Tentando pensar e viver como um Reformado: Reflexões de um estrangeiro residente – Parte 7

3. O Deus que se dá a conhecer (Continuação)

 

D. A Revelação Especial de Deus

O conhecimento que Deus deseja que tenhamos dele, Ele o fez registrar nas Escrituras. Originalmente, Deus se revelou na Criação. Criação é sinônimo de Revelação: no Éden só havia um livro − o livro da Natureza. Todavia, com o pecado, a Natureza[1] também sofreu as consequências. Ficou obscurecida. Perdeu parte da sua eloquência primeva em apontar para o seu Criador (Gn 3.17-19).[2] E como parte do castigo pelo pecado, o homem perdeu o discernimento espiritual para ver a glória de Deus manifesta na Criação (Sl 19.1; Rm 1.18-23).

A revelação Geral que fora adequada para as necessidades do homem no Éden – embora saibamos que ali também se deu a revelação Especial (Gn 2.15-17,19,22; 3.8ss.) – tornou-se, agora, incompleta e ineficiente[3] para conduzi-lo a um relacionamento pessoal e consciente com Deus.

A Bíblia ou revelação Especial tornou-se necessária por causa do pecado. Por meio da História, Deus separou e preparou homens para que registrassem de forma exata e infalível os seus desígnios, sendo a Palavra de Deus escrita, dentre outras coisas, “o corretivo às ideias disformes que pode dar-nos a natureza em seu estado caído”, escreve Meeter.[4]

Por isso, só se considera adequada a revelação de Deus contida na Bíblia. Somente por meio das Escrituras, o homem pode ter um conhecimento de Deus livre de superstições.[5] E mais: O Deus que se revela só pode ser conhecido salvadoramente por meio de seu Espírito que atua naqueles que foram nascidos de novo pelo seu poder.

A Bíblia, como Palavra inspirada e inerrante de Deus, dá ao homem a resposta adequada às necessidades espirituais de que tanto carece, apontando para Jesus Cristo, o Deus encarnado (Jo 5.39) e para o poder de Deus. Nas Escrituras, encontramos a esperança da vida preparada, realizada e consumada pelo Deus Triúno (Rm 15.4; 1Jo 5.13).

A constatação da revelação de Deus gera em nós dois sentimentos: humildade e alegria. Humildade por sabermos que tudo o que temos e sabemos provém de Deus (Jo 15.5; 1Co 4.7; 2Co 3.5). Alegria, por ter acesso à revelação de Deus que é a verdade. Tais sentimentos, acompanhados do estudo da Palavra, devem conduzir-nos à adoração (Mt 4.10; Hb 13.15; 1Pe 2.9).

A Bíblia foi-nos confiada a fim de que, mediante a iluminação do Espírito Santo, sejamos conduzidos a Jesus Cristo (Jo 5.39/Lc 24.27,44), sendo Ele mesmo quem nos leva ao Pai (Jo 14.6-15; 1Tm 2.5; 1Pe 3.18) e nos dá vida abundante (Jo 10.10; Cl 3.4).

A Bíblia foi registrada e é preservada, para que cumpramos os seus preceitos, dados pelo próprio Deus (Dt 29.29; Js 1.8; 2Tm 3.15, 16; Tg 1.22). Ela foi-nos concedida para que conheçamos o seu Autor e, conhecendo-o, o adoremos e, adorando-o, mais o conheçamos (Os 6.3; 2Pe 3.18).[6] Por isso, escreve Packer, “ao estudarmos Deus, devemos procurar ser conduzidos a ele. A revelação nos foi dada com esse propósito e devemos usá-la com essa finalidade”.[7]

A Igreja como resultado da ação de Deus, por meio da Palavra, manifesta tais comportamentos, tendo ciência de que a meditação que faz na Palavra, guiada pelo Espírito, é uma tentativa de interpretá-la, a fim de proclamar e ensinar numa linguagem humana[8] a verdade que ela tem recebido pela graça de Deus. “A verdade é idêntica à graça”, resume Brunner (1889-1966) (Jo 1.17).[9]

A Teologia Reformada, recebendo a Bíblia como de fato é – a inerrante e autêntica Palavra de Deus –, reconhece ser ela a causa eficiente e instrumental da Teologia, sendo Deus, seu autor, a causa final. A Teologia busca sempre a glória de Deus, como objetivo máximo e final. Este objetivo é alcançado sempre em sua fidelidade à revelação. Portanto, embora admitindo a infalibilidade da revelação Geral – Deus se releva de forma “bilingue” − só consideramos a Revelação Especial como fonte da Teologia.

