagem bíblica se entendermos fundamentalmente o que Deus disse em sua Palavra.[6]

A Confissão de Westminster (1647)[7] – que juntamente com os Catecismos Maior e Breve, normalmente constituem os Símbolos de Fé das Igrejas Presbiterianas –, segundo nos parece, tem como pressuposto fundamental:

a) Que as Escrituras são inspiradas por Deus (, I.2,8) – Ele é o seu Autor (CW., I.4);

b) Tendo Deus as concedido “para serem a regra de fé e de prática” (, I.1-2); portanto,

c) Ela é “indispensável” para a vida cristã (, I.1), devendo ser lida e estudada “no temor de Deus” (CW., I.8). Por isso, a Igreja deve promover a sua tradução para todos os idiomas, a fim de que o homem possa, pela Palavra, conhecer a Deus, adorando-O de forma aceitável, bem como usufruir das bênçãos espirituais decorrentes da compreensão das Escrituras (CW., I.8). O objetivo do correto conhecimento de Deus não é a nossa satisfação pessoal e, também, não tem valor em si mesmo, a menos que nos conduza a honrar-lhe.[8]

          Destaquemos agora alguns princípios que consideramos claros no primeiro capítulo da Confissão.

 

A) Autoridade Interna

“A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de         qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu Autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus” (CW. I.4).[9]

A autoridade da Bíblia é derivada do fato de ser Ela a Palavra de Deus. Portanto, o seu testemunho é interno e evidente, mesmo que os homens assim não creiam. Ela não depende do nosso testemunho para ter autoridade; ela é o que é! (1Ts 2.13; 2Tm 3.16; 2Pe 1.20,21/1Jo 5.9).

A sua autoridade  baseia-se na autoridade divina do seu autor que nos fala por meio da Escritura. Calvino comenta: “A credibilidade da doutrina se não firma antes que se nos persuada além de toda dúvida de que seu autor é Deus. Destarte, a suprema prova da Escritura se estabelece reiteradamente da pessoa de Deus nela falar”.[10]

Desse modo, não é o testemunho interno do Espírito – sem dúvida fundamental para a compreensão das Escrituras –, que a tornam autoritativa; antes a sua autoridade é proveniente da inspiração divina que a produziu e a preservou pelo Espírito. Portanto, o Espírito e a Palavra são inseparáveis.[11]

A nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela palavra e com a palavra testifica em nossos corações. (I.5).

Reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das cousas reveladas na palavra. (I.6).[12]

Anglada (1954-2019) resume bem este ponto, do seguinte modo: “O testemunho do Espírito não é uma nova luz no coração, mas a sua ação através da qual Ele abre os olhos de um pecador, permitindo-lhe reconhecer a verdade que lá estava, mas não podia ser vista por causa da sua cegueira espiritual”.[13]

Cabe a nós submeter o nosso juízo e entendimento à verdade de Deus conforme testemunhada pelo Espírito.[14]

A Palavra de Deus direcionada ao homem, revela a seriedade com que Deus nos trata: “Sempre que o Senhor se nos acerca com sua Palavra, Ele está tratando conosco da forma mais séria, com o fim de mover todos os nossos sentidos mais profundos. Portanto, não há parte  de nossa alma que não receba sua influência”, conclui Calvino.[15]

 A Palavra é escola da Trindade. A Trindade esteve totalmente comprometida com a Revelação, o registro e a preservação da Palavra. Esse mesmo Deus Triúno nos ilumina na compreensão da Palavra, acompanha na sua transmissão e abre o coração do seu povo para que possa entendê-la espiritualmente.

 

B) Autoridade Hermenêutica

Rainha Maria: Interpretamos a Escritura de um modo, e eles a interpretam de outro. Em quem devo acreditar? E quem julgará?

John Knox: Devemos crer em Deus que falou claramente em sua Palavra; e, além do que a Palavra ensina, não devemos crer nem em um nem no outro. A Palavra de Deus é clara em si mesma e, se surgir alguma obscuridade em algum lugar, o Espírito Santo, que nunca é contrário a si mesmo, a explica mais claramente em outros lugares; de modo que não pode restar dúvida, mas alguns obstinadamente permanecem ignorantes. – Conversa entre John Knox e a Rainha Maria da Escócia em 1561.[16]

Valendo-se  de uma prática empregada por Orígenes, Agostinho[17] e Jerônimo, Lutero sustentou um princípio que se tornou muito importante para os Reformadores, cristalizado na frase: “Scriptura sui ipsius interpres”, significando que a Escritura se auto-interpreta.[18]

Em síntese, a Bíblia apresenta a melhor interpretação a respeito dos seus ensinamentos!