Desta forma, a tentativa de reconhecer a revelação Geral como fonte secundária da Teologia, está fora de cogitação. Para que isto aconteça, teríamos de interpretá-la à luz das Escrituras e, podemos observar também, que, qualquer tentativa de se criar uma fonte secundária, ou terciária de teologia (Os Catecismos, por exemplo), implica em admitir que a Bíblia precisa de um complemento, logo, ela é incompleta, ou insuficiente.

Como já demonstramos biblicamente, cremos que a revelação Geral tem o seu valor ilustrativo, contudo ela em nada acrescenta à revelação Especial e, aquela, só pode ser entendida corretamente, por aquele que mediante a iluminação do Espírito Santo entende a revelação Especial. Para este homem, a revelação Geral se constitui numa “republicação”, ainda que não cronológica, das verdades contidas nas Escrituras. Contudo esta “republicação” não é complementar, nem transforma vida. E, o que a Criação trata de forma estrita e apenas indicativa, a Escritura fala de forma ampla e demonstrativa.

Por outro lado, Kuyper (1837-1920)[10] nos chama a atenção para o fato de que não devemos considerar a revelação Especial ou a Escritura como fonte da Teologia (“fons theologiae”), tendo em vista que o termo “fonte” no estudo científico tem um significado muito definido. Em geral, denota uma área de estudo onde o homem, enquanto agente ativo, faz uma triagem para a sua pesquisa, como na Botânica, Zoologia e História. Neste caso, o objeto de estudo é passivo.

O homem é quem é ativo, e debruça-se sobre o fenômeno para extrair do objeto o conhecimento desejado. Assim sendo, usando o termo neste sentido, tem-se a impressão, de que o homem como agente ativo, pode se colocar sobre as Escrituras, para descobrir ou tirar dela o conhecimento de Deus, que ali está passivamente esperando o seu descobridor… Sabemos que isto não é verdade! Deus se revela ao homem e mais uma vez, ativamente fornece os meios para a compreensão desta revelação: o Espírito Santo. A Teologia, como vimos, é sempre o efeito da ação reveladora, inspiradora e iluminadora de Deus por meio do Espírito.

Os que estão em Cristo, têm o seu Espírito que nos ilumina[11] para podermos ter uma compreensão verdadeira das Escrituras. O pecado, ainda que tenha destruído a nossa percepção espiritual, nós a reencontramos em Cristo, como sempre, por pura graça.

Bavinck sintetiza

Todos os povos ou puxam Deus panteisticamente para baixo, na direção daquilo que é criado, ou o elevam deisticamente, colocando-o infinitamente acima da criatura. Em nenhum dos casos se chega a uma verdadeira comunhão, a uma aliança, a uma religião genuína. No entanto, a Escritura insiste em ambos: Deus é infinitamente grande e condescendentemente bom; Ele é soberano, mas também é Pai; Ele é Criador, mas também é Protótipo. Em uma palavra, Ele é o Deus da aliança.[12]

Deus não se deixa invadir pela razão humana, ou mesmo pela fé. Ele se dá a conhecer livre, fidedigna e explicitamente. Deus se revela a si mesmo como Senhor.[13] E “Senhorio significa liberdade”, pontua Barth (1886-1968).[14]

A douta ignorância faz parte essencial da fé genuína e sincera.[15] O conhecimento de nossa limitação não é inato, antes é precedido pela revelação. Em síntese: A consciência do mistério inescrutável de Deus a temos pela revelação.