A Confissão de Westminster acompanha esse raciocínio:

A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente. (CW., I.9).

Mestres modelares

Nós não podemos criar uma suposta categoria científica que se torne a varinha de condão para a interpretação da Palavra. Os princípios hermenêuticos devem estar subordinados à esta verdade e, devem ser derivados, portanto, da própria Palavra: A harmonia do seu todo e das suas partes estabelecem uma unidade harmoniosa, por meio da qual, formulamos os princípios de interpretação, tendo como mestres, os profetas – que interpretaram os acontecimentos passados e a história dos seus dias –, Jesus Cristo e os apóstolos, os quais deram lições práticas de hermenêutica, interpretando o Antigo e o Novo Testamentos.

Lloyd-Jones (1899-1981) é enfático em uma advertência pertinente, especialmente para aqueles que são apaixonados por um sistema sem o devido exame:

Quão importante é dar-nos conta do perigo de começar com uma teoria e impô-la às Escrituras! (…). Temos que ser cuidadosos quando estudamos as Escrituras para não suceder que elaboremos um sistema de doutrina baseado num texto ou numa compreensão errônea de um texto.[19]

Bruce (1910-1990), está correto, ao afirmar que:

Os crentes possuem um padrão permanente e um modelo no uso que nosso Senhor fez do Antigo Testamento, e uma parte do atual trabalho do Espírito Santo no tocante aos crentes é abrir-lhes as Escrituras, conforme o Cristo ressurreto as abriu para os dois discípulos no caminho para (Lc 24.25ss).[20]

Quando nos aproximamos da Bíblia partimos do pressuposto de que ela é o registro fiel e inerrante da Revelação de Deus (Jo 10.35; 1Tm 1.15; 3.1; 4.9; 2Tm 3.16; 2Pe 1.20-21). Por isso, podemos dizer como Paulo: “Fiel é a Palavra” (1Tm 3.1; 4.9).

 

O Espírito falando na Escritura

É por intermédio das Escrituras que aprendemos que o melhor intérprete da Palavra é “o Espírito falando na Escritura”[21] (Mt 22.29,31; At 4.24-26; 28.25; 1Co 2.10-16); como nos instruiu o Senhor Jesus Cristo:

Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as cousas que hão de vir. (Jo 16.13).

Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará      em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (Jo 14.26/Jo 5.30; 14.6; 17.17).

Essa ação do Espírito garantiu, por exemplo, a exatidão do registro dos Evangelhos. Ele os fez registrar conforme havia acontecido cada fato, privilegiando a perspectiva de cada um mas, sem erros.

O salmista diz: “Fidelíssimos são os teus testemunhos…” (Sl 93.5). Outra vez: As obras de suas mãos são verdade e justiça; fiéis todos os seus preceitos. Estáveis são eles para todo o sempre, instituídos em fidelidade e retidão” (Sl 111.7,8).

A oração do exegeta cristão, que usa os meios científicos disponíveis, deve ser como a do salmista: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119.18/Lc 24.44-45; Ef 1.16-19).

 

C) Autoridade Norteadora

“Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamentos, todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática….” (CW., I.2).

Como bem sabemos, a Escritura é infalível não a nossa interpretação. Portanto, devemos buscar sempre nas Escrituras o sentido pleno da revelação. A Teologia é uma reflexão[22] interpretativa e sistematizada da Palavra de Deus. Não existe teologia inspirada infalivelmente por Deus. A sua fidedignidade estará sempre no mesmo nível da sua fidelidade à Escritura. A relevância de nossa formulação não dependerá de sua “beleza”, “popularidade” ou “significado para o homem moderno”, mas sim na sua conformação às Escrituras.[23]

O mérito de toda teologia está no seu apego incondicional e irrestrito à Revelação. A melhor interpretação é a que expressa o sentido do texto à luz de toda a Escritura.[24] Ou seja, em conexão com toda a verdade revelada. Não há nada mais edificante e prático do que a Verdade de Deus![25]

A Teologia Reformada é uma reflexão baseada na Palavra em submissão ao Espírito, buscando sempre uma compreensão exata do que Deus revelou e inspirou pelo Espírito e, que agora, nos ilumina pelo mesmo Espírito (Ef 1.15-21/Sl 119.18).