Sem o desvelar-se de Deus não há teísmo, ateísmo nem agnosticismo. É no encontro significativamente pessoal com Deus que tomamos conhecimento de nossas limitações.[16]

Por isso, é que todo agnosticismo, a despeito de sua arrogante indiferença,[17] é uma forma de suicídio intelectual.[18] E, no campo teológico, o agnosticismo não difere essencialmente do ateísmo.[19] O agnosticismo não deixa de ser uma atitude confortável de indiferença e desprezo. Por isso, mesmo, tal atitude nada tem a ver com a fé cristã que nos fala de revelação, conhecimento e relacionamento pessoal.[20]

Sem revelação nada sei a respeito de Deus. Com a graça objetiva da revelação e o guiar interior do Espírito (Iluminação), é que passo a saber e a descobrir que não sei. É no conhecimento intensivo e experimental de Deus que vamos ampliando reverentemente o nosso conhecimento e descobrindo o quanto ignoramos.

Desse modo, sem revelação, o homem passaria toda a sua vida e estaria na eternidade sem o menor conhecimento de Deus por mais engenhosos que fossem os seus métodos, por mais sistemáticas que fossem as suas pesquisas, por mais que evoluísse a ciência e refinasse a sua lógica.

O homem nunca conseguiria chegar a Deus, ou mesmo à sua ideia: ignoraria eternamente a própria ignorância! Entretanto, Deus continuaria sendo o que sempre foi: o Senhor![21]

Todavia, graças a Deus, porque Ele soberanamente se revelou a si mesmo, para que possamos conhecê-lo e render-lhe toda a glória que somente a Ele é devida. Em Cristo, nós somos confrontados com o clímax e plenitude da revelação de Deus (Jo 14.9-11; 10.30; Cl 1.19; 2.9; Hb 1.1-4). “Tudo quanto diz respeito ao genuíno conhecimento de Deus constitui um dom do Espírito Santo”, declara Calvino.[22]

Lewis (1898-1963) escreve de forma perspicaz:

O ateísmo (…) é uma coisa por demais simplista. Se todo o universo não tem sentido, nunca descobriríamos que ele não tem sentido, do mesmo modo que, se não houvesse luz no universo, nem, consequentemente, criaturas com olhos, nunca saberíamos que era escuro. A palavra escuro seria uma palavra sem sentido.[23]

No entanto, Deus se revelou fidedigna e acessivelmente. “No Filho temos a revelação última de Deus. Da mesma forma como é verdade que quem viu o Filho viu o Pai, também é verdade que quem não viu o Filho, não viu o Pai”, escreve Hendriksen (1900-1982).[24] Jesus Cristo, a plenitude da graça encarnada, é a medida da revelação; o seu padrão e apelo final!

Bavinck (1854-1921) exulta:

A plenitude do ser de Deus é revelada nele. Ele não apenas nos apresenta o Pai e nos revela Seu nome, mas Ele nos mostra o Pai em Si mesmo e nos dá o Pai. Cristo é a expressão de Deus e a dádiva de Deus. Ele é Deus revelado a Si mesmo e Deus compartilhado a Si mesmo, e, portanto, Ele é cheio de verdade e também cheio de Graça.[25]

Deus também não é uma mera força impessoal sem nenhum sentido de racionalidade, antes, é o Deus transcendente e pessoal que se revela genuinamente, com quem podemos nos relacionar: ouvir, amar, temer, confiar e orar.[26]

A despeito das limitações de nossa linguagem, o termo pessoal, como contrastante do conceito de impessoal, creio fazer jus ao que as Escrituras nos revelam sobre Deus, enfatizando, também, que as forças impessoais são dirigidas por um Deus pessoal.[27]

Devido à própria revelação, a linguagem usada para Deus tem um caráter relacional, mostrando um Deus que se relaciona com o seu povo na história.[28] Deus não é apenas um princípio absoluto; uma categoria totalmente distante e inacessível. Antes, é uma Pessoa Absoluta que se revela. Aliás, é a partir do relacionamento de Deus com a Criação em geral e com o homem em especial, que torna possível a teologia.

A revelação é justamente isso, a passagem do Deus consigo para o Deus conosco. Do Deus absconditus  para o  Deus  revelatus. Aspectos do caráter de Deus se revelam em suas relações com suas criaturas.[29]

Como temos insistido, o nosso conhecimento pode ser real e genuíno, porém é fragmentado e limitado.[30] Contudo, devemos nos alegrar em poder conhecer. O Senhor não exigirá mais do que nos foi dado. Mas, o Senhor exige a nossa fidelidade no muito e no pouco.[31]

A despeito de nossas limitações, da loucura de nossa tentativa de pensar autonomamente, Deus, o Senhor glorioso e majestoso, torna-se conhecido por nós, paradoxalmente não pelos nossos esforços, mas, porque Ele graciosamente se dá a conhecer de forma acessível à nossa capacidade. As nossas especulações e induções são incapazes de nos conduzir ao conhecimento salvador de Deus.

Qualquer tentativa de analogia que pensemos em fazer para aplicar a Deus, é sempre tacanha, pobre e temerária. Por isso mesmo, a revelação de Deus sempre é uma autorrevelação consciente, majestosa e objetiva. Deus na expressão de sua natureza gloriosa, traz beleza variada e harmoniosa à Criação.

A nossa fé sempre encontrará seu fundamento na autorrevelação de Deus; a realidade absoluta de Deus com a qual Ele vem ao nosso encontro e nos confronta.[32] É pela revelação que conhecemos a incompreensibilidade de Deus. Ou seja: Por Deus sabemos da sua inesgotabilidade.

As Escrituras não tratam a Deus como um ser que se confunde com a matéria (panteísmo)[33] nem como uma divindade ausente, distante do mundo (deísmo),[34] como normalmente ocorre com o pensamento pagão ao longo da história. Antes, nos mostram tal qual Ele se revela.

O Deus das Escrituras é o Deus em quem podemos confiar, orar e nos conduzir por sua Palavra. Ele é fiel. Ele é o nosso Senhor.

Portanto, é a Palavra de Deus que deve dirigir toda a nossa abordagem e interpretação teológica, bem como de toda a realidade: o Espírito por meio da Palavra é quem deve nos guiar à correta interpretação da revelação. Na Escritura inspirada por Deus, que tem a Cristo como seu tema central, temos o nosso padrão e apelo final.

 

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

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[1] Para uma visão panorâmica e crítica a respeito dos diversos conceitos de Natureza, veja-se: Alister E. McGrath, A Ciência de Deus: Uma introdução à teologia científica, Viçosa, MG.: Ultimato, 2016, p. 49-72 (em especial).

[2] Veja-se: Hermisten M.P. Costa, Antropologia Teológica: Uma Visão Bíblica do Homem, São Paulo: 1988, p. 22-24. Groningen acentua: “O Senhor soberano julgou necessário revelar explicitamente a natureza de sua relação pactual com a humanidade. Ele fez isto antes do homem cair em pecado. Depois da queda, isto se tornou ainda mais necessário devido aos efeitos do pecado” (Gerard Van Groningen, revelação Messiânica no Velho Testamento, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1995, p. 63).

[3] Vejam-se: B.B. Warfield, Revelation and Inspiration: In: The Works of Benjamin B. Warfield, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1981, p. 7ss.; Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Prolegômena, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 1, p. 312ss.; William G.T. Shedd, Dogmatic Theology, Grand Rapids, MI.: Zondervan, [s.d.], v. 1, p. 66ss.). A revelação Geral é “tênue e obscura para a humanidade pecadora, e mesmo para a humanidade redimida” (Gerard V. Groningen, revelação Messiânica no Velho Testamento, p. 64).

[4] H.H. Meeter, La Iglesia y El Estado, p. 28.

[5]Vejam-se: João Calvino, As Institutas, I.6.4; João Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.15), p. 98 e Confissão de Westminster, I.1.

[6]Vejam-se: J. Calvino, As Institutas, I.5.10; J.I. Packer, O Conhecimento de Deus, São Paulo: Mundo Cristão, 1980, p. 26-35.

[7]J.I. Packer, O Conhecimento de Deus, p. 15. Veja-se: Gerard V. Groningen, revelação Messiânica no Velho Testamento, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1995, p. 63-64.

[8] Veja-se: Emil Brunner, Revelation and Reason, Philadephia: The Westminster Press, 1946, p. 3.

[9] Emil Brunner, Dogmática, v. 1, p. 167.

[10] Abraham Kuyper, Principles of Sacred Theology, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1980 (reprinted), § 56, p. 341ss.