É a partir desta compreensão que a Teologia Reformada passa a avaliar tudo o mais, como bem expressou Packer: “O calvinismo é uma maneira teocêntrica de pensar acerca da vida, sob a direção e controle da própria Palavra de Deus”.[26] O Calvinismo envolve uma nova cosmovisão, que afeta obviamente todas as áreas de nossa existência, não havendo escaninhos do ser e do saber onde a perspectiva teocêntrica não se faça presente de forma determinante em nossa epistemologia doutrinária e existencial.

A preocupação dos Reformadores era principalmente “a reforma da vida, da adoração e da doutrina à luz da Palavra de Deus”.[27] Desta forma, a partir da Palavra, passaram a pensar acerca de Deus, do homem e do mundo!

Aqui parece-nos relevante relembrar a observação de Kuyper (1837-1920),[28] de que não devemos considerar a Revelação Especial ou a Escritura como fonte da Teologia, como se Deus fosse um objeto de estudo e, ainda mais, passivo.

Como temos enfatizado, Deus é quem vem ao nosso encontro; se revela e propicia ativamente os meios para a compreensão dessa revelação: O Espírito Santo. A Teologia sempre será o efeito da ação reveladora, inspiradora e iluminadora de Deus por intermédio do Espírito. Sem o Espírito a Escritura – lida ou pregada −, poderá deleitar a nossa mente, quem sabe, pela sua agudez, sabedoria e beleza literária, mas, nunca falará à nossa alma.

Por isso que, falar de Teologia Americana, Europeia ou da América Latina, se constitui, no mínimo, numa ignorância bíblica: Ou a Teologia é Bíblica ou não é Teologia; surja em que continente for, em que movimento for, em que regime político for.[29]

A Teologia é possível porque Deus graciosamente se revelou. A graça da revelação precede o conhecimento (2Pe 3.18)   “O Espírito Santo é a chave para todo verdadeiro conhecimento“,  escreve Palmer (1922-1980).[30]  Por isso, “Só quando Deus irradia em nós a luz de seu Espírito é que a Palavra logra produzir algum efeito. Daí a vocação interna, que só é eficaz no eleito e apropriada para ele, distingue-se da voz externa dos homens”, comenta Calvino.[31]

A Teologia Reformada reconhece a centralidade real de Deus em todas as coisas, tendo como alvo principal, não o tão decantado bem-estar humano – que por certo tem a sua relevância[32] –, mas a Glória de Deus, sabendo que as demais coisas serão acrescentadas (Mt 6.33; Ef 1.11-12).[33]

Para nós Reformados, é a Palavra de Deus que deve dirigir toda a nossa abordagem e interpretação teológica, bem como de toda a nossa compreensão do real; a epistemologia cristã é determinada pelas “lentes“ da Palavra. Somente o Espírito pode, por meio da Palavra, nos guiar à correta interpretação da Revelação.

 

 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

___________________________________

[1] Michael S. Horton, Os Sola’s de Reforma: In: J.M. Boice;  B. Sasse, Reforma Hoje,  São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 105.

[2] “Interpretação significa, exatamente, enxergar como elas se aplicam. Os comentários podem indicar-nos o que o texto significa como uma expressão da mente do escritor para a audiência original, mas apenas o Espírito Santo pode mostrar-nos o que ele significa como Palavra de Deus para a direção de nossas vidas, hoje. Somente através do Espírito a direção das Escrituras é uma realidade” (J.I. Packer, O Plano de Deus para Você, 2. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2005, p. 113).

[3]João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 2.14), p. 93. Lutero também escrevera: “O Espírito Santo é o escritor mais simples nos céus e na terra; portanto, suas palavras não podem ter mais do que um sentido simples, ao qual chamamos de sentido das escrituras ou sentido literal” (Apud F.W. Farrar, History of Interpretation, London: Macmillan and Co., 1886, p. 329).

[4] “A Igreja não pode ser restaurada de qualquer outra forma senão por Deus empreendendo o ofício de Mestre e conduzindo os crentes a si. O método de ensino, de que fala o profeta, não consiste meramente na voz externa, mas igualmente na operação secreta do Espírito Santo. Em suma, esta docência de Deus consiste na iluminação interior do coração” (João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 1, (Jo 6.45), p. 278).

[5] “…. O exemplo de Calvino precisa fazer-nos lembrar quais devem ser os nossos principais objetivos. É muito fácil nos impressionarmos com os problemas exegéticos ou com as necessidades devocionais que percebemos; em ambos os casos, acabamos permitindo que a mensagem central e simples do texto tome uma posição secundária. Se, porém, tivermos em mente que não há motivo mais importante do que a edificação da igreja – sendo a base para isso o próprio ensinamento de Deus e não a nossa imaginação – nossos esforços permanecerão concentrados no significado histórico intencionado pelo autor bíblico” (Moisés Silva, Em Favor da Hermenêutica de Calvino: In: Walter C. Kaiser Jr.; Moisés Silva, Introdução à Hermenêutica Bíblica, São Paulo, Cultura Cristã, 2002, p. 246).

[6]“O significado das Escrituras é as Escrituras. Se você não interpretar a passagem corretamente, então você não tem a Palavra de Deus, porque apenas o significado verdadeiro é a Palavra de Deus” (John F. MacArthur Jr., Princípios para uma Cosmovisão bíblica: Uma mensagem exclusivista para um mundo pluralista, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p. 41).

[7] Doravante citada como CW.

[8]J. Calvino, Catecismo de la Iglesia de Ginebra: In: Catecismos de la Iglesia Reformada, Buenos Aires: La Aurora, 1962, Pergunta 6, p. 30; Karl Barth, The Faith of the Church: A Commentary on Apostle’s Creed According to Calvin’s Catechism, Great Britain, Fontana Books, 1960, p. 24.

[9]Veja-se: Catecismo Maior de Westminster, Pergunta 4. Calvino, escrevera: “É chocante blasfêmia afirmar que a Palavra de Deus é falível até que obtenha da parte dos homens uma certeza emprestada” (João Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.15), p. 98). Em outro lugar: “…. a Palavra do Senhor é semente frutífera por sua própria natureza” (João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, (1Co 3.6), p. 103).

[10]João Calvino, As Institutas, I.7.4.

[11]Cf. João Calvino, As Institutas, I.9.3. Veja-se B.B. Warfield, Calvin and Augustine, Michigan: Baker Book House (The Work’s of Benjamin B. Warfield), 2000 (Reprinted), v. 5, p. 79ss. Do mesmo modo Ware: “O Espírito e a Palavra são inseparáveis na economia de Deus, e Jesus dá um testemunho glorioso desta verdade. Devemos aprender de Jesus que sujeição ao Espírito e devoção à Palavra são companheiros indispensáveis” (Bruce Ware, Cristo Jesus homem: Reflexões teológicas sobre a humanidade de Jesus Cristo, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2013, p. 84).

[12] Do mesmo modo diz a Confissão Belga (1561), Art 5.

[13] Paulo Anglada, A Doutrina Reformada da Autoridade Suprema das Escrituras: In: Fides Reformata, São Paulo: Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, 2/2 (1997), p. 124-125.

[14]Ver: J. Calvino, As Institutas, I.7.5.

[15] João Calvino, Exposição de Hebreus, (Hb 4.12), p. 108.

[16]John Knox, The History of the Reformation of Religion within the Realm Scotland, Edinburgh: The Banner of Truth Trust, ©1898, 2000 (Reprinted), p. 280.

[17] Veja-se por exemplo: Stº Agostinho, A Doutrina Cristã, São Paulo, II.6, p. 67 de 211. (Kindle),

[18] Veja-se: A. Skevington Wood, Luther’s Principles of Biblical Interpretation,  London: The Tyndale Press, 1960, p. 21-24.

[19] D. Martyn Lloyd-Jones, As Insondáveis Riquezas de Cristo, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1992, p. 43.

[20] F.F. Bruce, Interpretação Bíblica: In: J.D. Douglas, ed. org. O Novo Dicionário da Bíblia, São Paulo: Junta Editorial Cristã, 1966, v. 2, p. 753. Veja-se também, J. Calvino, As Institutas, I.9.3; II.8.7. “Muito embora todo cristão seja participante do Espírito e, portanto, por ele guiado à verdade, parece que a revelação dos mistérios de Deus contidos nas Escrituras do Antigo Testamento era um dom apostólico, consignado aos autores do Novo Testamento como parte da inspiração divina para registrar infalivelmente a verdade de Deus” (Augustus Nicodemus Lopes, A Bíblia e Seus Intérpretes, São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 120).

[21] Confissão de Westminster, I.10.

[22] O conceito da “Teologia” como “reflexão”, é comum entre teólogos, mesmo de quadro de referência diferentes. O teólogo católico alemão Heinrich Fries (1911-1998), define a teologia como “scientia fidei” (“ciência da fé”) e “reflexão sistemática sobre a revelação” (H. Fries, Teologia: In: H. Fries, ed. Dicionário de Teologia, 2. ed. São Paulo: Loyola, 1987, v. 5, p. 300,302). O presbiteriano Leith, (1919-2002) conceitua: “Teologia cristã é reflexão crítica sobre Deus, sobre a existência humana, sobre a natureza do universo e sobre a própria fé à luz da revelação de Deus registradas nas Escrituras e, especialmente, personificada em Jesus Cristo, que é, para a comunidade cristã, a revelação final, isto é, a revelação definitiva, o critério para todas as outras revelações” (John H. Leith, A Tradição Reformada: Uma maneira de ser a comunidade cristã, p. 140).