[11]“O ensino de que a revelação é a única fonte de conhecimento de Deus e que somente pessoas espirituais podem conhecer e discernir as coisas espirituais também é um dogma, no pleno sentido da palavra – um dogma de importância fundamental” (Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Prolegômena, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 1, p. 210). Vejam-se: João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3, (III.7), p. 10-11; João Calvino, As Institutas, I.9.3; II.2.19; III.2.33; III.21.3; III.24.2; João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, v. 2, (Sl 40.8), p. 229; João Calvino, Salmos, São José dos Campos, SP.: Fiel, 2009, v. 4, (Sl 119.18), p. 184; John Calvin, Commentary on the Book of the Prophet Isaiah, Grand Rapids, Michigan: Baker Book House Company, (Calvin’s  Commentaries), 1996, v. 8/4, (Is 59.21), p. 271; João Calvino, O Evangelho segundo João, São José dos Campos, SP.: Editora Fiel, 2015, v. 2, (Jo 14.25), p. 109; João  Calvino,  Exposição de Romanos, São Paulo: Paracletos, 1997, (Rm 10.16), p, 374;  João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 2.11), p. 88-89; (1Co 2.14), p. 93; João Calvino, Sermões em Efésios, Brasília, DF.: Monergismo, 2009, p. 154; João Calvino, Exposição de Hebreus,  São Paulo: Paracletos, 1997, (Hb 6.4), p. 152,154; Abraham Kuyper, A Obra do Espírito Santo, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 113; D.M. Lloyd-Jones, O Supremo Propósito de Deus, São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1996, p. 230.

[12]Herman Bavinck, Dogmática Reformada, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 580.

[13]Ver: Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 181,186ss.

[14] K. Barth, Church Dogmatics, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 2010, I/1, p. 306.

[15] Ver: João Calvino, As Institutas, III.21.2; III.23.8.   Na edição de 1541, escrevera: “E que não achemos ruim submeter neste ponto o nosso entendimento à sabedoria de Deus, aos cuidados da qual Ele deixa muitos segredos. Porque é douta ignorância ignorar as coisas que não é lícito nem possível saber; o desejo de sabê-las revela uma espécie de raiva canina” (João Calvino, As Institutas da Religião Cristã: edição especial com notas para estudo e pesquisa, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, v. 3 (III.8), p. 53-54). Semelhantemente, François Turretini, Compêndio de Teologia Apologética, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 1, p. 647-648.

[16] Ver: Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 157, 159ss.

[17] “O Agnosticismo não é uma atitude de reverência, mas de indiferença” (Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 157).

[18] Cf. Cornelius Van Til, Epistemologia Reformada, Natal, RN.: Nadere Reformatie Publicações, 2020, v. 1, p. 7, E-book.  Posição 99 de 715.

[19] Cf. Gordon H. Clark, Em Defesa da Teologia, Brasília, DF.: Monergismo, 2010, p. 23.

[20]Vejam-se: Cornelius Van Til, Epistemologia Reformada, Natal, RN.: Nadere Reformatie Publicações, 2020, v. 1, p. 7; Emil Brunner, Dogmática, São Paulo: Novo Século, 2004, v. 1, p. 157.

[21]“Ainda que o mundo inteiro fosse incrédulo, a verdade de Deus permaneceria inabalável e intocável” (João Calvino, Gálatas, São Paulo: Paracletos, 1998, (Gl 2.2), p. 48-49).  Posteriormente, li em Piper: “Nem fúria nem violência, nem dúvidas sofisticadas ou ceticismo, tem qualquer efeito sobre a existência de Deus” (John Piper, O Legado da Alegria Soberana: a graça triunfante de Deus na vida de Agostinho, Lutero e Calvino,  São Paulo: Shedd, 2005, p. 125).

[22] João Calvino, Exposição de 1 Coríntios, São Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 12.3), p. 373.

[23]C.S. Lewis, A essência do Cristianismo autêntico, São Paulo: Aliança Bíblica Universitária, (1979), p. 21.

[24] William Hendriksen, O Evangelho de João, São Paulo: Cultura Cristã, 2004, (Jo 14.9) p. 657.

[25]Herman Bavinck, Teologia Sistemática, Santa Bárbara d’Oeste, SP.: SOCEP., 2001, p. 25-26. “Deus se revelou mais abundantemente no nome ‘Pai, Filho e Espírito Santo’. A plenitude que, desde o princípio, estava no nome Elohim, foi gradualmente desenvolvida e tornou-se mais plena e manifestamente expressa no nome trinitário de Deus” (Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 150).