[23]Em outro lugar escrevemos: “A Teologia Sistemática não reivindica para si o ‘status’ de detentora da verdade ou de infalibilidade; antes ela sabe que o seu vigor estará sempre na sua procura acadêmica e piedosa pela interpretação correta e fiel das Escrituras. A Teologia é uma reflexão interpretativa e sistematizada da Palavra, tendo como meta a compreensão e sistematização de toda a doutrina cristã, sendo portanto uma ciência ‘normativa’, cujo compromisso é com Deus e com a Sua verdade revelada. ‘A dogmática vai em busca da verdade absoluta’.” (Hermisten M.P. Costa, Teologia Sistemática: Prolegômena, São Paulo: 2008, p. 89).

[24]Berge (1895-1976), um estudioso de Heráclito, descreveu a função do intérprete, que, pode nos ser útil aqui. Diz o autor: “Interpretar é apreender o sentido depositado nas palavras do autor; é retirá-lo de sua reclusão e pô-lo, gradativamente, ao alcance do leitor, processo esse que, em geral, culmina num ensaio de tradução tão verbal como acessível” (Damião Berge, O Logos Heraclítico: Introdução ao Estudo dos Fragmentos, Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1969, p. 63).

[25] Stott coloca a questão nestes termos: “… Nada coloca o coração em fogo como a verdade” (John R.W. Stott, Cristianismo Equilibrado, Rio de Janeiro: CPAD., 1982, p. 62).

[26] J.I. Packer, O “Antigo” Evangelho, São Paulo: Fiel, 1986, p. 8.

[27] Colin Brown, Filosofia e Fé Cristã, São Paulo: Vida Nova, 1989, p. 36.

[28] Abraham Kuyper, Principles of Sacred Theology, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1980, p. 341ss.

[29]Vejam-se: Hermisten M.P. Costa, Teologia Hoje: Bíblica ou Ideológica?: In: Brasil Presbiteriano, julho/1984 p. 3 e O Fascínio do Descompromisso: In: Brasil Presbiteriano, outubro/1985, p. 5 e novembro/1985, p. 6.

[30]Edwin H. Palmer, El Espiritu Santo, Gran Bretaña, El Estandarte de la Verdad, [s.d.], p. 50.

[31] João Calvino, Exposição de Romanos, (Rm 10.16), p. 374. A vocação eficaz do eleito, “não consiste somente na pregação da Palavra, senão também na iluminação do Espírito Santo” (J. Calvino, As Institutas, III.24.2).

[32] Calvino comentando a respeito desta vida e da futura, diz: “… Esta vida, por mais que esteja cheia de infinitas misérias, com toda razão se conta entre as bênçãos de Deus, que não é lícito menosprezar” (Institutas, III.9.3). À frente, acrescenta: “E muito maior é essa razão, se refletirmos que nesta vida nos está Deus de certo modo a preparar para a glória do Reino Celeste” (Institutas, III.9.3). “….nossos constantes esforços para diminuir a estima por este mundo presente, não devem nos levar a odiar a vida ou a sermos mal agradecidos para com Deus. Se bem que esta vida está cheia de incontáveis misérias, não obstante, merece ser contada entre aquelas bênçãos divinas que não devem ser desprezadas” (João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, São Paulo: Novo Século, 2000, p. 62). “Porém, à vida presente não se deve odiar, com exceção de tudo o que nela nos sujeira ao pecado, este ódio não deve aplicar-se à vida mesma” (João Calvino, A Verdadeira Vida Cristã, p. 64). Do mesmo modo, ver Idem., Ibidem., p. 69 e 71.

[33]J.I. Packer, O “Antigo” Evangelho, p. 1ss., traça uma boa distinção entre o “Antigo” e o “Novo” Evangelho, mostrando que o “antigo” , buscava a Glória de Deus, enquanto o “novo” está preocupado em “ajudar” o homem. Em 1768, Booth (1734-1806) observara que a mensagem dos cristãos primitivos gerava a perseguição “porque a verdade que pregavam ofendia o orgulho humano (…) não dava lugar ao mérito humano” (A. Booth, Somente pela Graça, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1986, p. 9,10).

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