[26] “A principal ênfase do cristianismo bíblico consiste na doutrina de que um Deus infinito e pessoal é a realidade final, o Criador de todas as outras coisas, e de que um indivíduo pode se aproximar do Deus santo com base na obra consumada de Cristo, e somente desse modo” (Francis A. Schaeffer, O Grande Desastre Evangélico. In: Francis A. Schaeffer, A Igreja no Século 21, São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 272).

[27] Veja-se: John Frame, Teologia Sistemática, São Paulo: Cultura Cristã, 2019, v. 1, p. 90-91.

[28] Cf. Terence Fretheim, Javé: In: Willem A. VanGemeren, org., Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento, São Paulo: Cultura Cristã, 2011, v. 4, p. 740-741; Gottfried Quell, ku/rioj, etc.: In: G. Kittel; G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, 8. ed. Grand Rapids, Michigan: WM. B. Eerdmans Publishing Co., (reprinted) 1982, v. 3, p. 1062-1063.

[29]Cf. A.H. Strong, Teologia Sistemática, São Paulo: Hagnos, 2003, v. 1, p. 21.

[30] Veja-se: Herman Bavinck, Dogmática Reformada: Deus e a Criação, São Paulo: Cultura Cristã, 2012, v. 2, p. 98, 110.

[31] Veja-se: Karl Barth, Esboço de uma Dogmática, São Paulo: Fonte Editorial, 2006, p. 10.

[32] Veja-se: Carl F.H. Henry, Deus, Revelação e Autoridade v. 2: Deus que fala e age – 15 teses – parte um, São Paulo: Hagnos, 2017, p. 232ss.

[33]Panteísmo [“Pan” (pa=n = tudo, todas as coisas) & “Theós” (qeo/j = Deus)], é a doutrina que ensina que não há nenhuma realidade transcendente e que tudo é imanente; por isso, Deus e o mundo formam uma unidade essencial, sendo, portanto, a mesma coisa, constituindo um todo indivisível; por isso a negação da transcendência de Deus visto que Ele se confunde com a própria matéria, sendo esta a própria manifestação de Deus.

A Bíblia não confunde Deus com a matéria; antes, afirma que Deus criou a matéria (Gn 1.1) e a sustenta com o seu poder (Cl 1.17; Hb 1.3). Esta distinção entre o Deus Criador e a criação é um ensinamento fundamental das Escrituras.

[34]Deísmo é uma denominação genérica das doutrinas filosófico-religiosas que surgiram em meados do século XVII, as quais, contrapondo-se ao “ateísmo”, afirmavam a existência de Deus; entretanto, negavam a Revelação Especial, os milagres e a Providência. Esse Deus é concebido preliminarmente como a causa motora do universo. Uma das ideias predominantes, era a de que um Deus transcendente criou o mundo dotando-o de leis próprias e retirou-se para o seu ócio celestial, deixando o mundo trabalhar conforme as leis predeterminadas. Uma figura comum ao deísmo do século XVIII era a do relógio de precisão que seria o equivalente ao universo que trabalha sozinho depois de se lhe dar corda. Neste caso, Deus seria uma espécie de relojoeiro distante, apenas observando a sua criação sem “intervir” em suas questões cotidianas. A conclusão chegada pelos deístas é a que as leis que regem o universo são imutáveis. O deísmo consequentemente atribui à Criação a capacidade de se sustentar e se governar por si mesma. Temos aqui um naturalismo autônomo.

Desta forma, Deus é um proprietário ausente, que não age diretamente sobre a Criação; a única relação existente entre o Criador e a Criação, dá-se por meio de suas leis deixadas, as quais regem o universo de forma determinista. Deus seria regente do universo “apenas de nome”. O deísmo não deixa de ser um ateísmo prático visto que Deus não é considerado de forma concreta na vida de seus adeptos. Deus sai do cenário real e concreto, mas, o destino e o acaso terminam por ser entronizados. (Para maiores detalhes sobre o panteísmo e o deísmo, vejam-se: Hermisten M.P. Costa, O Homem no teatro de Deus: providência, tempo, história e circunstância, Eusébio, CE.: Peregrino, 2019, p. 96-101).

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